All must have prizes?
Nostalgia de um tempo em que, quando chegava a casa e anunciava uma boa nota, o meu pai dizia “muito bem… mas entende que não fizeste mais que a tua obrigação.” Ensinaram-me, vá se lá saber porquê (as pessoas antigamente eram meio parvas, há que dizê-lo) que ser bom naquilo que fazemos é uma obrigação conducente a um processo de auto-satisfação que, no final e em bom rigor, só a nós nos diz respeito. É uma «luta» interna, que travamos com a nossa capacidade, inteligência e força de vontade. É uma questão que encaixa em conceitos antigos, hoje em dia provavelmente démodés, como o brio, a dignidade e a modéstia.
É verdade que o mundo tem mudado para melhor, ao contrário do que vão dizendo os partidários do Armagedão. Mas em cretinice e idiotice estamos a atingir níveis inéditos. Premiar, numa escola pública, os melhores alunos com um prémio pecuniário, não é só estupidez: é uma forma de instituir uma relação causa-efeito entre competência/mérito e o dinheirinho. E é desta forma que estamos a criar «monstrinhos» cuja principal motivação para serem competentes, aplicados e responsáveis aos 15 ou 17 anos é a respectiva retribuição monetária sob a forma de «prémio». Há qualquer coisa de muito errado em tudo isto.
PS: a minha mulher está aqui a dizer-me que terminou o secundário com média de 18 valores e que, por isso, lhe devem dinheiro (no mínimo 500€, mais juros e correcção monetária).