De sim em sim, até ao não final
Está em curso uma coisa chamada «construção europeia». De quando em vez, uns patetas quaisquer – do povo - resolvem emperrar o curso da «construção», por via de sufrágio directo e secreto. Quando isso acontece, a explicação oficial é a de que houve um «equívoco» ou um «desconhecimento» das putativas virtudes do objecto referendado (uma espécie de paradoxo socrático, segundo o qual nunca ninguém age de forma errada com conhecimento de causa), partindo-se para a fase seguinte: esclarecer os eleitores do erro cometido e conceder ao povo uma nova oportunidade para «emendar a mão». Na Irlanda, por exemplo, o governo (ou o Estado) estava na disposição de repetir o referendo tantas vezes quantas as necessárias, até que o Sim vencesse, após o chumbo de 2008. Aproveitaram, agora, o momentum linear proporcionado pela crise para tentar novamente a vitória do Sim. Porque só o Sim faz sentido. Repare-se que o referendo só é repetido por causa do Não. Não estou particularmente convencido que em 2010 se volte a referendar o Tratado de Lisboa, a fim de aferir se Sim ou se Não. Seja com for, desta vez o Sim ganhou. A «construção» readquiriu movimento. Mas em bom rigor, ninguém sabe muito bem o que é a «construção europeia» embora, como é normal, haja convictas e alargadas ideias vagas. Presumo que a «construção europeia» envolva, lá para 2134, um exército europeu, um governo europeu, um presidente europeu, um instituo de emprego e formação profissional europeu, uma junta de freguesia para cada país, etc. etc. Ou talvez não. Talvez um dia alguns povos digam não a esta «construção europeia» e obriguem os artífices da dita a frequentar um curso intensivo de História (da queda do império romano à Segunda Guerra Mundial), envolvendo, en passant, cadeiras que os obriguem, ou melhor, os façam interessar (sou um optimista, eu) pela Hobbesiana teoria do consentimento (nomeadamente razões e condições).
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