Quero uma t-shirt da Lusa
A edição n.º 113.201.002 do Prós & Contras, trouxe à colação o jornalismo.
Presentes: jornalistas, dois professores universitários, jornalistas, o plesidente do Observatório da Imprensa, jornalistas, o plesidente do Sindicato dos Jornalistas e, salvo erro, jornalistas. Gestores ou administradores de órgãos de comunicação? Leitores de jornais, interessados em discutir o tema? Ninguém dessas bandas. A meia-hora de programa, percebeu-se a razão: para a generalidade dos presentes, estabeleceu-se e lavrou-se em acta o entendimento de que o jornalismo é uma actividade sacrossanta, etérea, acima de tudo e de todos, cujos ritos, formas e manifestações se devem exercitar num plano superior à lufa-lufa dos impios mercados e a salvo da ralé das redes sociais, dos blogues e derivados (a qual fará a si própria, se tiver juízo, o favor de rejeitar o regabofe em que anda metida).
Jornalismo, claro está, produzido por gente que sente, pressente e não rejeita, o desígnio grave e divino de estabelecer de um modo seguro e sublime o nosso domínio sobre a substância. Seres, portanto, a preservar, de preferência em atmosfera protegida, e a salvar em caso de ataque nuclear para além do que é humano e vegetativo.
Houve, é claro, excepções: Joaquim Vieira, Pedro Santos Guerreiro e, a espaços, António Costa, tentaram recentrar a discussão num plano, digamos, menos tonto. Um plano, pasme-se, virado para os destinatários do jornalismo: os leitores ou telespectadores.
Pelo caminho, São José Almeida aproveitou para cumprimentar e felicitar os senhores patrões que lhe dão guarida, numa atitude tremendamente tocante, à medida que alertava para os perigos da internet-alienante; José António Cerejo e Pedro Santos Guerreiro abordaram a problemática do «medo» que assola as redacções deste país (muito prosaicamente: o inédito medo de perder o emprego); um dos professores universitários conjecturou sobre a problemática da «mercantilização» do jornalismo (penso que terão distribuído na plateia o dicionário «Gramsci para iniciados»); o outro professor universitário quer as criancinhas a aprender a importância do jornalismo, desde tenra idade (alvíssaras a quem avançar com o método).
A sério: quero acreditar que «aquilo» a que assistimos, não representa a maioria dos jornalistas portugueses. Que as redacções vivem sobretudo do esforço e do trabalho de gente descomplexada, actualizada em relação ao mundo e livre de corporativismos bafientos. Gente ciente da importância do jornalismo nas democracias, mas humildemente conscientes de que o importante são os leitores, e não uma classe. E que o fundamental, at the end of the day, é saber que, no dia seguinte, se tentará fazer melhor - sem autocomiseração, soberba ou enfatuação. De calimeros e pavões estamos todos mais ou menos fartos.
Presentes: jornalistas, dois professores universitários, jornalistas, o plesidente do Observatório da Imprensa, jornalistas, o plesidente do Sindicato dos Jornalistas e, salvo erro, jornalistas. Gestores ou administradores de órgãos de comunicação? Leitores de jornais, interessados em discutir o tema? Ninguém dessas bandas. A meia-hora de programa, percebeu-se a razão: para a generalidade dos presentes, estabeleceu-se e lavrou-se em acta o entendimento de que o jornalismo é uma actividade sacrossanta, etérea, acima de tudo e de todos, cujos ritos, formas e manifestações se devem exercitar num plano superior à lufa-lufa dos impios mercados e a salvo da ralé das redes sociais, dos blogues e derivados (a qual fará a si própria, se tiver juízo, o favor de rejeitar o regabofe em que anda metida).
Jornalismo, claro está, produzido por gente que sente, pressente e não rejeita, o desígnio grave e divino de estabelecer de um modo seguro e sublime o nosso domínio sobre a substância. Seres, portanto, a preservar, de preferência em atmosfera protegida, e a salvar em caso de ataque nuclear para além do que é humano e vegetativo.
Houve, é claro, excepções: Joaquim Vieira, Pedro Santos Guerreiro e, a espaços, António Costa, tentaram recentrar a discussão num plano, digamos, menos tonto. Um plano, pasme-se, virado para os destinatários do jornalismo: os leitores ou telespectadores.
Pelo caminho, São José Almeida aproveitou para cumprimentar e felicitar os senhores patrões que lhe dão guarida, numa atitude tremendamente tocante, à medida que alertava para os perigos da internet-alienante; José António Cerejo e Pedro Santos Guerreiro abordaram a problemática do «medo» que assola as redacções deste país (muito prosaicamente: o inédito medo de perder o emprego); um dos professores universitários conjecturou sobre a problemática da «mercantilização» do jornalismo (penso que terão distribuído na plateia o dicionário «Gramsci para iniciados»); o outro professor universitário quer as criancinhas a aprender a importância do jornalismo, desde tenra idade (alvíssaras a quem avançar com o método).
A sério: quero acreditar que «aquilo» a que assistimos, não representa a maioria dos jornalistas portugueses. Que as redacções vivem sobretudo do esforço e do trabalho de gente descomplexada, actualizada em relação ao mundo e livre de corporativismos bafientos. Gente ciente da importância do jornalismo nas democracias, mas humildemente conscientes de que o importante são os leitores, e não uma classe. E que o fundamental, at the end of the day, é saber que, no dia seguinte, se tentará fazer melhor - sem autocomiseração, soberba ou enfatuação. De calimeros e pavões estamos todos mais ou menos fartos.
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