Vamos com calma
Bernardo Pires de Lima, no Acidental, acha “deplorável que se aproveite o dia da morte de alguém – seja ele quem for – para fazer julgamentos sobre a sua pessoa. (…) [O]u não se fala ou respeitam-se os mortos.”.
Eu ofereço-me, desde já, para enfiar a carapuça dos que, no dia da morte de Cunhal, não se calaram. Não vejo, aliás, razões para nos calarmos nesse dia, e só nesse dia. Nem percebo porque carga d’água se desrespeitam os mortos escrevendo criticamente sobre um aspecto, ou uma dimensão, da sua existência em vida. No meu caso, como em tantos outros, os comentários debruçaram-se sobre a persona política e não sobre o cidadão e ser humano Álvaro. E foram escritos em tom de reacção ao coro hipócrita, complacente e amnésico de elogios funebres que saturou o éter.
Presumo não ser o caso do Bernardo (tenho, aliás, a certeza), mas só uma mente retorcida poderia equivaler o que aqui foi escrito sobre Cunhal a um «julgamento» sobre a sua pessoa. Convém, por isso, não enfiar tudo no mesmo saco, esquecendo o contexto e o sentido do que foi escrito (aqui como noutros sítios). Quanto ao romantismo das «jornadas de luta», da «resistência» e dos «ideais», pois que sejam. Cada um promove e apaixona-se pelo que quer. Na certeza, porém, de que, adquirindo dimensão publica, os actos e as posições de carácter político não podem subtrair-se a eventuais «comentários». Mesmo na hora da morte. Não haveria maior desrespeito do que o silêncio hipócrita e o emudecimento cínico, em relação a uma pessoa que marcou a segunda metade do século XX português. Para o bem e para o mal.
Eu ofereço-me, desde já, para enfiar a carapuça dos que, no dia da morte de Cunhal, não se calaram. Não vejo, aliás, razões para nos calarmos nesse dia, e só nesse dia. Nem percebo porque carga d’água se desrespeitam os mortos escrevendo criticamente sobre um aspecto, ou uma dimensão, da sua existência em vida. No meu caso, como em tantos outros, os comentários debruçaram-se sobre a persona política e não sobre o cidadão e ser humano Álvaro. E foram escritos em tom de reacção ao coro hipócrita, complacente e amnésico de elogios funebres que saturou o éter.
Presumo não ser o caso do Bernardo (tenho, aliás, a certeza), mas só uma mente retorcida poderia equivaler o que aqui foi escrito sobre Cunhal a um «julgamento» sobre a sua pessoa. Convém, por isso, não enfiar tudo no mesmo saco, esquecendo o contexto e o sentido do que foi escrito (aqui como noutros sítios). Quanto ao romantismo das «jornadas de luta», da «resistência» e dos «ideais», pois que sejam. Cada um promove e apaixona-se pelo que quer. Na certeza, porém, de que, adquirindo dimensão publica, os actos e as posições de carácter político não podem subtrair-se a eventuais «comentários». Mesmo na hora da morte. Não haveria maior desrespeito do que o silêncio hipócrita e o emudecimento cínico, em relação a uma pessoa que marcou a segunda metade do século XX português. Para o bem e para o mal.
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