Da moral "Gelatina Royal"
Em Nova Iorque, um homem foi preso por alegadamente ter violado uma mulher. A vítima fez queixa à polícia e a polícia tratou do assunto, como lhe competia. Perante a acusação e os factos, um juiz de direito considerou haver ali matéria para prosseguir com o processo, tendo o alegado agressor sido formalmente acusado de sete crimes sexuais. O alegado agressor foi colocado em prisão preventiva, como prevê a lei. E também como prevê a lei, vai ter direito a defender-se da acusação e a provar a sua alegada inocência. Entretanto, a defesa do alegado agressor, também com base na lei, tentou que o juiz o libertasse sob caução. Na primeira audiência, o juiz afirmou que «ninguém seria libertado até que todas as condições fossem satisfeitas». Após uma segunda audiência, o juiz acedeu a libertar o acusado sob caução, uma vez satisfeitas as condições. Dia 6 de Junho, o alegado agressor regressará ao tribunal para uma de duas coisas: declarar-se inocente ou declarar-se culpado. Se se declarar inocente, o processo continua.
Até aqui, nada de novo. Tudo está a ser feito como mandam as regras do Direito Penal norte-americano, um dos mais desenvolvidos do mundo. Há, por isso, que esperar que processo leve o seu rumo.
O que há de novo, ou de diferente, nesta história é o facto do alegado agressor se chamar Dominique Strauss-Kahn. Esta novidade trouxe à superfície o velho relativismo e a velha hipocrisia das finíssimas e sofisticadas consciências europeias. De repente, passou-se a discutir o acessório: que DSK está a ser alvo de descriminação por ser quem é (rico, «poderoso» e, last but not least, «franciú»); que havia interesse em «tramá-lo»; que os EUA são um país «moralista», incapaz de perceber quer a complexidade das relações homem/mulher, quer a margem de tolerância e de liberdade numa relação, «tudo indica», consentida; que podemos estar na presença de uma senhora oportunista que se fez de vítima para sacar dinheiro e fama (como já vi por aí escrito: DSK nem arranhões tinha na cara e a «gaja» tem 1,82m).
Pobre e triste Europa, onde a «aristocracia» continua beneficiária líquida da complacência do «povo» (que perante as elites é invadido de mixed feelings…). Há homens e Homens, claro. É bom não esquecer. Os EUA é que insistem no erro de pensar que os cidadãos são iguais perante a lei.
PS: Pelos vistos, boa parte dos encanitamentos que por aí pululam, têm que ver com o facto dos 'media' terem exposto publicamente a figura de DSK algemado, rodeado de polícias, a entrar no tribunal, dentro do tribunal, etc. Curioso. Sobre Renato Seabra, filmado até com o uniforme prisional laranja, a generalidade das almas que agora se sentem «chocadas» nada disseram. Como nada disseram no passado, quando Michael Jackson foi detido, ou OJ Simpson, ou Madoff, ou etc. Parecem ter descoberto, agora, como funciona o sistema judicial norte-americano e como é levada a cabo a respectiva cobertura noticiosa. Esquecendo, aliás, um pormenor essencial: nos EUA, estas imagens são muitas vezes instrumentais. Por um lado, transmitem a ideia de que ninguém, nem os ricos e poderosos, estão acima da lei; por outro, são consideradas como dissuasoras. «Do you want to end up like that? No? Then, do the right thing.» É assim que as «coisas» funcionam nos EUA. Quem não gostar, paciência.
Até aqui, nada de novo. Tudo está a ser feito como mandam as regras do Direito Penal norte-americano, um dos mais desenvolvidos do mundo. Há, por isso, que esperar que processo leve o seu rumo.
O que há de novo, ou de diferente, nesta história é o facto do alegado agressor se chamar Dominique Strauss-Kahn. Esta novidade trouxe à superfície o velho relativismo e a velha hipocrisia das finíssimas e sofisticadas consciências europeias. De repente, passou-se a discutir o acessório: que DSK está a ser alvo de descriminação por ser quem é (rico, «poderoso» e, last but not least, «franciú»); que havia interesse em «tramá-lo»; que os EUA são um país «moralista», incapaz de perceber quer a complexidade das relações homem/mulher, quer a margem de tolerância e de liberdade numa relação, «tudo indica», consentida; que podemos estar na presença de uma senhora oportunista que se fez de vítima para sacar dinheiro e fama (como já vi por aí escrito: DSK nem arranhões tinha na cara e a «gaja» tem 1,82m).
Pobre e triste Europa, onde a «aristocracia» continua beneficiária líquida da complacência do «povo» (que perante as elites é invadido de mixed feelings…). Há homens e Homens, claro. É bom não esquecer. Os EUA é que insistem no erro de pensar que os cidadãos são iguais perante a lei.
PS: Pelos vistos, boa parte dos encanitamentos que por aí pululam, têm que ver com o facto dos 'media' terem exposto publicamente a figura de DSK algemado, rodeado de polícias, a entrar no tribunal, dentro do tribunal, etc. Curioso. Sobre Renato Seabra, filmado até com o uniforme prisional laranja, a generalidade das almas que agora se sentem «chocadas» nada disseram. Como nada disseram no passado, quando Michael Jackson foi detido, ou OJ Simpson, ou Madoff, ou etc. Parecem ter descoberto, agora, como funciona o sistema judicial norte-americano e como é levada a cabo a respectiva cobertura noticiosa. Esquecendo, aliás, um pormenor essencial: nos EUA, estas imagens são muitas vezes instrumentais. Por um lado, transmitem a ideia de que ninguém, nem os ricos e poderosos, estão acima da lei; por outro, são consideradas como dissuasoras. «Do you want to end up like that? No? Then, do the right thing.» É assim que as «coisas» funcionam nos EUA. Quem não gostar, paciência.
1 Comentários:
ah, os 'mixed feelings' é que lixam tudo...
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