Da rapina
É um clássico: falta dinheiro para sustentar o Estado-glutão? Há risco de insolvência? A meta orçamental está cada vez mais longe? «Ó Vitor (antes Fernando), sacode aí a ralé». Depois, perante a voz de protesto da ralé – que importa sempre manter quietinha, no seu providencial destino subalterno -, apontam-se baterias ao grupo que, na verdade, as «estava a pedir»: os ricos. Para quem não sabe, os ricos, em Portugal, constituem um bando de ignaros que roubou, explorou, ludibriou e acidentalmente matou com o intuito de promover uma série de patifarias e excentricidades repugnantes: encher a garagem de Bentleys Continental; acrescentar zeros «astronómicos» (à direita) na conta bancária; distribuir pelas amantes apartamentos em zonas chiques mas discretas; viver da especulação; deter terra sem nela lançar uma semente (o Luís Naves pode, depois, explicar isto de forma um pouco mais polida).
Ao contrário dos avaros intelectuais, disponho-me, desde já, a contribuir para esta gloriosa empresa de colecta justiceira, apresentando algumas ideias que só o público-alvo pode considerar indignas:
Não têm que agradecer.
(também publicado aqui)
Ao contrário dos avaros intelectuais, disponho-me, desde já, a contribuir para esta gloriosa empresa de colecta justiceira, apresentando algumas ideias que só o público-alvo pode considerar indignas:
- Medida n.º 1: comissão de luxo de 100€ por cada minuto no interior de restaurantes de luxo (tipo Tavares Rico ou Eleven). Receita mínima: 1.500€ (para não pagar mais, o rico terá de comer em apenas 15 minutos). Excepções: Pap’Açorda e Bica do Sapato (por razões óbvias: frequentados na sua maioria por gente do milieu cultural e/ou intelectual português, a viver no limiar da pobreza ou com fortuna de origem respeitável);
- Medida n.º 2: 50,00€ de imposto por cada pancada em bola de golfe. Justificação: aproveitar o mau jeito do rico (sobretudo o subtipo pato-bravo) que raramente faz melhor que um Triple Bogey;
- Medida n.º 3: criação de uma brigada profissionalizada (mas não sindicalizada) para fiscalização de sinais exteriores de riqueza. Zonas e áreas especificas de actuação: Avenida de Liberdade; átrios dos hotéis Ritz Four Seasons, Lapa, Le Méridien Penina Golf & Resort e Quinta do Lago; stands dos representantes oficiais das marcas Bentley, Aston Martin, Porsche, Ferrari e Maserati (no caso dos Mercedes e dos BMWs, só para modelos acima da classe E e série 5, respectivamente); clínicas de cirurgia estética e similares;
- Medida n.º 4: o regresso do justíssimo imposto sucessório, com a particularidade de, no caso de falecimento de um rico, o Estado se equiparar a descendente de primeiro grau.
Não têm que agradecer.
(também publicado aqui)
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