O MacGuffin: maio 2011

terça-feira, maio 31, 2011

O último episódio

segunda-feira, maio 30, 2011

E agora o Dylan na versão Marshall

A querrrida ideia de «União Europeia»

Ferreira Fernandes (no DN):
A guerra do pepino


Carlos Magno, o pai da Europa, fez o império que forma hoje o essencial da União Europeia. E essa Europa a que Carlos Magno deu corpo bebeu na ideia de seu pai, Pépin le Bref (715-768). Vai em francês o nome porque a tradução que lhe fizemos ficou durante séculos envolta em mistério. Sobre o cognome não há controvérsia, também é Breve em português, por o grande rei franco ser baixote. Mas, então, porque não lhe chamamos Pevide, que é o quer dizer Pépin em francês, tão apropriado a quem semeou a Europa? No entanto, Pevide, o Breve, aparece nos nossos livros de História como Pepino, o Breve. Não sendo uma cucurbitácea, o pepino das nossas hortas (que em francês se diz 'concombre'), por que lhe abusamos o nome e lhe desvirtuamos o destino? Foi um mistério de séculos. Até estes dias, quando a Europa que Pépin ajudou a construir pode ruir por causa do pepino. Um surto de pepinos contaminados assusta a Alemanha (já há dez mortos) e com toda a arrogância de godos que não lavam a salada, os alemães desataram a atacar os espanhóis dizendo que a hortaliça veio da Andaluzia. Reacção do Governo de Madrid, ontem: "A suspeita é uma irresponsabilidade e uma selvajaria." Pode parecer uma guerra do alecrim não fosse esta salada demonstrar um diferendo Norte-Sul europeu cada vez mais insanável. Com aquele jeito tão nosso de adivinharmos sem perceber, andamos há séculos a prevenir que o pepino ia acabar mal.

domingo, maio 29, 2011

Jornalismo 'in action'




Há que reconhecer: o Sr. Eng. é um prato. Quando alguém o confronta com um relatório que contrasta com a «narrativa» da propaganda (e.g. o BdP) ou com uma opinião crítica (e.g. o Financial Times), o Sr. Eng. põe a sua cara n.º 24 (a de «inocente») e afirma «não conhecer». Mas por uma vez, nesta entrevista, ele foi sincero e reconheceu a diferença: realmente, o Banco de Portugal é uma entidade independente. Isso faz toda a diferença.

O problema do acordo

Leio em parangonas, no Público: «O problema do acordo é ser muito economicista». A frase é de António Costa, destacado dirigente socialista e presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

O Sr. Antunes pede a um arquitecto «Sr. Arquitecto: não suporto a casa onde habito. Importa-se de me apresentar um projecto de remodelação do pardieiro?» O arquitecto pede pistas: «Uma coisa leve ou uma coisa à seria, Sr. Antunes?» «De alto a baixo, Sr. Arquitecto, de uma ponta à outra!» «Com certeza, Sr. Antunes.» Passado um mês, o arquitecto apresenta o projecto. O Sr. Antunes observa-o e afirma não estar convencido. «O problema deste projecto, Sr. Arquitecto, é ter muito desenho e muita estrutura.»

«O problema do acordo é ser muito economicista». A frase é lapidar. Eis um bom epíteto para o socialismo: «a gestão do dinheiro é muito economicista». Bem lá no fundo, o que pensa o Dr. António Costa e a generalidade dos socialistas não propriamente versados em Economia e Finanças Públicas, é mais ou menos isto: essa coisa de nos virem salvar da bancarrota e ainda por cima exigirem a devolução do dinheiro que nos emprestaram, é uma grande chatice. O socialismo adora «injectar» dinheiro na economia, através do investimento público e da conservação do seu querido «Estado Social», mas dá-se mal com o embolso e o saneamento. O ónus desse incómodo acaba recaído, mais tarde ou mais cedo, sobre a ralé. As causas desta mentalidade provêm de um preconceito: o enfoque no público, em detrimento do privado. Dito de forma simplista, entre: a) dotar o país de condições e instrumentos que permitam que os cidadãos, individualmente ou sob associação (vulgo empresas), «produzam riqueza» (um conceito muito confuso na cabeça de um socialista) de forma sustentada; e b) achar que cabe ao Estado o papel de motor da Economia (como empregador, investidor, dono de obras, etc.), o socialista não hesita. Tudo o que vier do Estado, no âmbito de uma estratégia «integrada», «global» e «a longo prazo», é uma bênção, uma panaceia, um seguro de vida colectivo. Há-de sempre haver quem pague a conta.

«O problema do acordo é ser muito economicista» é a típica frase de quem ainda não se deu conta do que se passou («bancarrota» é apenas uma palavra feia) e não vê com bons olhos aquilo que os «tecnocratas» parecem pretender: que Portugal pague as contas, que os governos percebam que o dinheiro tem de ser correctamente gerido, que o Estado não pode continuar ao serviço de agendazinhas ideológicas financeiramente insustentáveis e, finalmente, que a contumácia tem de acabar.

sábado, maio 28, 2011

Gill Scott-Heron 1949-2011

Ok, vamos lá ser totalmente honestos

Nos últimos dois meses, o meu pai ligou-me por três vezes no final do programa Quadratura do Círculo (SIC-N), para comentar o dito. Em particular, o «desempenho» de Pacheco Pereira. Sempre vi, desde que me lembro, o meu pai concordar obstinadamente e, se necessário fosse, defender de forma firme José Pacheco Pereira (JPP). Mas, desta vez, os telefonemas foram no sentido contrário. Uma das vezes, foi mesmo proferida a palavra «revolta» (coisa séria, portanto). A razão? A forma como o militante e deputado do PSD baixava a guarda em relação a José Sócrates e «perdia tempo» a criticar a actual direcção do PSD. Sintomático?

Vem isto a propósito da última celeuma que o país enfrenta (como sabeis, este país sem celeumas ainda é menos recomendável): Pedro Passos Coelho (PPC) acusou JPP de o atacar. JPP, por seu turno, fez-se de vítima no último Quadratura do Círculo (achou injusta, infundada e no limite da ofensa, a acusação), puxando, en passant, os galões de feroz anti-socrático. Como é habitual, esteve bem.

Sobre o assunto, três (espectaculares, como é meu apanágio) comentários.

O primeiro: mesmo que o sentisse, PPC não o devia ter dito. Revelou inabilidade política e falta de poder de encaixe (ter-se-á esquecido do que disse de Manuela Ferreira Leite em 2008/2009?). O «quem não se sente, não é filho de boa gente», não é para aqui chamado (um aforismo, aliás, muito falível). Ao revelar-se melindrado pelo que tem dito JPP, PPC abriu caminho a que se fale abertamente das razões dessas mesmas críticas, dando a azo a que se diga que, incapaz de, como o afirmou num frente-a-frente, «compreender» por que razão o PSD não descolava nas sondagens, anda já na senda dos bodes expiatórios. Comentário desnecessário. Ponto.

O segundo: JPP, como pessoa dotada de um intelecto não propriamente mediano e mesmo ciente (tal como, suponho, PPC) de que, regra geral, a crítica é também uma tentativa de tornar plausível um preconceito, sabe perfeitamente do que fala PPC. Sim, é verdade: JPP tem sido febril e pontualmente brilhante na forma como tem desmontado o mundo baldio e matreiro de Sócrates. Mas não é menos verdade que tem sido incapaz de disfarçar o seu distanciamento – pessoal e político – do presidente do seu próprio partido. Dir-se-á que tem pecado por um excesso de zelo no que respeita a aplicação do princípio da honestidade intelectual, renunciando ao seguidismo meio acéfalo, meio acrítico que, por exemplo, António Costa (que é, na mesma medida de JPP, militante de um partido) faz questão de consumar (e aparentemente sem problemas de consciência). De acordo. Mas quem analisa a postura de JPP, hoje, e a postura de JPP em 2009, certamente notará diferenças, sendo que em 2009, JPP emudeceu sempre que a discussão envolvia os «tiros nos pés» de Manuela Ferreira Leite.

O terceiro: a postura de JPP, quando comparada com a de António Costa (abstenho-me de falar no caso patológico-burlesco de Emídio Rangel), leva uma imensa vantagem: a da honestidade intelectual, ainda que por entre algum malabarismo de origem sectária. Dito de outra forma: é mil vezes preferível a voz de um homem livre, ainda que afectado por um preconceito em relação a um terceiro, do que a voz de um homem agrilhoado a uma lógica de defesa inapelável e canídea do chefe do partido a que pertence (daí ter sido patética e tonta a forma como António Costa defendeu JPP). Mas a postura do primeiro, sendo ele «militante» (que também contém o sentido de «soldado») de um partido e estando a viver-se uma renhida e acesa corrida eleitoral, contém uma dimensão não de aleivosia (porque não creio que PPC tivesse depositado alguma fé em JPP), mas de um módico de deslealdade orgânica que, perante o superlativo objectivo de se tentar pôr termo ao reinado de um homem que prejudicou grandemente o país e afundou uma ideia civilizada e honesta de fazer política, não dissipa uma sensação de incómodo. Um incómodo que não se vive nas hostes socialistas, onde haveria, e há, incomensuravelmente mais razões para a crítica inter pares, mas onde se sintetiza (à excepção de Manuel Maria Carrilho) um por vezes patético ideal de unidade. Mas, por sinal, eficaz.

Ter vergonha do primeiro-ministro do meu país

quinta-feira, maio 26, 2011

Da desonestidade e da indigência argumentativa

Uma jornalista da Rádio Renascença decidiu, por sua iniciativa, interpelar Pedro Passos Coelho sobre a possibilidade de haver novo referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG), dado persistir na sociedade portuguesa um debate sobre essa matéria (com petições à mistura).

