quarta-feira, setembro 30, 2009
Cá por casa
- Porquê, amor?
- Há mais de duas horas que não pego no 2666.
- É lixado.
Entretanto
terça-feira, setembro 29, 2009
Basicamente
- Cavaco Silva esteve e continua
fodidomuito aborrecido com Sócrates; - José Sócrates esteve e continua
fodidomuito aborrecido com Cavaco.
Não é por nada
1.º) Em que dia, mês e ano teve o Diário de Notícias acesso à cópia do email trocado entre os dois jornalistas do Público;
2.º) A opinião de Fernando Lima sobre o teor do email (o jackpot seria uma acareação pública entre os jornalistas do Público e o assessor de Cavaco Silva).
É a democracia/liberdade, estúpido!
“Minha senhora: a senhora não é ingénua… eu também não”
a) Tentativa de encostar o PR ao PSD;
b) Tentativa de desviar as atenções do debate eleitoral;
c) Tentativa de manipulação da opinião pública (por exemplo, através da publicação de um email «velho» com «mais de dezassete meses»);
Pelo meio, declarou que, perante a dúvida (se Fernando Lima teria invocado o seu nome em vão), demitiu o assessor e lançou no ar uma questão crucial e que ninguém parece querer esclarecer: quando é que o DN teve acesso ao email? Que período de tempo decorreu entre o acesso ao email e a sua publicação?
A guerra está ao rubro. A asfixia passou a asma.
sábado, setembro 26, 2009
Curiosidades
“Estamos perante um acto nojento do ponto de vista ético e deontológico da profissão: a publicação de conversas constantes de material roubado (pertença de outro jornalista) e que quem publica não sabe em que ...conjuntura se desenvolveram ou até que ponto relatam com autenticidade o que ambos os interlocutores disseram.”João Marcelino, 14.08.2004, então Director do Correio da Manhã, a propósito da publicação pel´ O Independente do conteúdo das cassetes roubadas a um jornalista, que continham conversas com as suas fontes do Processo Casapiano.
sexta-feira, setembro 25, 2009
Simplex
- A estratégia da vitimização: José Sócrates repetiu centenas de vezes, até á exaustão, em todos os comícios e declarações, a palavra «maledicência», achando-se vitima da má língua, do «bota-abaixismo», do pessimismo e de urdiduras infundadas;
- A estratégia da (pseudo) inocência: José Sócrates começou todos os seus comícios afirmando que não estava nesta campanha para atacar, maldizer, denegrir ou enveredar por uma postura «negativista», para, no momento seguinte, ou ele ou alguém por ele, apoucar, denegrir, ridicularizar a oposição mais directa (o PSD e a sua líder) e fingir que as propostas dos outros partido não eram nada;
- A estratégia do papão salazarento: desde os tempos do PREC e do pós-PREC que não ouvíamos falar tanto em Salazar e no epíteto «salazarento» como agora. O PS usou e abusou de tentar colar repetidamente à figura de Manuela Ferreira Leite a figura de Salazar e o ideário do PSD ao ideário retrógrado do homem de Santa Comba Dão.
Pelo meio, o caso das «escutas» foi um brinde: o PS transformou-o na evidência que provaria a iniquidade e insanidade da tese que colocava José Sócrates e o seu governo no centro de uma cultura e postura muito pouco democrática, recheada de gente que não só lidava muito mal com a liberdade de expressão, e com as queixas legitimas dos cidadãos relativas à sua governação, como não se coibia de interferir e condicionar – directa ou indirectamente – todos os que publicamente se movimentavam «contra» o sacrossanto governo do senhor engenheiro. De repente... sem passado.
Ideias? Nenhumas a não ser estas: Estado, Estado, Estado; optimismo de plástico e fantasioso; noção paupérrima dos fundamentos da Economia.
Dia 27 de Setembro, os portugueses vão ter pela frente uma decisão importante mas extremamente simples: decidir se querem ou não que Sócrates permaneça no lugar de primeiro-ministro de Portugal por mais quatro anos, depois de tudo o que se passou e como se passou. Simples.
