Mais conservadores
Francisco José Viegas:
“A “crise” obrigou-nos a repensar o modo de vida e a forma como lidamos com as coisas banais: o preço da bica, as compras de Natal, a roupa do ano passado, os gestos menores do dia-a-dia, as meias-solas para os sapatos, a ida ao restaurante. Dificilmente iremos encarar o futuro com a mesma leviandade. Há quem se lamente de que, assim, ficamos “mais conservadores”. Se for verdade, é uma vantagem, porque a “saída da troika” não significa o recomeço das festividades ou o regresso ao tempo em que a prosperidade se vendia ao preço do pechisbeque, cheio de engenharias financeiras. Voltaremos a ser portugueses de antanho, provavelmente, renitentes em relação às ilusões do progresso barato, céticos quando se tratar de fazer contas. Os nossos carros terão doze ou quinze anos. A nossa biblioteca será revisitada. Os nossos casacos terão cotoveleiras. Estaremos mais atentos à vida que construímos. Assim serão os anos que vêm.”
1 Comentários:
O meu carro já tem 14 anos e só entrei no mercado de trabalho em 2004, nunca beneficiei do prazer de viver acima das minha possibilidades, porque apanhei em cheio a crise do subprime em 2007, para quem nunca teve ilusões a crise só veio dar razão a quem não vivia em puro deleite estético de vaidade e opulência!
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