Pedro Passos Coelho disse que a lei do aborto deveria ser avaliada: «precisamos de fazer, tal como aliás está previsto, uma reavaliação dessa situação» (sic). De seguida, Pedro Passos Coelho recordou à jornalista da RR que esteve «há muitos anos do lado daqueles que achavam que era preciso legalizar o aborto - não era liberalizar o aborto, era legalizar a interrupção voluntária da gravidez -, porque há condições excepcionais que devem ser tidas em conta» e não se deve «empurrar as pessoas que são vítimas dessas circunstâncias para o aborto clandestino» (sic). Prosseguiu: «A ideia que eu tinha era que talvez se pudesse cair numa espécie de liberalização, em que muitas das mulheres que se vêem confrontadas com essa necessidade acabam por se confrontar com problemas ainda mais graves do que aqueles que motivaram a sua decisão drástica de pôr fim a uma gravidez». E concluiu: «Temos de reavaliar essa situação, não no sentido de voltar a cara a esses problemas, de ter qualquer intolerância em relação a isso, mas para poder ajuizar se se foi até onde se devia ter ido ou se se foi um pouco longe demais». Pelo meio, deixou no ar a ideia de que não se deve pôr de parte a ideia de um novo referendo (explicando mais tarde que os políticos não são donos da democracia), embora: 1) seja necessário primeiro avaliar a aplicação da lei; 2) um novo referendo não faça parte do programa do PSD.

Perante isto, José Sócrates acusou Pedro Passos Coelho de: 1) querer voltar ao tempo da criminalização do aborto; 2) mudar de opinião; 3) esconder a intenção de um novo referendo.

Comentários?

quarta-feira, maio 25, 2011

"Sr. Vítor, ponha na nove"

Bravo, bravo

Do grande Luís Afonso (no Público):

terça-feira, maio 24, 2011

Quando é que nos livramos disto *?

"Governo adiou despesa pública para melhorar défice"
"A unidade técnica que dá apoio ao Parlamento diz que o Governo adiou o pagamento de despesas durante o primeiro trimestre."

* disto: da mentira, da auto-ilusão, da manhosice saloia.

Bookmobile, 1937

segunda-feira, maio 23, 2011

What the finns and everybody really should have know about Portugal

Alberto Gonçalves, na Coluna de Som:

Assim se vê a máquina do PS

domingo, maio 22, 2011

The Count Five

Posso estar enganado

O Tiago Moreira Ramalho não consegue alcançar o conceito de «ganhar debates». E diz: «Um debate não se ganha nem se perde porque um debate é um confronto de ideias e não há ideias vitoriosas e ideias perdedoras». É uma forma de ver as coisas. Bem arrumadinha. Politicamente correcta. Até se pode, eventualmente, dizer: não há ideias boas nem más, apenas ideias. Outra forma de colocar as coisas é: ganhar um debate é ser mais persuasivo, claro e intelectualmente honesto. Ganhar um debate é, por exemplo, desmontar os argumentos supostamente infalíveis do oponente e pôr a nu a fraqueza dos que lhe restam. Ganhar um debate é colocar um número significativo maior de pessoas - de comentadores ao «homem comum» - a dizer «fulano tal foi melhor». Mas posso estar enganado. E concordo com o final: aquela vitória pode significar nada ou coisa nenhuma.

Da mentira


Well...

Kruger

Isto tem doze anos


(em bom rigor, esta versão)


(esta, por exemplo, tem 44 aninhos)

Ainda o debate

Sobre o debate da passada sexta-feira, diz Inês Pedrosa (ao Correio da Manhã): «Claramente ganha Sócrates, porque consegue dizer mais em menos tempo. Passos Coelho adoptou uma estratégia de ataque, mas não apresentou programa.»

Qualquer criatura provida de um intelecto não engajado politicamente na encantatória, embora patética, «narrativa» do PS («narrativa» alcançou o mesmo estatuto de «assertiva», «urdidura», «janela de oportunidade» e «zona de conforto»), jamais poderá dizer que Sócrates ganhou o debate. Posso respeitar, ainda que a muito custo e ressalvando que «respeitar» não é sinónimo de «concordar», que se diga: houve um «empate». Afirmar que «Sócrates ganhou claramente» pertence já ao restrito e selecto campeonato dos suicidas. Neste caso, já não se está na presença de engajamentos ou de cedências à ladainha confrangedora do ainda primeiro-ministro. Trata-se de abraçar o harakiri intelectual como forma expedita de desprendimento em relação à realidade e à verdade (género «não quero saber do assunto e quero que todos morram»). Ou, nos casos mais benignos, de gozar com «tudo isto» («tudo isto» significa «o país» mais as suas proeminentes figuras). Se for este o caso, devo avisar a escritora Inês Pedrosa de que conseguiu arrancar-me uma gargalhada - o que, por estes dias, já não é mau. Se não for esse o caso, aconselho a escritora Inês Pedrosa a não exagerar em Fernando Pessoa. De tão enfronhada está, já nem o mostrengo consegue ver.



