Da desonestidade e da indigência argumentativa
Uma jornalista da Rádio Renascença decidiu, por sua iniciativa, interpelar Pedro Passos Coelho sobre a possibilidade de haver novo referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez (IVG), dado persistir na sociedade portuguesa um debate sobre essa matéria (com petições à mistura).
Pedro Passos Coelho disse que a lei do aborto deveria ser avaliada: «precisamos de fazer, tal como aliás está previsto, uma reavaliação dessa situação» (sic). De seguida, Pedro Passos Coelho recordou à jornalista da RR que esteve «há muitos anos do lado daqueles que achavam que era preciso legalizar o aborto - não era liberalizar o aborto, era legalizar a interrupção voluntária da gravidez -, porque há condições excepcionais que devem ser tidas em conta» e não se deve «empurrar as pessoas que são vítimas dessas circunstâncias para o aborto clandestino» (sic). Prosseguiu: «A ideia que eu tinha era que talvez se pudesse cair numa espécie de liberalização, em que muitas das mulheres que se vêem confrontadas com essa necessidade acabam por se confrontar com problemas ainda mais graves do que aqueles que motivaram a sua decisão drástica de pôr fim a uma gravidez». E concluiu: «Temos de reavaliar essa situação, não no sentido de voltar a cara a esses problemas, de ter qualquer intolerância em relação a isso, mas para poder ajuizar se se foi até onde se devia ter ido ou se se foi um pouco longe demais». Pelo meio, deixou no ar a ideia de que não se deve pôr de parte a ideia de um novo referendo (explicando mais tarde que os políticos não são donos da democracia), embora: 1) seja necessário primeiro avaliar a aplicação da lei; 2) um novo referendo não faça parte do programa do PSD.
Perante isto, José Sócrates acusou Pedro Passos Coelho de: 1) querer voltar ao tempo da criminalização do aborto; 2) mudar de opinião; 3) esconder a intenção de um novo referendo.
Comentários?
Pedro Passos Coelho disse que a lei do aborto deveria ser avaliada: «precisamos de fazer, tal como aliás está previsto, uma reavaliação dessa situação» (sic). De seguida, Pedro Passos Coelho recordou à jornalista da RR que esteve «há muitos anos do lado daqueles que achavam que era preciso legalizar o aborto - não era liberalizar o aborto, era legalizar a interrupção voluntária da gravidez -, porque há condições excepcionais que devem ser tidas em conta» e não se deve «empurrar as pessoas que são vítimas dessas circunstâncias para o aborto clandestino» (sic). Prosseguiu: «A ideia que eu tinha era que talvez se pudesse cair numa espécie de liberalização, em que muitas das mulheres que se vêem confrontadas com essa necessidade acabam por se confrontar com problemas ainda mais graves do que aqueles que motivaram a sua decisão drástica de pôr fim a uma gravidez». E concluiu: «Temos de reavaliar essa situação, não no sentido de voltar a cara a esses problemas, de ter qualquer intolerância em relação a isso, mas para poder ajuizar se se foi até onde se devia ter ido ou se se foi um pouco longe demais». Pelo meio, deixou no ar a ideia de que não se deve pôr de parte a ideia de um novo referendo (explicando mais tarde que os políticos não são donos da democracia), embora: 1) seja necessário primeiro avaliar a aplicação da lei; 2) um novo referendo não faça parte do programa do PSD.
Perante isto, José Sócrates acusou Pedro Passos Coelho de: 1) querer voltar ao tempo da criminalização do aborto; 2) mudar de opinião; 3) esconder a intenção de um novo referendo.
Comentários?
4 Comentários:
Não sei se será indigência ou má fé. Sinceramente, já aconteceu demasiadas vezes para que seja sempre uma coisa inocente.
Como por exemplo, no caso do possível aumento do IVA.
Nem acho que seja tanto falta de habilidade na escolha e abordagem dos temas por parte de Pedro Passos Coelho, parece-me mesmo que são emboscadas jornalísticas feitas com a intenção de distorcer as palavras dele e criar um escândalo.
O pior é que a mensagem que vai passando para a "opinião pública" em geral é exactamente essa que foi fabricada...
Ainda há quem acredite que José Sócrates não passa de um monte de esterco ao pé de Pedro Passos Coelho?
(e eu nem sequer tinha intenção de votar no PSD mas estou a começar a reconsiderar)
"Reavaliar" é um conceito demasiado vago e ambíguo que se presta a este tipo de exploração mediática/eleitoralista.
Muito mais acertado teria sido Passos Coelho colocar em causa a gratuitidade generalizada da IVG. Num período de contenção de despesas e de filas de espera nos hospitais, não faz sentido que uma mesma mulher se submeta a 2 e 3 abortos e não tenha que pagar nada.
100% de acordo.
Passos Coelho fala a verdade, e parece-me que em Portugal a malta gosta mesmo é que lhe mintam na cara. Estão mal habituados coitados.
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial