A «roubalheira» do PS?
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a.k.a. Contra a Corrente
"Sou reaccionário. A minha reacção é contra tudo o que não presta." Nelson Rodrigues
Concluindo, custa-me compreender como é que alguém, ainda que vagamente familiarizado com a filosofia e a literatura ocidentais, pode acreditar que erguer-se em 2009 contra a crueldade contida no Antigo Testamento tem alguma coisa de novo ou de chocante. Ou sequer interessante.
O que é interessante é perguntarmo-nos por que razão exige Deus uma tão absoluta fidelidade aos israelitas e os castiga tão brutalmente por Lhe desobedecerem. Por que são outros povos, como os cananitas, olhados com tanto desprezo. O que diz tudo isto sobre as condições políticas e sociais em Israel em 500 a.C. E o que diz a relação de Deus com Israel sobre a "natureza tribal" das religiões da antiguidade.
Estes, sim, são temas importantes a merecer respostas sérias dos estudiosos.
Mas, naturalmente, nada disto mereceu a atenção de Saramago nem dos que reagiram às suas críticas ao Antigo Testamento. O que me traz ao aspecto mais perturbador e alarmante de toda esta tola controvérsia. Os jornalistas e os responsáveis religiosos portugueses de um modo geral trataram os comentários de Saramago como importantes! Graças a eles, os meios de comunicação deram-lhe mais tempo na televisão e mais espaço nos jornais do que a outras questões muito mais importantes. E alguns representantes da Igreja Católica atacaram-no com uma ferocidade emocional que revela bem que consideram tais opiniões sobre o Antigo Testamento como um obstáculo à fé. Mais uma vez, tal como salientei mais atrás, os comentários de Saramago não são nem chocantes nem novos. E apenas representam um obstáculo à fé para quem não tenha a menor ideia do que é e do que pretendia ser o Antigo Testamento. As críticas de Saramago são unicamente banalidades superficiais, que revelam uma profunda ignorância da filosofia e da religião ocidentais e uma total incompreensão da linguagem poética e narrativa de desde há mais de três mil anos. Só quem ignora tal herança, jornalistas e responsáveis religiosos incluídos, poderia tornar o patético desabafo do romancista numa tal polémica. E, para mim, essa foi a parte mais desanimadora e mais perturbante de toda esta "inventada" notícia: descobrir que na sociedade onde vivemos, entre os seus membros mais ilustres e cultivados, possa prolongar-se tão lastimosa ignorância de uma parte importantíssima do legado civilizacional da filosofia e da cultura ocidentais.
Um farsa
O problema com o furor que provocaram os comentários de Saramago sobre a Bíblia (mais precisamente sobre o Antigo Testamento) é que não devia ter existido furor algum. Saramago não disse mais do que se dizia nas folhas anticlericais do século XIX ou nas tabernas republicanas no tempo de Afonso Costa. São ideias de trolha ou de tipógrafo semianalfabeto, zangado com os padres por razões de política e de inveja. Já não vêm a propósito. Claro que Saramago tem 80 e tal anos, coisa que não costuma acompanhar uma cabeça clara, e que, ainda por cima, não estudou o que devia estudar, muito provavelmente contra a vontade dele. Mas, se há desculpa para Saramago, não há desculpa para o país, que se resolveu escandalizar inutilmente com meia dúzia de patetices.
Claro que Saramago ganhou o Prémio Nobel, como vários "camaradas" que não valiam nada, e vendeu milhões de livros, como muita gente acéfala e feliz que não sabia, ou sabe, distinguir a mão esquerda da mão direita. E claro que o saloiice portuguesa delirou com a façanha. Só que daí não se segue que seja obrigatório levar a criatura a sério. Não assiste a Saramago a mais remota autoridade para dar a sua opinião sobre a Bíblia ou sobre qualquer outro assunto, excepto sobre os produtos que ele fabrica, à maneira latino-americana, de acordo com o tradição epigonal indígena. Depois do que fez no PREC, Saramago está mesmo entre as pessoas que nenhum indivíduo inteligente em princípio ouve.