CESOP/Católica, 21 Maio, N=659, Tel.


Quem esteve melhor no debate?
Passos Coelho: 46,4%
José Sócrates: 33,9%
Empate: 12,7%
Ns/Nr: 7%


O debate contribuiu para definir o seu sentido de voto?
Não: 59,3%
Pouco: 8,6%
Contribuiu ou contribuiu muito: 32%


Quem apresentou as melhores propostas...
Para relançar a economia?
PPC: 50,5%
JS: 25,3%
Ns/Nr: 24,1%


Na saúde?
PPC: 44,6%
JS: 32,2%
Ns/Nr: 23,2%


Para melhorar a vida dos portugueses?
PPC: 47,8%
JS: 23,1%
Ns/Nr: 29,1%

Master





sábado, maio 21, 2011

Seria hilariante se não fosse vergonhoso (e vice-versa)

Da dislexia jornalística:

Livrai-nos dele(s), Senhor

Pedro Passos Coelho esteve bem. Ganhou o debate. E a prova disso foi o facto de José Sócrates ter insistido na mais indigente e infantil colectânea de argumentos políticos de que há memória na democracia portuguesa, e que constitui o «core business» da sua campanha: «a culpa não foi minha (foi dos mercados e da crise «internacional»), eu fiz o meu melhor, eu dei o meu melhor, vocês só sabem dizer mal, dizer mal do governo prejudica o país.»

(A campanha do PS resume-se a isto. Nada mais. O PS não fala do seu programa porque o Programa Eleitoral do PS, como peça de vacuidade, ignora grosseiramente a realidade. É um não-programa. O PS não discute o país porque a realidade - os factos políticos, os indicadores económicos e sociais, as restrições e objectivos orçamentais - é avassaladora. A estratégia foi montar uma farsa e apostar no medo: o PS é pelo «Estado Social» (apesar de, como disse Passos Coelho, historicamente os governos de José Sócrates terem sido os que mais cortaram no «Estado Social»), o PSD é contra o «Estado Social». Pelo caminho, José Sócrates está empenhado em disfarçar o que acordou com o FMI, o BCE e a CE. José Sócrates fala como se nada fosse para valer.)

José Sócrates é incapaz – porque é contrário à natureza totalitária da sua (arrogante) presunção – de um acto de expiação, de um mea culpa, de um módico de humildade. Após seis anos de governo e com o país na bancarrota, José Sócrates é a face mais visível do arrivismo político que tem vindo a minar o Partido Socialista (e que pena é que um jovem político inteligente como João Galamba, se tenha deixado contaminar, resumindo-se a uma versão lo-fi do grande líder). O secretário-geral do Partido Socialista transpira pesporrência por todos os poros (com Pedro Passos Coelho, como pessoa educada e leal a debater, a transmitir o contrário). Isso nota-se a uma grande distância. E cada vez mais. O debate de ontem é bem capaz de ter sido o ponto de viragem. A máscara estava por um fio. Ontem, caiu com grande estrondo.

PS: Logo a seguir, no Expresso da Meia Noite (SIC-N), a jactância e a sobranceria políticas marcaram novamente presença. Desta vez pela mão de Augusto Santos Silva (le petit Beria), secundado pelo aspirante Pedro Marques. Uma palhaçada inenarrável.

Da moral "Gelatina Royal"

Em Nova Iorque, um homem foi preso por alegadamente ter violado uma mulher. A vítima fez queixa à polícia e a polícia tratou do assunto, como lhe competia. Perante a acusação e os factos, um juiz de direito considerou haver ali matéria para prosseguir com o processo, tendo o alegado agressor sido formalmente acusado de sete crimes sexuais. O alegado agressor foi colocado em prisão preventiva, como prevê a lei. E também como prevê a lei, vai ter direito a defender-se da acusação e a provar a sua alegada inocência. Entretanto, a defesa do alegado agressor, também com base na lei, tentou que o juiz o libertasse sob caução. Na primeira audiência, o juiz afirmou que «ninguém seria libertado até que todas as condições fossem satisfeitas». Após uma segunda audiência, o juiz acedeu a libertar o acusado sob caução, uma vez satisfeitas as condições. Dia 6 de Junho, o alegado agressor regressará ao tribunal para uma de duas coisas: declarar-se inocente ou declarar-se culpado. Se se declarar inocente, o processo continua.

Até aqui, nada de novo. Tudo está a ser feito como mandam as regras do Direito Penal norte-americano, um dos mais desenvolvidos do mundo. Há, por isso, que esperar que processo leve o seu rumo.