Ave estrigiforme
Oxalá nunca ninguém viole, lá para os lados do DN da menina f., correspondência privada entre jornalistas da casa, entregando de seguida o pacote via agência de comunicação a um outro órgão de comunicação concorrente, sob o pretexto de se tratar de assunto de «interesse nacional».
O email revelado pelo DN não acrescentou nada a não ser um nome. Um nome para a Fernanda é o que basta para se invocar o «interesse nacional». Era assim, no tempo da «outra senhora« (também posso invocar Salazar, não posso?).
Mission accomplished
Meu Deus, como a TVI mudou. Como teria sido diferente (muito, pouco, assim-assim, não vamos poder saber) esta aparente cavalgada triunfal caso Manuela Moura Guedes estivesse ainda no ar.
Missão cumprida, Sr. Engenheiro.
PS: Soube pelo João Gonçalves que a TVI escolheu Pedro Adão e Silva, mais um politólogo nada engajado, para o lugar de Vasco Pulido Valente no programa Roda Livre. Missão cumprida, Sr. Engenheiro.
quarta-feira, setembro 23, 2009
O Pedro
Miserável
Um tiro no pé
PS: claro que alguém reparou: o incansável João Miranda (tinha eu acabado de colocar este post e dei de caras com este. Damn!)
Ora... venha o TGV!
PS: A Dívida Externa representa o somatório dos empréstimos contraídos no estrangeiro (pelo governo, empresas estatais ou privadas) pelo país. O que a notícia nos diz é que toda a produção e toda a actividade económica de Portugal (medida pelo PIB, onde se entra em linha de conta apenas com produtos e serviços finais) não chegaria para liquidar a dívida. Diz-nos, também, que a grandeza da dívida resulta em encargos financeiros brutais, que estão a sugar boa parte da riqueza produzida no país. A propensão para o despesismo do Partido Socialista - que José Sócrates não renega e ainda promove - é a prova de que aquele indicador é desvalorizado por este governo de forma assustadoramente irresponsável. O que não é de admirar: haverá sempre quem acabe por pagar a factura: os rendimentos dos portugueses. É esta a lógica despesista do socialismo socrático: gastar, gastar, gastar, para a seguir cobrar, cobrar, cobrar. Esta foi a receita dos últimos 35 anos. O resultado está à vista.
Bem visto
Ainda o resultado dos debates (e da campanha)
Que ficámos a saber? Que todos, mesmo quando variam nos caminhos, amam as empresas, desde que em tamanho pequeno ou médio, e não dispensam o Estado. Até o BE, quando foi apanhado com uma velha mão expropriadora nos bancos e nos PPR, disse logo que os "governos conservadores" fizeram o mesmo. Nem o BE quer ter políticas que não possam ser de direita. Mas, estimado leitor, deixou-se enganar? Claro que não. O Louçã tem saudades do PREC, a Ferreira Leite gostaria de privatizar, e o Sócrates está convencido que fez bem na avaliação dos professores – mas não o podem dizer.
Porque têm medo – medo de nós, que vamos votar no dia 27. Por isso, podemos estar descansados: não será por eles que havemos de ouvir o que não queremos. E o que nós não queremos ouvir, acima de tudo, é que, para ter a prosperidade e a Segurança Social a que aspiramos, precisaremos de trabalhar de uma maneira a que não estamos habituados. Estes debates, no fundo, esclareceram o que é a democracia em Portugal: o regime em que os políticos têm medo do povo, e o povo tem medo da realidade.
Not gonna happen
terça-feira, setembro 22, 2009
De repente, à beira do Outono
Associar o PSD e a sua líder ao caso das supostas «escutas» em Belém não é só tonto: é infame. A tese do PSD – da «asfixia democrática» - concorde-se ou não com ela, tem barbas e nem por sombras se alicerçou na história (tardia) das «escutas»: vinha já do tempo em que Paulo Rangel, em 2007, no discurso do 25 de Abril, falava num ambiente de «condicionamento da liberdade» e de «claustrofobia democrática». É muitíssimo conveniente para o PS vender a ideia de que a tese da «asfixia» é o caso das «escutas»: pode ser a forma mais eficaz de fazer esquecer tudo o resto. E o resto é o caso Charrua, o caso da polícia a visitar/vigiar sindicatos, o caso de Maria Celeste Cardoso, afastada do cargo de Directora de um Centro de Saúde, o caso TVI, as pressões sobre os jornalistas da Rádio Renascença e do Público, as 12.000 queixas na provedoria de funcionários públicos, a tentativa absurda de levar a tribunal João Miguel Tavares, tentativa que ainda persiste, o que está a acontecer ao juiz Rui Teixeira. E por aí fora. Mas, sim: ao que tudo indica, é o PSD que está a ser julgado.
