O MacGuffin: Encavacada, disse a <i>pasionara</i> Gomes

quinta-feira, outubro 01, 2009

Encavacada, disse a pasionara Gomes

A declaração de Cavaco Silva, consubstanciada pela contínua «postura» de putativo afrontamento ao recentemente decretado sacrossanto poder executivo de José Sócrates (também recentemente relegado à figura de vitima), provocou uma autêntica hemorragia de ódios, ressentimentos e desprezo de ph = 0,1 em relação à figura de Cavaco Silva (veja-se o caso de Ana Gomes). De todo este lamentável episódio, o que perdurará por muito tempo na memória dos mais atentos, será a forma como tanta gente surgiu, de todo o lado, ansiosa por largar a céu aberto o que parecia estar contido durante demasiado tempo no peito de cada um (rancor espongiforme). O suposto «deslize» do tosco homem de Boliqueime – o tal que, como disse Clara Ferreira Alves, lá fora não passaria de um «apêndice» - serviu de mote para, de uma vez por todas, se tentar despir o homem das fátuas vestes que têm disfarçado a sua mediocridade e a sua imutável natureza de simplório, e, se possível, já agora que se faz tarde, enxotá-lo de um milieu que exige sofisticação, erudição e um ethos de seita que ele manifestamente nunca teve (a malta do Jugular não vê outra saída a não ser a demissão). Neste país, onde se perdoa tudo a todos e se invocam e aceitam razões insondáveis (os deputados têm agora, pelos vistos, «liberdade» para lançar invectivas contra o chefe de Estado), parece não se suportar a presença, os costumes e os modos do autor material do cavaquismo, mais conhecido pelo "Hillbilly de Belém". Ao Presidente, a este Presidente, não se lhe permite a mínima margem de manobra no que respeita à latitude de manifestações que venham a comportar um desvio de milímetro da forma e do instituto de um cargo que, no caso de Cavaco, se esperava nulo, insignificante, inconsequente, mesquinho no seu alcance. José Sócrates pode fazer declarações ao país sobre o Freeport, justificando-se e, en passant, achando-se vitima de «campanhas negras» (assim, sem mais nem menos), que nada acontece. O presidente do Governo Regional dos Açores pode emitir opinião a destilar ódio, em frente aos microfones sobre um caso em que o PR estava carregado de razão (provou-se mais tarde), que nada acontece. Cavaco Silva não pode justificar, não pode explicar, não pode enquadrar, não pode, sequer, sentir-se vitima do que quer que seja. Se falou depois, foi tarde. Se tivesse falado antes, cairia o Carmo e a Trindade perante tamanha tentativa de influenciar as eleições. É a democracia, em todo o seu esplendor.

Cavaco Silva foi pouco claro, na sua declaração? Sim e não. Sim: terá sido pouco «assertivo» em relação a certos pontos (por exemplo, o papel e o grau de autonomia de Fernando Lima quando decidiu tomar café na Avenida de Roma) e excessivamente «sentimental» (a um chefe de Estado não são permitidos «estados de alma»). Mas não, meus caros: Cavaco Silva foi bastante claro. O Presidente da República não confia nos actuais dirigentes do Partido Socialista, partido que por sinal tem como secretário-geral um homem que é primeiro-ministro de Portugal, e abomina e não está para aturar a forma como o têm tentado afrontar directa e indirectamente, através de manobras mais ou menos subterrâneas. Mais claro que isto, seria impossível.

PS: Ana Matos Pires, do suave e subtil Jugular, insinua que Cavaco Silva está com problemas mentais. Chegámos aqui. E isto é só o começo.

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