O MacGuffin: É gordura, é. Da entremeada.

segunda-feira, outubro 29, 2012

É gordura, é. Da entremeada.

É preciso ser-se um pouco tonto, distraído ou marimbista para desentender o que são as «gorduras» do Estado. Não são, como alguns pensam ou insinuam, uma classe arrumadinha de despesas, mais ou menos identificada e estanque, que um qualquer plano Fairy fará o favor de remover.

Como num bom naco de bochecha de porco preto (perdoem-me a suína imagem), a «gordura» encontra-se entremeada nas múltiplas esferas do funcionalismo público: em sectores ditos «incontornáveis», como a saúde, a justiça ou a educação, mas também na administração central e, acima de tudo, nas administrações municipais.

Combater as «gorduras» é, por isso, combater o desperdício, as redundâncias e o que não faz sentido existir ou patrocinar (seja a ordem de grandeza simbólica, grave ou assim-assim). É trabalho de minucia, paciente e moroso, que exige, preferencial e aprioristicamente, uma ideia de reforma – a qual, por sua vez, não tem «só» de rimar com «cortar».

Esta coisa dos impostos estaria muito bem, sim senhor, se pelo caminho se arregimentasse uma infanteria de reformas que viesse a criar condições para que duas coisas vissem a luz do dia nesta ponta europeia, se possível sob o patrocínio do Altíssimo (amém): a reversão dos impostos (por uma vez na vida) e a melhoria da prestação dos serviços básicos que, um dia (uns portugueses mais que outros, é verdade), entendemos entregar ao Estado.

Já quanto à discussão sobre o papel do Estado - velha como a Sé de Braga, mas igualmente fundamental quando se discutem reformas -, teremos de a remeter para momento oportuno, não venha a ser acusado de insensibilidade social ou de promover inconstitucionalidades.

Vercauteren, François? A ver vamos.


1 Comentários:

Blogger Nuno Valério disse...

Pegando no penúltimo parágrafo de mais este post de "leitura obrigatória", há que questionar se já houve A DISCUSSÃO sobre o papel do Estado, ou seja, tentar perceber o presente e tentar antever, ou seja, projectar o futuro próximo da sociedade portuguesa e lançar as bases para que se defina verdadeiramente esse mesmo papel - a constitucionalidade anda muito sensível, mas é precisamente nas épocas de crise que se deve "investir" visando o lucro futuro. Não, não falei "economês"...

9:05 da tarde  

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