PS: Pacheco Pereira tem toda a razão quando refere que Cavaco Silva devia esclarecer o caso. É bom não esquecer que Cavaco Silva disse que só depois do dia 27 iria «tentar reunir informações sobre questões de segurança». Dois dias depois, demitiu Fernando Lima. Alguma coisa terá acontecido, entretanto? Fernando Lima actuou por sua conta e risco? Há indícios fortes de «escutas», independentemente da «falta de jeito» de Fernando Lima? Não sabemos. Mas gostaríamos de saber. Agora, é preciso notar que Pacheco Pereira acaba de dar mais um trunfo à esquerda: as suas declarações contribuem para fragilizar ainda mais a posição do Presidente e, ao mesmo tempo, servem para o PS e o BE declararem que o PSD está já a desculpar uma eventual derrota eleitoral do partido com a atitude do Presidente.
segunda-feira, setembro 21, 2009
O Sr. Albino
The man behind the politician
Not so fast
domingo, setembro 20, 2009
O novo-riquismo do TGV
O Dr. Luis Nazaré, no último Expresso da Meia-Noite (SIC), aliviou-se pela enésima vez da sua mais premente preocupação para o país: o TGV. Para este economista/gestor, o TGV é «fundamental» para o futuro de Portugal. O tom é mais ou menos o habitual e pode ser resumido na costumeira, estafada e aparentemente definitiva expressão: «Portugal não pode ficar para trás». Ao lado do Dr. Luis Nazaré está a generalidade dos socialistas pró-Sócrates. E, claro, o próprio Sócrates que, num assomo se seriedade e de renúncia à demagogia, aproveitou uma ida a Bruxelas para andar de TGV (são, de facto, reais os benditos comboios), convocando, en passant, os jornalistas para o filmar e fotografar todo moderno e feliz no interior da besta (é, aliás, curioso como em Portugal os jornalistas se prestam a estes exercícios, correndo na direcção do chefe como um cão atrás do dono). Tudo isto no seguimento do tema predilecto desta campanha eleitoral: o TGV (um dia, daqui a cinquenta anos, os netos da minha filha vão provavelmente perguntar “avó, que absurdo foi este do TGV nas eleições de 2009? Não haveria mais nada de importante para debater?”, ao que a minha filha responderá “acendam ao blogue do movimento SIMplex, um dos movimentos mais representativos da Nova Arrancada de início do século, e aonde escrevia aquele primeiro-ministro, de seu nome João Galamba, que ficou conhecido passados alguns anos como o novo Fontes Pereira de Melo, e talvez percebam alguma coisa”).
Desde que Manuela Ferreira Leite pôs em causa o timing da construção do TGV (ela não é contra o TGV mas contra o TGV no actual cenário e momento económico, embora este pormenor não seja particularmente interessante para quem viva da deturpação), abriu as portas para o segundo tema de conversa, imposto pelo PS mais uma vez num assomo de seriedade política e de renúncia à demagogia: o carácter salazarento, retrógrado, conservador, de extrema-direita, de Manuela Ferreira leite. Mas não pensem que foram, ou são, só os socialistas a ter achaques por causa do TGV. Ontem, à conversa com uma amiga minha, de esquerda mas que nunca na vida votou PS, descobri que também ela e mais gente da esquerda não-PS acha o TGV «importantíssimo». Juram que o TGV, enquanto investimento do Estado (e ela acha que só o Estado pode injectar dinheiro na economia e «puxar» pelo país), vai criar riqueza e permitir que Portugal não fique «fora da Europa» («não ficar para trás» ou «não ficar fora da Europa» equivalem-se e disputam o lugar de argumento mais sólido e insofismável sempre que se discutem as razões de determinada opção estratégica que envolva o severo e venerável futuro do país). O que a minha amiga e o Dr. Luis Nazaré e o senhor primeiro-ministro não conseguem explicar é porque razão, sendo o TGV um investimento tão estruturante, em quatro anos e meio nem uma pedra se tenha lançado na construção da linha de alta velocidade. Mistério. Mas seja como for, esta visão não deixa de ser paroquial e provinciana. A ordem de prioridades que vai na cabeça desta gente faz lembrar a estrutura mental de um novo-rico: pode não saber escrever uma linha de português, pode não saber comportar-se à mesa, pode ser obeso e ter problemas de saúde por comer de forma desregulada, pode ter os filhos com problemas no ensino, pode bater na mulher, pode não saber distinguir um Picasso de um Velásquez, pode nunca ter ido a Paris, Londres ou Nova Iorque, pode não perceber nada de nada mas ahhhhhhh tem um Ferrari! Esta gente, que adora andar de TGV quando vai «lá fora», terá a noção do que se passa no seu país? Querem falar de comboiozinhos? Vamos a isso. Duração actual de uma viagem de comboio Évora-Covilhã: 8 horas e 2 minutos; número de partidas: 2. Duração actual de uma viagem de comboio Évora-Portimão: 6 horas e 10 minutos; número de partidas: 2. Duração actual de uma viagem de comboio Évora-Castelo Branco: 6 horas e 30 minutos; número de partidas: 2. Duração actual de uma viagem de comboio Évora-Figueira da Foz: 7 horas e 17 minutos; número de partidas: 2. Duração actual de uma viagem de comboio Faro-Elvas: 8 horas e 51 minutos; número de partidas: 1. Get the picture? Não acham, portanto, ofensivo e absolutamente cretino falar-se do TGV Lisboa-Madrid desta forma? É esta a prioridade em matéria de mobilidade e transportes que preconizam para o país? Saberão em que país vivem e que carências estruturais ainda enfrenta em 2009, que o impedem de ser um país coeso e minimamente apelativo para as empresas e os cidadãos se fixarem, seja no litoral ou no interior? Querem um Ferrari? E que tal começarem por arrumar a casa?
Asfixia democrática? Não, dizem eles
Abjecto
É urgente que Portugal varra esta gente do governo deste país. Dia 27.
Incurável demagogia
Invenções
O ministro do Fomento do governo Zapatero, José Blanco, repetiu esta semana uma evidência: ninguém por lá quer que Portugal seja uma província espanhola. Não custa perceber porquê. Portugal é um país pobre, economicamente indesejável; e a absorção de Portugal iria complicar o problema das nacionalidades, já de si quase irresolúvel. É preferível investir no pouco que temos de rentável ou comprar o que não aproveitamos, sem qualquer compromisso ou envolvimento político. Mas não fosse isso, o tempo da anexação territorial, de direito ou de facto, já passou e a "Europa", pelo menos no Ocidente, tende em toda a parte para a autonomia regional. Manuela Ferreira Leite não desconhece esta realidade elementar e não imagina com certeza que a Espanha (ou mais propriamente Castela) alimenta o desígnio diabólico de acabar com a nossa independência.
Quando num debate disse a célebre frase "Portugal não é uma província espanhola" pretendia evidentemente dizer que no caso do TGV se guiaria pelo nosso interesse doméstico e não pelo interesse da Espanha. Nada que não façam os 27 membros da "União". Só que a incurável demagogia do PS (e da esquerda) resolveu transformar essa observação inócua e mais do que vulgar num sinal gravíssimo e profundo do conservadorismo da senhora. De repente ela é "salazarista" e "retrógrada" e pretende ressuscitar os "mitos" do Estado Novo (ou de que o Estado Novo se serviu). Sócrates pergunta ao bom povo se prefere "recuar" ou "avançar" e jornalistas de que, em princípio, se esperava algum juízo acusam o PSD de "populismo" - ou, no calão da seita, de "fascismo".
Assim se inventou um "caso" que não existe e uma personagem imaginária, a que Sócrates se pode contrapor, sem tropeçar na incompetência imperdoável do seu mandato. Segundo a versão oficial, Manuela Ferreira Leite levaria o país para o isolamento e as trevas do "antigo regime", enquanto Sócrates nos promete e jura um caminho de modernidade e de abundância. Do TGV não se fala, porque as razões para o adiar não recomendam o realismo de Sócrates. Mas por muito que se tente torcer e retorcer a questão, a fantasia do "antiespanholismo" de Ferreira Leite não esconde o estado miserável do Portugal que o PS nos lega. As pessoas estão mesmo fartas de poses, de aventuras, de mentiras. Fartas.
quinta-feira, setembro 17, 2009
Resta saber como
Afinal, do que é que estamos a falar?
quarta-feira, setembro 16, 2009
Foi armadilha, Flor, ou decidiram partilhar a gafezinha?
PS: Este senhor foi o único a descobrir a gafe oculta do post: faltava um "t" ao nome da vocalista dos Everything But The Girl. É Thorn e não Horn. Muito bem. E, by the way: estás gordo, pá.
terça-feira, setembro 15, 2009
domingo, setembro 13, 2009
Vou maldizer, posso?
Não foi por acaso que, por diversas vezes no debate, JS fez cara de inocente, afirmando não perceber o que estava a se dito por MFL. Este debate foi claríssimo na exposição das águas por onde navega a mentalidade socrática: algures entre o popular-pimba do «vou fazer-me de parvo» (como se nada do que estivesse a ser-lhe apontado fosse com ele) e a surpresa meio indignada de quem está ingenuamente convencido de que só os maus, os intriguistas e os velhos do Restelo não conseguem compreender a sorte que o país teve em ter encontrado tamanho líder. O facto de JS achar e acreditar e jurar que fez o melhor, que se esforçou como nunca o tinha feito em toda a sua vida, que suou a camisola nos joggings matinais dezenas de vezes, basta-lhe. Tudo o resto é incompreensão, má-fé ou, claro está, maledicência. Sócrates chega ao fim do mandato com um défice da ordem dos 7%, dívida pública de 80%, peso do Estado na economia de 50%, uma taxa de desemprego recorde, um aumento brutal da carga fiscal, mais de 12.000 queixas na provedoria de funcionários públicos, suspeitas de tentativa de controlo dos media e do funcionalismo público, mas nada disso parece interessar ou valer perante a boa vontade, o esforço, a boa-fé e o optimismo do chefe. Acontece que esta atitude e esta mentalidade foram sempre terreno fértil para o crescimento de tiques despóticos, autoritarismo, controlo e cegueira – coisas a que assistimos nestes últimos quatro anos.
Voltando ao debate, ficou claro que MFL perdeu imensas oportunidades – por falta, lá está, da tarimba e da retórica políticas - de arrasar a tonta e a espaços pueril argumentação de JS. Por exemplo, MFL devia ter aproveitado a oportunidade para lhe dizer, ao longo do debate, “está a ver, caro Eng., por que razão afirmei que o senhor não percebia nada de Economia”, quando ele insistia no seu predilecto e já insuportável exercício de anacronismo económico: dar exemplos de decisões de há seis ou mais anos atrás para supostamente apanhar MFL em contradição. MFL devia ter repetido várias vezes, para que ele o percebesse de uma vez por todas, que não está em causa fazer ou não fazer o TGV, está em causa não haver condições para o fazer agora. MFL devia ter sido mais assertiva quando referiu o que é claro na política socialista: achar que o papel do Estado é sugar recursos e riqueza para tapar os buracos que a orientação governativa vai criando, dando por isso oportunidade a certos governantes de brilhar como se fossem senhores de uma bondade infinita, ao invés de estar focalizado em criar condições para a criação de riqueza liquida. MFL devia ter sido mais clara na explicação do que se vai passar com a Segurança Social daqui a dez ou quinze anos (é que os fundos de pensões privados podem perder valor pelo mercado, mas as pensões públicas vão desvalorizar por decreto). MFL devia ter repetido, de forma bem mais convincente, que ela, ao contrário de JS, nunca foi primeiro-ministro. Dizer-lhe, olhos nos olhos, aquilo que JS parece ainda não ter percebido: não é MFL, nem o governo do Dr. Santana, nem o governo do Dr. Durão Barroso, nem o governo do Dr. Cavaco (e podemos sempre recuar até Joaquim António de Aguiar) que estão a ser julgados. É o seu.
