O MacGuffin: Coerência

sexta-feira, março 18, 2005

Coerência

Há semanas, my man Saleiro revelou às massas a sua indignação perante a iminente decisão de conceder aos hipermercados uma licença para instalar postos de combustível. My man Saleiro chegou a falar em mortes. Sim, em mortes: se por ali (no hiper) surgisse algum contratempo - por exemplo, se um pobre desgraçado deixasse cair uma caixa de fósforos acabadinha de adquirir no hiper, de onde saltaria um rebelde e pirotécnico ámorphus que, por sua vez, embateria violentamente numa superfície abrasiva onde já estaria a jeito uma poça de combustível derramada por um cliente que tinha acabado de emborcar uma grade de cervejas Cintra, adquirida no duvidoso hiper, provocando, assim, uma faísca de proporções dantescas – tudo iria pelos ares. “Eu nem quero pensar no que poderia acontecer!”, parecia confessar-nos o ilustre Saleiro, só por acaso Plesidente da Associação Naciona de Levendedoles de Combustíveis (vulgo «gasolina»).

Pois o mesmo António Saleiro vem agora dizer-nos que os proprietários de postos de combustíveis querem entrar no negócio da venda de medicamentos. Saleiro congratulou-se com a decisão anunciada pelo Governo de José Sócrates, mas não aceita (isso é que era bom!) que a medida se restrinja às grandes superfícies. Diz Saleiro que “temos a melhor rede de distribuição do país, com pelo menos um posto de combustível em cada concelho”(sic).

Ó homem, e se em vez da grade de cervejas Cintra, o homem decide emborcar uns Valiums porque a sua devota e insuportável esposa bovariana passou o dia todo a pedir-lhe uns euróis para comprar um tailleur Fátima Lopes? O perigo não será iminente?

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