All must have prizes?
Por entre lamentos e indignações (que hoje em dia se banalizam que nem papo-secos) contra a decisão de Nuno Crato de cancelar a atribuição de prémios pecuniários aos melhores alunos (500 euróis por aluno), de que destaco este notável esforço para discordar precedido do anúncio da concordância, fui acometido de um ataque de nostalgia.
Nostalgia de um tempo em que, quando chegava a casa e anunciava uma boa nota, o meu pai dizia “muito bem… mas entende que não fizeste mais que a tua obrigação.” Ensinaram-me, vá se lá saber porquê (as pessoas antigamente eram meio parvas, há que dizê-lo) que ser bom naquilo que fazemos é uma obrigação conducente a um processo de auto-satisfação que, no final e em bom rigor, só a nós nos diz respeito. É uma «luta» interna, que travamos com a nossa capacidade, inteligência e força de vontade. É uma questão que encaixa em conceitos antigos, hoje em dia provavelmente démodés, como o brio, a dignidade e a modéstia.
É verdade que o mundo tem mudado para melhor, ao contrário do que vão dizendo os partidários do Armagedão. Mas em cretinice e idiotice estamos a atingir níveis inéditos. Premiar, numa escola pública, os melhores alunos com um prémio pecuniário, não é só estupidez: é uma forma de instituir uma relação causa-efeito entre competência/mérito e o dinheirinho. E é desta forma que estamos a criar «monstrinhos» cuja principal motivação para serem competentes, aplicados e responsáveis aos 15 ou 17 anos é a respectiva retribuição monetária sob a forma de «prémio». Há qualquer coisa de muito errado em tudo isto.
PS: a minha mulher está aqui a dizer-me que terminou o secundário com média de 18 valores e que, por isso, lhe devem dinheiro (no mínimo 500€, mais juros e correcção monetária).
Nostalgia de um tempo em que, quando chegava a casa e anunciava uma boa nota, o meu pai dizia “muito bem… mas entende que não fizeste mais que a tua obrigação.” Ensinaram-me, vá se lá saber porquê (as pessoas antigamente eram meio parvas, há que dizê-lo) que ser bom naquilo que fazemos é uma obrigação conducente a um processo de auto-satisfação que, no final e em bom rigor, só a nós nos diz respeito. É uma «luta» interna, que travamos com a nossa capacidade, inteligência e força de vontade. É uma questão que encaixa em conceitos antigos, hoje em dia provavelmente démodés, como o brio, a dignidade e a modéstia.
É verdade que o mundo tem mudado para melhor, ao contrário do que vão dizendo os partidários do Armagedão. Mas em cretinice e idiotice estamos a atingir níveis inéditos. Premiar, numa escola pública, os melhores alunos com um prémio pecuniário, não é só estupidez: é uma forma de instituir uma relação causa-efeito entre competência/mérito e o dinheirinho. E é desta forma que estamos a criar «monstrinhos» cuja principal motivação para serem competentes, aplicados e responsáveis aos 15 ou 17 anos é a respectiva retribuição monetária sob a forma de «prémio». Há qualquer coisa de muito errado em tudo isto.
PS: a minha mulher está aqui a dizer-me que terminou o secundário com média de 18 valores e que, por isso, lhe devem dinheiro (no mínimo 500€, mais juros e correcção monetária).
4 Comentários:
não se esqueça também de dizer à sua mulher para depois pagar a diferença entre as propinas da universidade na altura dela e agora (com juros e correcção monetária)
Secundário, meu caro (onde, que eu saiba, não há, nem nunca houve, propinas). A universidade não é para aqui chamada.
se estamos a aplicar regras de um tempo a factos de outro... o raciocínio é o mesmo
mas espero que não encare a brincadeira como provocação gratuita. é mais uma reacção a um choque. costumo concordar com praticamente tudo o que escreve (ou apreciar, quando não se trata de opinião, mas partilha). digeri mal a divergência de opinião neste caso
não percebo porque um prémio monetário criará monstrinhos. não digo que tenha que existir para motivar os alunos ao esforço, mas também não me parece que seja contraproducente
Independentemente do acerto político e da legalidade da coisa, o Crato errou. O seu ministério faltou aos compromissos e falhou com a palavra dada, o que nunca é próprio de pessoas de bem.
Flávio
www.emma49.blogspot.com
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