I was happy in the haze of a drunken hour
Têm razão os que dizem que há um problema de fundo chamado «euro». Têm razão os que dizem que não há margem de manobra (para a governação) e que há muito cinismo na oposição. Têm razão os que apelidam as medidas anunciadas de «esbulho» ou «terramoto» fiscal. Têm razão os que dizem que o governo não pode limitar-se a ser o guarda-livros da troika. Têm razão os que dizem que o problema português é, sobretudo, de organização e gestão internas. Têm razão os que dizem que a Europa chegou a um impasse. Têm razão os que criticam a forma despiciente como, durante anos, se observou o problema da divida externa. Têm razão os que dizem que a governação de José Sócrates contribuiu em boa parte para o actual estado de coisas. Têm razão os que dizem que não podemos assacar culpas apenas a José Sócrates. Têm razão os que apontam o dedo à eterna tendência de tapar buracos com impostos. Têm razão os que dizem que, em Portugal, o Estado gasta sempre mais do que tem, e quanto mais tem mais gasta. Têm razão os que criticam a fuga ao fisco e consideram o seu efeito muito negativo nas contas públicas. Têm razão os que fogem aos impostos porque entendem que o seu dinheiro é desbaratado de forma impune. Têm razão os que acham que, por muito simbólicas que sejam as medidas, o Estado, o governo e o parlamento deviam dar um exemplo de contenção e parcimónia, caso pretendam continuar a exigir mais sacrifícios. Têm razão os que dizem que a UE é uma manta de retalhos colados a cuspo, gerida por eurocratas sem legitimidade política. Têm razão os que consideram criminoso o corte nas reformas por velhice. Têm razão os que dizem que o Estado Social, tal como o conhecíamos, morreu. Têm razão os que acham que é atentatório da dignidade humana esperar anos por uma operação, meses por uma consulta ou oito horas numa sala de espera de um hospital para se ser atendido. Têm razão os que dizem que turmas de trinta ou mais alunos nunca poderão ser palco de um ensino de qualidade. Têm razão os que entendem que o ajustamento das nossas finanças públicas é necessário, e que não há austeridade levezinha ou inócua. Têm razão os que dizem que vivemos uma geração de políticos de carreira, (mal) educados nas jotas e, por tudo isso, ignorantes e fracos. Têm razão os que dizem que, actualmente, o PS não é alternativa a nada ou a ninguém. Têm razão os que dizem que, «assim» (seja lá o que isso for), não vamos lá. E depois?
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