Mais aventuras do valente soldado Loff
Artigo de António Araújo, jurista e historiador, publicado na edição de 28/08/2012 do jornal Público:
Deturpação e inverdade"Recentemente, nas páginas deste jornal, Manuel Loff vilipendiou a História de Portugal da autoria de Rui Ramos, Bernardo Vasconcelos e Sousa e Nuno G. Monteiro.Esse ataque difamatório fez-me recordar um caso passado comigo há seis anos. Na altura, decidi não reagir. Hoje, por uma questão de relevância pública - o modo de escrever a nossa História contemporânea -, sinto ter a obrigação de dar testemunho sobre os métodos de Manuel Loff.No Diário Digital, de 17 de Março de 2006, Loff decidiu escrever sobre a minha irrelevante pessoa. Afirmou que eu criticara uma decisão do Tribunal Constitucional (TC) sobre crimes sexuais contra "adolescentes maiores de 16 anos". O livro que publiquei sobre o tema chama-se Crimes Sexuais contra Menores... Nunca esteve em causa, quer no Código Penal, quer na decisão do TC, quer no meu livro, a criminalização das relações sexuais com adolescentes maiores de 16 anos. O que sempre se discutiu foi a criminalização das relações sexuais com menores de 16 anos. Mas Loff afirmou textualmente que eu era favorável à criminalização de relações sexuais "conscientemente consentidas entre adultos e adolescentes maiores de 16 anos".Partindo desta falsidade, Loff deu um salto quilométrico para concluir que eu era adversário do casamento homossexual e defensor da invasão do Iraque. Vá-se lá saber por que artes conceptuais, Loff passou da sexualidade com menores ao casamento homossexual e, pasme-se, terminou na guerra do Iraque! Pior: como conseguiu atribuir-me opiniões sobre realidades relativamente às quais nunca escrevi uma palavra, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a guerra do Iraque?! E, insista-se, este processo de intenções e a extrapolação que lhe subjaz não só são abusivos como têm por base uma falsidade: acusar-me de ter falado em sexo com "maiores de 16 anos" quando o que sempre se discutiu foi o sexo de adultos com "menores de 16 anos".Há muito mais exemplos de deturpação e inverdade nessa crónica. Para não maçar o leitor, darei apenas mais um. No mesmo Diário Digital escreveu Loff: "Araújo não gostou da nova lei da nacionalidade". Para o comprovar, cita artigos que eu teria escrito no Diário de Notícias. E, no final, acaba por me colocar ao lado de Jean-Marie Le Pen e Umberto Bossi... Ora, nunca escrevi nada - mas mesmo nada! - sobre a lei da nacionalidade, como nunca escrevi nada sobre emigração ou sobre imigração. Aliás, nunca escrevi qualquer artigo de opinião no Diário de Notícias! Aqui, não há hipótese de existirem duas interpretações divergentes: nunca escrevi sequer sobre os temas de que Loff fala, nem sou o autor dos trechos que cita, tirados do Diário de Notícias. A partir de mais uma falsidade - esta, absolutamente grosseira - Loff acaba a associar-me veladamente ao racismo e à xenofobia de Le Pen e Bossi. Como se vê, o historiador Manuel Loff não olha a meios quando se trata de deturpar a verdade e denegrir pessoas. Vai ao ponto de lhes atribuir opiniões que nunca manifestaram e até a autoria de textos que nunca escreveram.Como o texto de Manuel Loff já não está online, e como por certo ele terá uma cópia arquivada no seu computador, convido-o - ou melhor, desafio-o - a que publique de novo o artigo, mas na íntegra, sem cortes e rasuras e sem citações truncadas. Publique-o de novo, na íntegra, para que a verdade histórica fique à vista dos seus leitores.Não reagi em 2006. Seis anos depois, ao ver retomados e refinados os seus métodos de faltar à verdade, caluniar e difamar, senti que tinha o dever de dar testemunho do que comigo se passou. Os delitos prescrevem, mas não a sua memória. E penso ser útil que os leitores do PÚBLICO conheçam o cronista que quinzenalmente se lhes dirige nas páginas deste jornal."
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