O regime de liberdade, aliás relativa, em que vivemos permite ao primeiro transeunte evacuar o espírito de toda a espécie de tralha. É um privilégio que devemos intransigentemente defender. O Estado autoriza Saramago a contribuir para o dislate nacional, mas não encomendou a ninguém? principalmente a dignatários da Igreja como o bispo do Porto - a tarefa de honrar o dislate com a sua preocupação e a sua crítica. Nem por caridade cristã. D. Manuel Clemente conhece com certeza a dificuldade de explicar a mediocridade a um medíocre e a impossibilidade prática de suprir, sobre o tarde, certos dotes de nascença e de educação. O que, finalmente, espanta neste ridículo episódio não é Saramago, de quem - suponho - não se esperava melhor. É a extraordinária importância que lhe deram criaturas com bom senso e a escolaridade obrigatória.
Pela segunda vez, José Sócrates não obteve junto da Justiça uma decisão favorável ao processo que apresentou contra o colunista do “Diário de Notícias” João Miguel Tavares, avança hoje o próprio jornal. Na origem do caso está o artigo "José Sócrates, o Cristo da política portuguesa", publicado em Março deste ano, que o primeiro-ministro considerou "calunioso e ofensivo".
Na primeira vez que o caso foi levado a tribunal, o Ministério Público decidiu arquivar o processo. Na segunda vez que José Sócrates insistiu na queixa, a resposta foi também o arquivamento. Para o juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa que analisou o caso, o artigo em causa pode ser crítico quanto ao político mas é também uma "manifestação legítima de uma opinião", como cita o DN.
Em causa está o artigo "José Sócrates, o Cristo da política portuguesa", que João Miguel Tavares escreveu depois de uma intervenção de José Sócrates no Congresso do PS, na qual este criticou alguns órgãos de comunicação social. No seu texto, sustentou que Portugal é dirigido por “um homem [José Sócrates] sem o menor respeito por aquilo que são os pilares essenciais de um regime democrático", referindo-se ainda à “licenciatura manhosa” do primeiro-ministro.
Para o secretário-geral do PS e primeiro-ministro, o texto do colunista do DN além de "calunioso e ofensivo", questionava a sua "integridade moral", recorda o diário.
Apesar dos argumentos apresentados por Sócrates, Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa realçou a questão da “liberdade de expressão”, que prevê a “possibilidade de poder questionar as acções e opções políticas de um político”. Para o juiz de instrução criminal, “é também neste tipo de situações que o direito à honra tem de ceder em prol da liberdade de expressão”. Assim, o tribunal considerou que o artigo em causa é um texto que "se encontra plenamente inserido no exercício da liberdade de expressão".
“The Greeks right again. The light indeed pours from our eyes – its little, dim, narrow human light: we stand before the world like a projectionist behind his dusty cone of shadows, illuminating only what we already know.”
“The worst thing about thinking nothing of yourself is that you assume that your behaviour has no consequences. This makes you much more dangerous than the egomaniac, who at least spends all his time calculating for his own effect.”
“Blessed is the wrongdoer who makes no attempt to justify his actions by anything than pure evil.”
“Only the mad are safe from doubt. I am always bewildered by those who regard a revised opinion as a sign of weakness; it strikes me as a fine guarantee of the commentator’s sanity.”
Rule My World
You set yourself above that allforgiving God
You claim that you believe in
Your kind is goona fall, your ship is sinking fast
And all your able man are leaving
Only someone who's morally superior
Can possibly and honestly deserve
To rule my world
I talk before I think, you shoot before you know
Who's in your line of fire
So somehow we're the same, we're causing people pain
But I stand and take the blame
You scramble to deny it
Only someone who's morally superior
Can possibly and honestly deserve
To rule my world
Only someone who's morally superior
Can possibly and honestly deserve
To rule my world
Explain me one more time, when they kill it's a crime
When you kill it is justice