O que há de novo, ou de diferente, nesta história é o facto do alegado agressor se chamar Dominique Strauss-Kahn. Esta novidade trouxe à superfície o velho relativismo e a velha hipocrisia das finíssimas e sofisticadas consciências europeias. De repente, passou-se a discutir o acessório: que DSK está a ser alvo de descriminação por ser quem é (rico, «poderoso» e, last but not least, «franciú»); que havia interesse em «tramá-lo»; que os EUA são um país «moralista», incapaz de perceber quer a complexidade das relações homem/mulher, quer a margem de tolerância e de liberdade numa relação, «tudo indica», consentida; que podemos estar na presença de uma senhora oportunista que se fez de vítima para sacar dinheiro e fama (como já vi por aí escrito: DSK nem arranhões tinha na cara e a «gaja» tem 1,82m).

Pobre e triste Europa, onde a «aristocracia» continua beneficiária líquida da complacência do «povo» (que perante as elites é invadido de mixed feelings…). Há homens e Homens, claro. É bom não esquecer. Os EUA é que insistem no erro de pensar que os cidadãos são iguais perante a lei.

PS: Pelos vistos, boa parte dos encanitamentos que por aí pululam, têm que ver com o facto dos 'media' terem exposto publicamente a figura de DSK algemado, rodeado de polícias, a entrar no tribunal, dentro do tribunal, etc. Curioso. Sobre Renato Seabra, filmado até com o uniforme prisional laranja, a generalidade das almas que agora se sentem «chocadas» nada disseram. Como nada disseram no passado, quando Michael Jackson foi detido, ou OJ Simpson, ou Madoff, ou etc. Parecem ter descoberto, agora, como funciona o sistema judicial norte-americano e como é levada a cabo a respectiva cobertura noticiosa. Esquecendo, aliás, um pormenor essencial: nos EUA, estas imagens são muitas vezes instrumentais. Por um lado, transmitem a ideia de que ninguém, nem os ricos e poderosos, estão acima da lei; por outro, são consideradas como dissuasoras. «Do you want to end up like that? No? Then, do the right thing.» É assim que as «coisas» funcionam nos EUA. Quem não gostar, paciência.

quinta-feira, maio 19, 2011

quarta-feira, maio 18, 2011

E, de repente, um carro automóvel


The Growler 'Jaguar E-Type' Concept Car (very) Limited Edition

segunda-feira, maio 16, 2011

Não, espera: a frase não contém comparações com nazis e assim, pois não? Então está tudo bem.

Eduardo Ferro Rodrigues: «A direita é sempre a direita dos interesses e da mentira».

Pode ser que Fernanda Câncio repudie esta forma de fazer política. Não tão veementemente, mas ainda assim repudie.

Isto anda tudo um pouco trocado

O PS ataca o PSD. O CDS ataca o PSD. O PSD ataca o CDS. O PS elogia o CDS. No meio de tudo isto, há uma evidência claríssima: ninguém sabe o que é, ou discute, o programa do PS. O PS passeia-se alegremente pela política como se tivesse estado na oposição e como se não tivesse que explicar o seu programa e as suas intenções para os próximos anos. Quem dos céus descer à terra e aterrar, por estes dias, no virtuoso e possante quintal lusitano, deparar-se-á com o seguinte cenário: um partido herói e vitimizado apelidado de Socialista, liderado por um bravo com nome de filósofo, tenta atacar os partidos responsáveis pela bancarrota do país e pelo desgoverno dos últimos… bem, de sempre. Pelo caminho, um rapaz chamado Passos Coelho, cordato nos modos e incapaz de um berro ou de um esgar de tumulto, ladeado por um bando de tontos, tenta defender-se o melhor que pode (no essencial pouco e mal) dos ataques do bravo líder socialista. O líder do partido do Centro Democrático Social, aproveita a complacência do rapaz Passos Coelho para lhe puxar as orelhas, já que o eleitorado do dono das orelhas é, digamos, apetecível.

O que eu vaticino é simples e claro como a melhor água potável: ou o rapaz Passos Coelho prega um murro na mesa, faz voz grossa ao «grande líder» com nome de filósofo (à moda de Louçã) e explica de forma clara aos portugueses o que pretende, ou está l-i-x-a-d-i-n-h-o. E não é para começar amanhã. É ontem.

