Foi você que pediu um maniqueísmo?
Assisto às reacções inusitadas, pré ou pós-desfalecimento, das organizações sindicais às propostas de alteração da lei laboral. O tom é inevitavelmente o mesmo: os patrões não têm escrúpulos; os empregados são gente infinitamente boa e santa. Vai daí, há que elevar ao expoente máximo o princípio que encabeça toda e qualquer legislação laboral: há uma parte fraca (os trabalhadores) e há uma parte forte (o «patronato»). Para os sindicatos, a parte forte está sempre de faca afiada na direcção da parte fraca (provavelmente acharão que é para isso que se abrem empresas: para uns lixarem outros). Não admira, portanto, que, nas palavras de um sindicalista esperto e perspicaz, a proposta seja «execrável».
Dou de barato que a entidade empregadora detém, na relação contratual (ou num jargão mais elaborado, no «âmbito do vinculo laboral»), um ascendente sobre o trabalhador (é, aliás, das primeiras coisas que se aprende em cadeiras de Direito do Trabalho). Quando mais não seja, um (o trabalhador) depende do outro (patrão) para, digamos, viver.
Mas quando alguém da CGTP refere, parafraseio, que com a introdução da possibilidade de despedir um trabalhador com base na (falta de) produtividade, se abre a porta a que um patrão com menos escrúpulos fixe um determinado objectivo que ele sabe à partida inatingível para «lixar» o trabalhador, há qualquer coisa de estupidamente parcial nesta disposição mental.
A pergunta a que os senhores sindicalistas nunca, jamais, responderam – nem provavelmente lhes cabe a eles responder, empenhados que estão em cumprir a defesa inapelável dos fracos – é esta: como pode um patrão defender-se, na actual lei, de um trabalhador, usando agora a mesma terminologia, «pouco escrupuloso»? Dito de outra forma: que mecanismos a actual lei confere à entidade empregadora para que esta possa afastar, sem grandes dramas ou prejuízos (leia-se sem a burlesca teia burocrática e processual), um trabalhador simplesmente incompetente?
A pergunta é desnecessária. Para os sindicatos não há trabalhadores incompetentes ou sem «escrúpulos». Quando um trabalhador não cumpre as suas funções de forma responsável e competente, a culpa é invariavelmente do «patronato», que: a) não organizou e geriu a empresa como lhe competia (a já lendária incapacidade gestora dos patrões portugueses); b) não disponibilizou ao trabalhador os meios adequados à prossecução da função que lhe foi incumbida; c) não o formou ou ensinou; d) ou pura e simplesmente porque se trata de um bando de «blood sucking freaks».
E assim continuamos todos: contentes, valentes, orgulhosos, cada um cumprindo o papel que o Altíssimo lhe atribuiu, nesta ordem cósmica tão bem arrumadinha.
Dou de barato que a entidade empregadora detém, na relação contratual (ou num jargão mais elaborado, no «âmbito do vinculo laboral»), um ascendente sobre o trabalhador (é, aliás, das primeiras coisas que se aprende em cadeiras de Direito do Trabalho). Quando mais não seja, um (o trabalhador) depende do outro (patrão) para, digamos, viver.
Mas quando alguém da CGTP refere, parafraseio, que com a introdução da possibilidade de despedir um trabalhador com base na (falta de) produtividade, se abre a porta a que um patrão com menos escrúpulos fixe um determinado objectivo que ele sabe à partida inatingível para «lixar» o trabalhador, há qualquer coisa de estupidamente parcial nesta disposição mental.
A pergunta a que os senhores sindicalistas nunca, jamais, responderam – nem provavelmente lhes cabe a eles responder, empenhados que estão em cumprir a defesa inapelável dos fracos – é esta: como pode um patrão defender-se, na actual lei, de um trabalhador, usando agora a mesma terminologia, «pouco escrupuloso»? Dito de outra forma: que mecanismos a actual lei confere à entidade empregadora para que esta possa afastar, sem grandes dramas ou prejuízos (leia-se sem a burlesca teia burocrática e processual), um trabalhador simplesmente incompetente?
A pergunta é desnecessária. Para os sindicatos não há trabalhadores incompetentes ou sem «escrúpulos». Quando um trabalhador não cumpre as suas funções de forma responsável e competente, a culpa é invariavelmente do «patronato», que: a) não organizou e geriu a empresa como lhe competia (a já lendária incapacidade gestora dos patrões portugueses); b) não disponibilizou ao trabalhador os meios adequados à prossecução da função que lhe foi incumbida; c) não o formou ou ensinou; d) ou pura e simplesmente porque se trata de um bando de «blood sucking freaks».
E assim continuamos todos: contentes, valentes, orgulhosos, cada um cumprindo o papel que o Altíssimo lhe atribuiu, nesta ordem cósmica tão bem arrumadinha.
3 Comentários:
...perdão, o Altíssimo não se mete nisto (e, já agora, nem em futebol); os papéis são tomados pelos ansiosos actores de uma peça antiga.
O que representam, como fazem e a reacção no final do espectáculo, cabe inteirinha a esses 'jongleurs'
Nao, os patroezinhos abrem empresas pra dar guita ao pessoal...Tu nunca deves é ter feito um dia de trabalho a sério na puta da vida.
Exactamente. Nunca fiz nada e explorei dezenas de pessoas, ao longo dos anos.
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