O MacGuffin: Acho bem e, já agora...

sexta-feira, março 18, 2005

Acho bem e, já agora...

Vítor Constâncio: “neste contexto, é de esperar, por exemplo, que os impostos sobre veículos e combustíveis tenham que funcionar, nas presentes circunstâncias, como alternativa às portagens, uma vez que o sector rodoviário deverá pagar grande parte das infra-estruturas que utiliza”.

A ver se percebi: o socialista Constâncio acha que, para manter as SCUTs, a generalidade dos portugueses deve contribuir, via impostos, para que alguns miseráveis possam usufruir de um serviço rodoviário gratuito, contribuindo, en passant, para «compensar» os custos da maldita interioridade. Essa coisa do utilizador-pagador não convence, portanto, Constâncio. O que se pretende é, aliás, simples: eliminar aqui as excrescências para além suprir a falta. Proposta caridosa, esta.

Acho bem. O Imposto Automóvel ainda é uma coisa muito pouco explorada. Eu sei que mais nenhum país da UE o pratica (fazendo com que os carros sejam mais baratos em Espanha, França, Bélgica, Alemanha, Holanda, Itália, etc. etc.), mas estou em crer que se trata de mais uma prática pró «justiça social». O facto de, actualmente, uma família portuguesa pagar mais de 1.400 contos de Imposto Automóvel (incluo já o efeito do IVA porque, no país da justiça fiscal, o cidadão português paga IVA de um imposto) se quiser comprar, por exemplo, uma carrinha Opel Astra 1.7 diesel para transporte da famelga, é coisa que não comove ninguém. Já não falo nos casos mais óbvios: o facto de um qualquer chico-esperto armado em alarve pagar mais de 5.000 contos de Imposto Automóvel (mais o IVA sobre o Imposto Automóvel e sobre o valor do bem) se se quiser aventurar na compra de um Porsche 911, só pode ser visto como um castigo justo para quem, de certezinha, andou a enganar este mundo e o outro (por onde se passeiam o Dr. Rosas e o Dr. Louçã) para poder comprar um Porsche. É bem feita!

Para o socialista Constâncio, o facto de, em média, 30% do valor de uma viatura responder pelo nome de Imposto Automóvel, é uma situação tão normal, mas tão normal, que só há uma coisa a fazer: explorar essa margem de «normalidade» até ao limite (se é que há limite), agravando o imposto para tapar uns buracos aqui, outros acolá.

Acho bem. E, já agora, não seria possível lançar um imposto sobre a venda de bilhetes de cinema nos grandes centros urbanos para compensar e inverter a merda de programação dos Alfa-Lusomundo da cidade onde pernoito e insisto em viver? É que a interioridade não é só para os automobilistas.

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