Dr. Passos Coelho: visione por favor

sábado, maio 14, 2011

E assim é


José Sócrates pode ter feito a mais vergonhosa declaração ao país dos últimos anos (quando anunciou o acordo com a troika); pode deturpar o que está escrito no programa do PSD (de uma forma inaceitável para quem se propõe debater «com elevação»); pode insistir em argumentos mais vazios do que o bolso de um pedinte («eu fiz o meu melhor», «eu dei o meu melhor»); pode fazer truques de malabarismo com as palavras por ele proferidas («eu nunca disse que não governaria com o FMI»); pode continuar a prometer que vai fazer o contrário do que está acordado no memorando; pode fingir que não acordou com a troika uma assinalável redução da TSU e um vasto programa de privatizações («radicais» são os outros); pode insistir na história de que a bancarrota chegou do estrangeiro, numa terrível noite de inverno, a convite e com o beneplácito da oposição, ou que o endividamento é coisa dos últimos dois anos (também por culpa da «crise internacional») ou, ainda, que as correcções ao défice se ficaram a dever a alterações «metodológicas» de última hora e nunca às PPP e a outras manobras de desorçamentação; pode fazer de conta que não esteve no governo do país nos últimos seis anos; pode bancar o sonso que não conhece os artigos do FT; pode fingir que o despedimento de funcionários públicos por não pertencerem ao PS, ou de jornalistas por não obedecerem às ordens do governo, não é nada com ele; pode insultar a inteligência alheia quando afirma, agora, depois de em 2009 ter dito «o orçamento de Estado de 2009 é para ajudar as familías e as empresas, que «o desemprego é o preço a pagar pela consolidação orçamental». Pode fazer tudo isto e o mais que lhe aprouver. Ninguém investiga, põe em causa, confronta, desmonta. O que interessa é o «pintelho», é a comparação com Hitler (mesmo que restrita ao poder encantatório das massas), é o suposto «ziguezaguear» da oposição e, claro, as «pastas vazias». Quando o PSD fala, uma bateria de críticos ligados ao aparelho e ao partido do governo (nalguns casos em pose raivosa), aliada a uma fornada de «especialistas» a convite dos órgãos de comunicação social (com a TSF e a RTP à cabeça), enxameiam o éter para desmontar a «falta de experiência» do líder da oposição e as propostas «irrealistas» do mesmo. O passado, mesmo o recente, é um país estrangeiro. E do estrangeiro só queremos dinheiro. Não conversa chata. Que tudo fique na mesma, por favor. Não é tempo de mudança.


Quem não é do PS, leva

domingo, maio 08, 2011

What The Fins Need To Should Also Know About Portugal


After the bailout, the Portuguese get ready to re-elect the prime-minister that drove the country to bankruptcy.

Quem se coloca muito a jeito só tem que arranjar poder de encaixe

Num país pejado de conferências de imprensa, comunicações ao país e entrevistas de políticos mangas-de-alpaca, «legitimamente» eleitos pelo bom povo mas que muito devem à mediocridade, não deixa de ser curioso que Pacheco Pereira se tenha sentido fortemente incomodado com a conferência de imprensa dos «funcionários» ou «burocratas» da troika. É a velhinha dicotomia políticos-democraticamente-eleitos-que-representam-o-país (gente intrinsecamente nobre a quem devemos reverencial respeito) vs. burocratas-não-eleitos-que-representam-organizações-não-soberanas (gente mesquinha, apolítica e o mais das vezes representando interesses vis), agravada pela desvalorização de um facto: os senhores «burocratas» estiveram em Portugal como representantes de três organizações que, entre outras coisas, vieram «só» salvar o país da bancarrota. Aliás, após o visionamento do último Quadratura do Círculo, seria bom que Pacheco Pereira pusesse de parte o asco a Passos Coelho e desviasse o seu incómodo para os culpados da presença dos ímpios «burocratas». A haver humilhação, não se culpe o mensageiro.

sábado, maio 07, 2011

Couves



Where're you looking at, Don?

I took some chicken

sexta-feira, maio 06, 2011

Coisas que têm de ser ditas até à exaustão IV

Kirsten

Sidebar

Reformulação da listinha de blogues, na sidebar. Novas entradas, actualizações, alguns regressos e a trasladação dos falecidos que deixaram saudades para o Panteão. Nas novas entradas, registo duas: Ouriquense e Mar Salgado. Explicar por que carga de água dois blogues que leio diariamente (e com prazer) nunca marcaram presença na barra lateral, é tarefa impossível. Nem eu sei explicar.

Coisas que o jornalismo tuga, em nome da sua própria dignidade, deveria investigar (e eu gostaria de saber)

Quem sussurrou aos senhores jornalistas as «mais que certas» medidas que a troika iria impor, as quais, sabe-se agora:

a) nunca estiveram em cima da mesa das negociações;
b) foram usadas pelo senhor primeiro-ministro na (vergonhosa) comunicação ao país, em registo de brilharete do governo por nos ter livrado das mesmas.

Coisa que têm de ser ditas até à exaustão III

Henrique Neto (socialista), no Diário de Leiria:
«Estando certo de que José Sócrates foi o pior primeiro-ministro depois do 25 de Abril, aquele que objectivamente mais fez para arruinar Portugal, não poderia, por respeito próprio, acorrer com a minha acção para prolongar a agonia. (...) Ficaria de mal com a minha consciência, as minhas convicções e o meu conhecimento da realidade, esquecer tudo o que se passou ao longo dos últimos seis anos, a favor de um sentimento de pertença partidária. (...) [D]o ponto de vista do interesse nacional é perigoso manter os mesmos que nos conduziram até aqui durante mais uma legislatura. Portugal não resistiria durante mais tempo à mesma receita. (...) Portugal está a viver um dos piores períodos da sua história e enquanto outros países da Europa e do mundo avançam e se desenvolvem, o nosso Pais está falido e os portugueses a ficar mais pobres cada dia que passa. (...) São estas algumas das razões porque, pelo menos para mim, apoiar quem nos colocou nesta situação está fora de questão e não faz qualquer sentido.»

quinta-feira, maio 05, 2011

Coisas que têm de ser ditas até à exaustão II

Coisas que têm de ser ditas até à exaustão I

No Diário de Notícias:
«O líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, acusou o primeiro-ministro de sofrer de "cobardia política".


