A querrrida ideia de «União Europeia»
Ferreira Fernandes (no DN):
A guerra do pepino
Carlos Magno, o pai da Europa, fez o império que forma hoje o essencial da União Europeia. E essa Europa a que Carlos Magno deu corpo bebeu na ideia de seu pai, Pépin le Bref (715-768). Vai em francês o nome porque a tradução que lhe fizemos ficou durante séculos envolta em mistério. Sobre o cognome não há controvérsia, também é Breve em português, por o grande rei franco ser baixote. Mas, então, porque não lhe chamamos Pevide, que é o quer dizer Pépin em francês, tão apropriado a quem semeou a Europa? No entanto, Pevide, o Breve, aparece nos nossos livros de História como Pepino, o Breve. Não sendo uma cucurbitácea, o pepino das nossas hortas (que em francês se diz 'concombre'), por que lhe abusamos o nome e lhe desvirtuamos o destino? Foi um mistério de séculos. Até estes dias, quando a Europa que Pépin ajudou a construir pode ruir por causa do pepino. Um surto de pepinos contaminados assusta a Alemanha (já há dez mortos) e com toda a arrogância de godos que não lavam a salada, os alemães desataram a atacar os espanhóis dizendo que a hortaliça veio da Andaluzia. Reacção do Governo de Madrid, ontem: "A suspeita é uma irresponsabilidade e uma selvajaria." Pode parecer uma guerra do alecrim não fosse esta salada demonstrar um diferendo Norte-Sul europeu cada vez mais insanável. Com aquele jeito tão nosso de adivinharmos sem perceber, andamos há séculos a prevenir que o pepino ia acabar mal.
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