sexta-feira, setembro 11, 2009
Não percebeu mas eu, com relativa paciência, vou explicar-lhe
terça-feira, setembro 08, 2009
Este rapaz nunca me enganou
sexta-feira, setembro 04, 2009
Factor cumulativo
O PS de Sócrates é contra a liberdade
A decisão de censurar o Jornal Nacional de 6ª (JN6ª) foi tudo menos estúpida. O núcleo político do PS-governo mediu friamente as vantagens e os custos de tomar esta medida protofascista. E terá concluído que era pior para o PS-governo a manutenção do JN6ª do que o ónus de o ter mandado censurar. Trata-se de mais um gravíssimo atentado do PS de Sócrates contra a liberdade de informar e opinar. Talvez o mais grave. O PS já ultrapassou de longe a acção de Santana Lopes, Luís Delgado e Gomes da Silva quando afastaram a direcção do DN e Marcelo da TVI.
A linguagem de Santos Silva e do próprio Sócrates na quinta-feira sobre o assunto não engana: pelo meio da lágrimas de crocodilo, nem um nem outro fizeram qualquer menção à liberdade de imprensa. Falaram apenas dos interesses do PS e do governo. Sócrates, por uma vez, até disse uma verdade: o PS não intervinha no JN6ª. Pois não, foi por isso que varreu o noticiário do espaço público.
O PS-Governo de Sócrates não consegue coexistir com a liberdade dos outros. Criou uma central de propaganda brutal que coage os jornalistas. Intervém nas empresas de comunicação social. Legisla contra a liberdade. Fez da ERC um braço armado contra a liberdade (a condenação oficial do JN6ª pela ERC em Maio serviu de respaldo ao que aconteceu agora). Manda calar os críticos. Segundo notícias publicadas, pressiona e chantageia empresários, procura o controle político da justiça e é envolvido em escutas telefónicas. Cria blogues de assessores com acesso a arquivos suspeitos que existem apenas para destruir os críticos e os adversários políticos. Pressiona órgãos de informação. Coloca directa ou indirectamente “opiniões” e “notícias” nos órgãos de informação. Etc.
O relato da suspensão do JN6ª, no Jornal de Notícias e no Diário de Notícias e outros jornais de ontem é impressionante, sinistro e muito perigoso. Provir de supostos “socialistas”, portugueses e espanhóis, em nada diminui a gravidade desta censura. Esta suposta “esquerda” dos interesses, negócios e não resolvidos casos de justiça é brutal.
Intervindo na TVI, o PS-Governo atingiu objectivos fundamentais. Como disse Mário Crespo (SICN, 03.09), o essencial resume-se a isto: J.E. Moniz e M. Moura Guedes foram eliminados —e com eles as direcções de Informação e Redacção e um comentador independente como V. Pulido Valente.
Este PS-Governo é muito perigoso para a liberdade. Até o seu fundador está preso nesta teia, por razões que têm sido referidas. Ao reduzir a censura anticonstitucional, ilegal e protofascista do JN6ª a um caso de gestão, Soares desceu ao seu mais baixo nível político. É vergonhoso que seja ele, o da luta pela liberdade, a dizer uma coisa destas. Será que em 1975 o República também foi calado só por “razões de empresa”?
O PS-governo segue o mesmo caminho de Chàvez, ao perseguir paulatinamente, um a um, os seus críticos: e segue o mesmo caminho de Putin, ao construir uma democracia meramente formal, em que se pode dizer que a decisão foi da Prisa não dele, em que se pode dizer que os empresários são livres, que os juízes são livres, que os funcionários públicos são livres, que os professores são livres, que os jornalistas são livres, que a ERC é livre, etc — mas o contrário está mais próximo da verdade. Para todos os efeitos, Portugal é uma democracia formal, mas estas medidas protofascistas vão fazendo o seu caminho. Não dizia Salazar que Portugal era mais livre que a livre Inglaterra? Sócrates e Santos Silva dizem o mesmo.