Isto porque Sócrates se dirigiu ao País há dois dias a anunciar o que ficou de fora do acordo com a Troika, escondendo o resto, e não assumindo as suas responsabilidades.


No caso do primeiro-ministro é cobardia política. Dirigir-se ao País a dizer o que ficou de fora é não assumir as suas responsabilidades, disse na reunião da Comissão Permanente, no Parlamento.


O primeiro-ministro escondeu que o desemprego vai subir até aos 13%, escondeu a tributação dos apoios sociais, escondeu os cortes no subsídio de desemprego, escondeu o aumento do gás e da electricidade, acrescentou.


Macedo insistiu que o desgoverno socialista deixou o país à beira da bancarrota. O Governo gastou até ao ultimo minuto e escondeu até ao ultimo segundo. Depois de reafirmar o apoio do PSD ao programa, citou os representantes internacionais para dizer que o Governo devia ter pedido ajuda mais cedo.»

Mas não: o FMI era «teguível» e o país um brinquinho

Queremos mais farsa?

Os portugueses – os mais atentos – acordaram hoje, pouco a pouco, para a realidade: afinal, a comunicação de José Sócrates no intervalo do jogo Barcelona-Real Madrid, não passou de um vergonhoso discurso de campanha política. Há, afinal, medidas. Duras. Extensas. Que podem ser alvo de correcção – leia-se de agravamento – à medida que se forem aferindo os desvios, digamos, «negativos».

A pergunta a que os portugueses deveriam, neste momento, responder, é esta: vale a pena votar no homem que nos trouxe até aqui e que até no solene momento do encerramento do acordo, tentou mascarar a realidade? O grau de maturidade política de um povo passa, também, por aqui: por saber desmontar a farsa política que o primeiro-ministro do país insiste em levar à cena.



PS: Eduardo Pitta, a versão sofisticada de Emídio Rangel, escreveu isto: «Não perceber isto é não perceber o país que somos. Por isso foi importante que o primeiro-ministro tivesse vindo dizer, preto no branco, como vai ser. Ontem, milhões de portugueses puderam respirar de alívio.» Dizer «como vai ser» ou dizer «como não vai ser» e omitindo «como será»? «Milhões de portugueses puderam respirar de alívio»? Só os ingénuos, distraídos e engajadinhos. E só por umas horas.

Da série “Portuguese School of Commentary”

Após a entrevista de Pedro Passos Coelho, Raul Vaz, na RTP-N, tentou dissertar sobre a falta de «killer instinct» do líder do PSD.

Replica

Caro Henrique,

Entenda-me: eu estive, e estou, consigo na crítica a uma certa escola portuguesa de comentário político, bafientazinha na sua mesquinhez, contentinha com o seu umbigo e medrosa quando toca a melindrar o poder. Apenas contestei, especificamente, o seu reparo à converseta dos «tiros nos pés». Os tiros ocorreram. Cometeram-se erros, nalguns casos não propriamente despicientes (e que se podem pagar caro). Falar disso é útil, legítimo e inevitável, dado o aflitivo diferimento, que parece de natureza perene, do aumento das intenções de voto no principal partido alternativa ao Partido Socialista. Não me parece razoável, para não dizer exequível, que o desnível de ordem moral entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho, que é notório e nos meus argumentos nunca esteve em causa, possa servir como moeda de troca para extinguir ou desvalorizar as críticas às pontuais mas aflitivas inépcias políticas deste PSD. Não está em causa, nem foi sobre isso que aqui falei, a desonestidade inerente a qualquer equivalência moral entre a demagogia, o cinismo e a conduta absolutamente cretina de José Sócrates, e a ingenuidade/falta de jeito/amadorismo de Pedro Passos Coelho. A diferença de que se deve falar não é esta – que é incontestável e tem o seu peso – mas outra: a que respeita à eficácia do discurso político, que passa, também, pela boa e sábia utilização do espaço público (que é livre quanto baste). Manuela Ferreira Leite perdeu umas eleições carregada de razão e de moral. Não gostaria que a história se repetisse. É a diferença entre saber que se tem razão e convencer os outros de que se tem razão, mesmo, ou sobretudo, no mar imenso de desonestidade no debate público (que é o coeficiente linear nesta equação).

