E a ralé que não pára quieta
Na edição de 9 de Fevereiro do semanário Expresso, Carlos «Um Professor Doutor de Coimbra, meu deus!» Reis escreveu libelo contra os que por aí andam, a barafustar contra o Acordo Ortogáfico (AO). «Uma fúria contestatária baseada em argumentos parciais, desinformados e não raro tendenciosos», é assim que Carlos Reis caracteriza, de início, as manifestações contra o AO. O artigo prossegue com Carlos Reis a tentar demonstrar, com a elegância que o caracteriza, que os seus argumentos são, claro está, imparciais, informados e nada sectários.
Não vou discutir, parágrafo a parágrafo, os argumentos aduzidos por Carlos Reis (outros já o fizeram, com particular distinção). Interessa-me, antes, (re)notar aquilo que observo em Carlos Reis, desde sempre (desde um debate na RTP, com Miguel Esteves Cardoso, Maria Leonor Buesco e Maria Isabel Rebelo Gonçalves, entre outros): uma mesquinha e afunilada percepção do exercício da liberdade, associada a uma empertigada visão das elites e do «oficialismo» (argumentum ad verecundiam) sobre os dislates e o atrevimento (ignorante) da ralé.
Quando Carlos Reis invoca, de forma marcadamente contente, o facto do AO se encontrar em vigor no «Diário da República», nas «escolas» (como se estas tivessem optado de forma livre e autónoma), nas «televisões de sinal aberto» e em «oito dos dez jornais e revistas portugueses de maior circulação», revemos na prelecção o velho e cinzento Portugal do «respeitinho é muito bonito». Carlos Reis é, também, um produto dessa ‘malaise’ nacional, tão bem retratada nas obras de Eça: o Portugal manga-de-alpaca, professoral e escolástico, onde o «oficial» ou o ditado pela Academia e pelo Estado, é para acatar sem as desnecessárias e funestas «fúrias contestarias» (embora, agora, sem o chicote).
Carlos Reis é um queirosiano. Mas não se nota. Ou melhor: é-o às avessas. Há ali uma pobreza de espirito que faria as delícias de Eça.
Não vou discutir, parágrafo a parágrafo, os argumentos aduzidos por Carlos Reis (outros já o fizeram, com particular distinção). Interessa-me, antes, (re)notar aquilo que observo em Carlos Reis, desde sempre (desde um debate na RTP, com Miguel Esteves Cardoso, Maria Leonor Buesco e Maria Isabel Rebelo Gonçalves, entre outros): uma mesquinha e afunilada percepção do exercício da liberdade, associada a uma empertigada visão das elites e do «oficialismo» (argumentum ad verecundiam) sobre os dislates e o atrevimento (ignorante) da ralé.
Quando Carlos Reis invoca, de forma marcadamente contente, o facto do AO se encontrar em vigor no «Diário da República», nas «escolas» (como se estas tivessem optado de forma livre e autónoma), nas «televisões de sinal aberto» e em «oito dos dez jornais e revistas portugueses de maior circulação», revemos na prelecção o velho e cinzento Portugal do «respeitinho é muito bonito». Carlos Reis é, também, um produto dessa ‘malaise’ nacional, tão bem retratada nas obras de Eça: o Portugal manga-de-alpaca, professoral e escolástico, onde o «oficial» ou o ditado pela Academia e pelo Estado, é para acatar sem as desnecessárias e funestas «fúrias contestarias» (embora, agora, sem o chicote).
Carlos Reis é um queirosiano. Mas não se nota. Ou melhor: é-o às avessas. Há ali uma pobreza de espirito que faria as delícias de Eça.
1 Comentários:
diz bem, o Carlos é um chaaato !!
nas escolas o caos anda escondido.
os moços e os docentes assobiam para o lado - nos exames nacionais não há acordo AO e nas aulas cada cntro de formação vai passando aos profes de português uma versão própria do AO: p.ex.: facto já é facto e não fato... e assim por diante.
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