Temos homem
a) Os partidos da oposição portaram-se de forma vergonhosa por terem atacado ou insinuado antes de averiguarem das razões e da origem da decisão;
b) Esta era uma decisão inevitável e expectável já que o Jornal Nacional envergonhava o jornalismo português (como o próprio Emídio Rangel lembrou, há «quatro meses» que ele sabia que o Jornal Nacional tinha, ou deveria ter, os dias contados), uma vez que era um espaço onde não havia contraditório, isenção, regras, etc.;
c) O timing da política nada tem que ver com o timing das empresas, daí não haver pingo de correlação entre a decisão, o momento político e o facto do presidente da Prisa estar ligado ao Partido Socialista espanhol.
Como é também habitual em Portugal, o jornalista da TSF que entrevistava Emídio Rangel emudeceu, deixando-o à vontade para o discurso da praxe. Não o questionou, por exemplo, sobre a qualidade do jornalismo televisivo em Portugal, mais concretamente o que é praticado na suave RTP, sob a capa freirática da «seriedade», da «isenção» e do «prestígio», nem se as críticas a Manuela Moura Guedes e ao «marido» eram extensíveis a toda a redacção da TVI e à equipa do Jornal Nacional. Nem sequer lhe perguntou se ele tinha conhecimento de que os membros do governo e os representantes do PS tinham, de há meses a esta parte, rejeitado qualquer convite para estarem presentes em estúdio e ignorado qualquer interpelação de jornalistas da TVI, bloqueando qualquer possibilidade de contraditório. Pormenores de uma história que acaba com estrondo e impregnada de suspeições.
Um imposto
Os debates
Se alguém esperava ficar "esclarecido" ou informado com os dez "debates" de televisão entre o primeiro-ministro e os chefes dos partidos da oposição (os partidos parlamentares, como é evidente) vai ficar desiludido. O "formato", em parte copiado do regimento da Assembleia da República, foi feito para impedir qualquer espécie de verdadeira argumentação - uma argumentação com inteligência, com interesse e com nexo. Em cada sessão há seis temas (que a TVI, a SIC e a RTP em princípio escolhem). Cada um dos participantes tem direito a falar livremente dois minutos e meio sobre cada tema, a seguir, um minuto para "responder" ao "adversário". Ao todo, a conversa, incluindo a intervenção da moderadora (ou moderador) não deve exceder 45 minutos.
Como se explica em menos de quatros minutos, contando com o "repique", a situação económica portuguesa (e a maneira de limitar a crise) ou a reforma da segurança social excede a imaginação humana. O que, na prática, sucede é que se trocam vulgaridades de propaganda e alguns comentários supostamente insidiosos para embaraçar o outro lado, que só percebem alguns fanáticos da política e que a esmagadora maioria do eleitorado ignora ou, do fundo do coração, despreza. Sócrates, por exemplo, não parou de criticar o governo Barroso, a que Paulo Portas pertenceu (como ministro da Defesa). A irrelevância disto é absoluta. Mas Sócrates não se importa. Como não se importa de repetir a longa lista das medidas maravilhosas que tomou e que nos trouxeram à maravilhosa situação em que vivemos. Desde que ninguém o "aperte" e ele "aperte" o próximo, ganhou o dia.
Os dez "debates" são uma espécie de imposto, que o poder, contrariadamente, paga à democracia. No resto do ano, não presta satisfações. Na Assembleia da República, Sócrates responde ao que lhe perguntam, se por acaso lhe apetece, e não responde, se não lhe apetece. Os ministros praticamente não se vêem e quase não abrem a boca sobre coisa nenhuma. Não existe uma vigilância institucionalizada sobre o governo: nem dos partidos, nem dos media. A vida pública ocupa um pequeno espaço nos noticiários, mesmo da imprensa, e, pior ainda, tirando alguma bisbilhotice táctica, a atitude geral é de pura passividade. Os "debates" servem para demonstrar que existe por aqui um país "normal". Demonstram precisamente o contrário.
quinta-feira, setembro 03, 2009
Não seja por isso
Carlos: gostaria de o alertar que este post pode levar pessoas a ler o Lei Seca (o que é positivo) mas gera sérios riscos de que muitas delas deixem de ler o MacGuffin. Porquê? Veja a coisa do meu ponto de vista: entro aqui e vejo o Pedro Mexia; entro no blogue do Mexia e vejo a Eva Mendes e a Carla Bruni.
JAA
Ora bem:
Está bem assim?