Por último, não defendi uma total incompatibilidade entre uma certa ideia de liberalismo e a sociedade portuguesa. O que eu digo é que um bom político (no mais nobre sentido do termo, e não no sentido manhoso do Eng. Pinto de Sousa) é também aquele que sabe em que sociedade está inserido e para quem está a falar. A mudança de uma sociedade tendencialmente «conservadora» (aqui como adjectivo e no sentido de «atrasada») para uma sociedade «liberal» (no sentido da crescente e decisiva emancipação da sociedade civil relativamente ao Estado e às suas instituições) fará o seu curso lento e sinuoso, se necessário for contra os discursos voluntariamente «inovadores» e parcos em prudência.

Abraço,

Carlos

quarta-feira, maio 04, 2011

Self Assessment

Dead

Sem emenda

José Sócrates falou ao país sobre as medidas que não constam de um, segundo o tom do discurso, quase hipotético «regaste» do FMI, deixando no ar a ideia de que o PEC IV assoberbou os responsáveis da troika. Quem ouviu o primeiro-ministro naquele momento pode ser levado a pensar que, no final, graças ao «esforço do governo», acabámos nós a explicar ao FMI, à CE e ao BCE como queríamos as coisas, ao que nos disseram «tomem lá 80 mil milhões de euros e vão à vossa vida».

José Sócrates, que a 28 de Abril dizia «vamos ter saudades do PEC IV», voltou ao seu habitual número de trafulha: dizer o que lhe convém na qualidade de candidato e emudecer relativamente ao que devia ter dito na qualidade de primeiro-ministro responsável e com respeito pelos cidadãos. De caminho, para a farsa, arrastou o ministro das Finanças para a fotografia na qualidade de bibelô. No mínimo, caricato.

Nos próximos dias, os portugueses vão acordar para a realidade. Pode ser que consigam sobreviver a mais esta dose de anestesia que o Sr. Eng. lhes tentou administrar. Uma coisa é, contudo, certa: o homem é um artista de se lhe tirar o chapéu. Começo a ter pena de Pedro Passos Coelho.

PS: Registo a forma cândida como alguns comentadores trataram de sorver, como quem sorve um sorvete de limão no pico do Verão, a versão rosácea da comunicação ao país. Fez-me lembrar o "Les Sucettes" do Gainsbourg.

terça-feira, maio 03, 2011

Num país decente

Num país decente, os directores, administradores, autarcas, governantes – gente vulgar e popularmente designada de «os que estão no poleiro» - seriam os primeiros a autoavaliar o seu desempenho e a autocensurar a sua má conduta recorrendo à ética ou a artifícios mais triviais como a vergonha e o pudor. Exemplo: num país decente, os acontecimentos que ocorreram no Fórum TSF do dia 28 de Abril, em que esteve presente o primeiro-ministro ou o candidato socialista a primeiro-ministro (estatuto impossível de esclarecer), levariam à demissão do director da estação. As justificações ou explicações adiantadas por Paulo Baldaia no Facebook, para além de pífias, acentuam o retrato dessa falta de sentido de probidade e de dignidade.

segunda-feira, maio 02, 2011

O homem impossível

In May 1941, Philip Larkin was the treasurer of the Oxford University English Club and in that capacity had to take the visiting speaker George Orwell out to dinner after he had addressed the membership on the subject of “Literature and Totalitarianism.” Larkin’s main recollection: “We took Dylan Thomas to the Randolph and George Orwell to the not-so-good hotel. I suppose it was my first essay in practical criticism.” 
Aqui.

domingo, maio 01, 2011

I cretini

Que comentários me suscita este arrojo de cartaz:



Poucos. Só os mais distraídos ainda não repararam na indigência intelectual, sob contexto ideológico supostamente claro, intenso e sagaz, de um partido que sempre se recusou, até hoje, a explicar o que faria e como o faria caso tivesse responsabilidades de poder e, logo, de decisão. Assola-me a singular dúvida de saber quantos é que, no partido, ainda não se terão apercebido da vacuidade programática e pragmática do que é propalado, navegando ainda no pacato mar da ingenuidade, ao largo da enseada de cinismo onde se encontram estacionados Francisco Louçã e restantes dirigentes - apesar de uns e outros não prescindirem da luxuriante e trauliteira parafernália de soundbites que o partido promove.

Há os sátiros, como Boaventura Sousa Santos, que defendem o melhor de dois mundos: não pagar a dívida, que é «especulativa» e nada tem que ver connosco, e aceitar de bom grado o pilim do FMI. E há o Bloco: um partido inimputável, intelectualmente entufado e demagógico, que sabe que nunca terá que prestar contas das suas opções políticas.

Ao cuidado da Quercus, do Greenpeace e do Ministério do Ambiente

Empresário promotor de projectos de diversão vai inaugurar, em Julho de 2011, o Nature Waterpark. Segundo o próprio, será o primeiro parque ecológico do país. Para a inauguração do parque ecológico, o empresário arriscou um oxímoro: estão confirmadas as presenças dos Europe, de Samantha Fox e de Tony Carreira.

Make no mistake

I heard the sad sound of words spoken from a beak of a wise old bird

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