Proponho-me fazer uma comparação de levantar o sobrolho aos senhoresdoutores (da academia, da cruz e do arado)
Num dos vastos territórios onde exerço a minha magistratura de influência – o Twitter – dei por mim a alternar gordíssimos argumentos com um jovem tuiteiro sobre… judeus. A certa altura da altercação, o jovem tuiteiro aliviou-se, de uma forma que me pareceu generosa, da seguinte constatação: sim, de facto, efectivamente e em concreto, os judeus não tiveram uma vidinha fácil ao longo dos séculos (paráfrase minha).
Estacionado o argumento – muito bem, aliás, arrumadinho, a poucos milímetros do lancil e aprumado com a restante fila argumentantiva – o meu amigo tuiteiro achou por bem acrescentar – numa daquelas típicas atitudes «estou a dar-te razão mas toma lá uma canelada para não te ficares a rir» - qualquer coisa do género «embora com aquela história da agiotagem se tivessem posto a jeito».
Da Tora, Êxodo 22:24: «Quando emprestares dinheiro ao Meu povo, com o pobre que está junto de ti não actues como credor, nem lhe exijas juros»; Levítico 25:36: «Não tenhas para com ele [o vosso irmão] juros ou lucros»; Deuteronómio 23:20: «Não farás com que o teu irmão pague juros, juros de dinheiro ou juros de comida ou juros de qualquer outra coisa que possa tomar com juros».
Os judeus carregaram fundo na usura? É verdade. Mas apenas circunstâncias muito especiais os conduziram a instituir como corrente uma prática cuja Lei Divina considerava negativa - mesmo levando em conta a distinção entre «irmãos» e «gentios».
Só por desconhecimento ou má-fé (no caso de se ter o conhecimento) se pode descontextualizar as razões que conduziriam a colar ao judeu a prática generalizada da usura. Em primeiro lugar, porque o juro era sinónimo de hostilidade – hostilidade para com aqueles que o oprimiam, quer pela perseguição e morte, quer pela proibição do exercício de determinadas actividades comerciais.
Em segundo lugar, porque a usura era, ela própria, fomentada pelos que oprimiam financeiramente os judeus. Quanto maior a usura, maior a colecta de reis e ministros, por via de tributos impostos de forma discricionária.
Em terceiro lugar, porque a usura era, muitas vezes, a única fonte de rendimento, aceite de forma mais ou menos tácita por todos os players não judeus – que, como referi, dela também beneficiavam.
Vamos lá ao salto argumentativo (supimpa): um povo que se sente financeiramente oprimido, encontrará sempre formas alternativas de «sobrevivência» que o libertem do jugo - ainda que, pelo caminho, se violem princípios de ordem moral. Falo de impostos. Falo do que aí vem.
É feio, imoral, horrível fugir aos impostos? É. Mas quando o imposto – pela sua dimensão e alcance – é sinónimo de saque por parte de quem tarda em revelar-se uma «pessoa de bem», não esperem do povo respeitinho nem, digamos, sentido deontológico.
Dito de outra forma: a evasão fiscal e a chamada «economia paralela» vão disparar. A partir de 31 de Janeiro de 2013. O dia do primeiro recibo de vencimento da era «napalm» (ou o que lhe quiserem chamar).
Estacionado o argumento – muito bem, aliás, arrumadinho, a poucos milímetros do lancil e aprumado com a restante fila argumentantiva – o meu amigo tuiteiro achou por bem acrescentar – numa daquelas típicas atitudes «estou a dar-te razão mas toma lá uma canelada para não te ficares a rir» - qualquer coisa do género «embora com aquela história da agiotagem se tivessem posto a jeito».
Da Tora, Êxodo 22:24: «Quando emprestares dinheiro ao Meu povo, com o pobre que está junto de ti não actues como credor, nem lhe exijas juros»; Levítico 25:36: «Não tenhas para com ele [o vosso irmão] juros ou lucros»; Deuteronómio 23:20: «Não farás com que o teu irmão pague juros, juros de dinheiro ou juros de comida ou juros de qualquer outra coisa que possa tomar com juros».
Os judeus carregaram fundo na usura? É verdade. Mas apenas circunstâncias muito especiais os conduziram a instituir como corrente uma prática cuja Lei Divina considerava negativa - mesmo levando em conta a distinção entre «irmãos» e «gentios».
Só por desconhecimento ou má-fé (no caso de se ter o conhecimento) se pode descontextualizar as razões que conduziriam a colar ao judeu a prática generalizada da usura. Em primeiro lugar, porque o juro era sinónimo de hostilidade – hostilidade para com aqueles que o oprimiam, quer pela perseguição e morte, quer pela proibição do exercício de determinadas actividades comerciais.
Em segundo lugar, porque a usura era, ela própria, fomentada pelos que oprimiam financeiramente os judeus. Quanto maior a usura, maior a colecta de reis e ministros, por via de tributos impostos de forma discricionária.
Em terceiro lugar, porque a usura era, muitas vezes, a única fonte de rendimento, aceite de forma mais ou menos tácita por todos os players não judeus – que, como referi, dela também beneficiavam.
Vamos lá ao salto argumentativo (supimpa): um povo que se sente financeiramente oprimido, encontrará sempre formas alternativas de «sobrevivência» que o libertem do jugo - ainda que, pelo caminho, se violem princípios de ordem moral. Falo de impostos. Falo do que aí vem.
É feio, imoral, horrível fugir aos impostos? É. Mas quando o imposto – pela sua dimensão e alcance – é sinónimo de saque por parte de quem tarda em revelar-se uma «pessoa de bem», não esperem do povo respeitinho nem, digamos, sentido deontológico.
Dito de outra forma: a evasão fiscal e a chamada «economia paralela» vão disparar. A partir de 31 de Janeiro de 2013. O dia do primeiro recibo de vencimento da era «napalm» (ou o que lhe quiserem chamar).
2 Comentários:
Já estão em vigor, forte e feio, a evasão e a paralela. E nós caladinhos, ou acaba-se o sorriso e, quem sabe, as mercolas.
Não é apenas raiva, é tradição, é jeito e gosto; é 'cultura'.
Agora, ainda por cima, atiramos resmas de dinheiro para um fundo sem fim à vista que não devolve nada, nem eco.
Isso mói a sério, Isso desmoraliza. Isso atiça o espírito de Viriato que há em cada luso.
Nunca se falou tanto à moda do Porto, carago...
(agora começar na questão judaica e acabar aqui é que...)
Apreciei imenso a abordagem desta questão recorrendo ao auxílio do pensamento "económico-financeiro-social". Aliás, por entre as mais variadas e elaboradas formas de abordagem, é manifestamente impossível não concluir pelo saque que o colossal aumento de impostos inscrito no OE2013 representa - se quisermos ser intelectualmente honestos, seja lá o que isso for...
E aos judeus, tenho para mim, não lhes faltava honestidade intelectual!
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