O MacGuffin: Patético, adj.: Que suscita piedade, dó ou tristeza; que causa desdém por ser ridículo ou exagerado.

domingo, dezembro 02, 2012

Patético, adj.: Que suscita piedade, dó ou tristeza; que causa desdém por ser ridículo ou exagerado.

Vasco Pulido Valente, Público 02/12/2012

Patético 
"O dr. Mário Sores resolveu entregar ao primeiro-ministro um manifesto, sob forma de carta, com cópia para o Presidente da República. O 74 signatários desse absurdo documento acusam Pedro Passos Coelho de levar Portugal para um "abismo", de fanatismo, de fraude, de "embuste" e de mentir ao eleitorado. E só deixam ao pobre homem duas soluções: ou mudar imediatamente de política ou a demissão. Como explicou um dos promotores deste desabafo, se Passos Coelho não obedecer, Cavaco pode sempre correr com ele, a favor de outro membro da coligação ou de um Monti indígena, que, num acesso de loucura, a coligação aprove. Não preocupa nada o dr. Mário Soares que tudo isto seja inconstitucional ou que, se por acaso se fizesse, com ou sem o beneplácito de Belém, estabeleceria o caos político geral e agravaria instantaneamente a miséria do país. 
As 78 notabilidades que se prestaram a este irresponsável exercício vão de militares (Manuel Monge e Pires Veloso, por exemplo) e de Maria Teresa Horta a um frade piedoso, desde menino amante e admirador da esquerda. Há também gente do Bloco, feministas, claro está, e uma ilustre parte da maçonaria. É por isso que o papel, tanto na sua prosa como nas suas fantasiosas pretensões, lembra irresistivelmente a velha oposição à ditadura. Os 78 não deram com certeza por que existe hoje em Portugal uma democracia, com um Parlamento e liberdade de expressão e manifestação e julgam ainda que a sua vontade vale mais do que a vontade de milhões de eleitores; ou que a sua autorizada palavra e o seu putativo prestígio se conseguem sobrepor ao insistente falazar da televisão, da rádio e dos jornais. 
O manifesto é uma interessante reminiscência do passado, que logicamente Soares se apressou a mostrar a dois representantes da sua época: Adriano Moreira e Torgal Ferreira, presumo que para angariar a bênção da Igreja. Mas, para desgraça dele, os partidos não se comoveram; nem sequer o PS. Seguro disse, com louvável cautela, que também gostava que o Governo mudasse de política; e o inimitável Zorrinho lembrou que havia "regras" para substituir o primeiro-ministro. Passos Coelho e Paulo Portas não abriram a boca; nem, oficialmente, o PSD e o CDS. E a maioria dos portugueses leu o manifesto com perplexidade. Estava provavelmente à espera de uma nova e redentora proposta política e o que lhe saiu foram ameaças sem senso e a usual inutilidade do queixume. Os génios da nossa praça começam a roçar o patético."

2 Comentários:

Anonymous Joaquim Amado Lopes disse...

"começam a roçar o patético"!?
Meu caro Carlos, já há muito que Mário Soares passou esse ponto.

9:25 da tarde  
Blogger Unknown disse...

O maior défice em Portugal é o de memória...

http://jornalismoassim.blogspot.pt/2012/11/dr-mario-soares-vs-dr-mario-soares.html

3:38 da tarde  

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