Common people
Em teoria, quanto menor a evasão fiscal, maior o desagravamento dos contribuintes cumpridores. Em teoria, o alargamento da base tributária e a melhoria da cobrança da dívida exequenda, concorre para uma maior justiça na repartição da carga tributária. Em teoria, quanto menor a evasão fiscal, melhores serviços serão prestados. Em teoria, e por princípio, não pagar impostos é roubar o Estado e, pior, os contribuintes que pagam.
Na prática, quanto mais impostos se pagam, mais o Estado gasta. Na prática, quanto mais o Estado gasta, mais impostos quer cobrar. Na prática, a base tributária alargou-se a níveis inéditos e a cobrança de impostos é cada vez mais eficiente, mas nem por isso assistimos, uma única vez em trinta e oito anos, à diminuição da carga fiscal. Na prática, o fisco pratica uma espécie de agiotagem com os contribuintes, sempre que estes se atrasam no pagamento dos impostos, e arroga-se no direito de devolver impostos incorrectamente cobrados no prazo que uma qualquer portariazinha (feita à medida) o permite.
Ninguém, no seu perfeito juízo, desconhece ou rejeita o que está escrito no primeiro parágrafo. E muitos sabem que a única forma de podermos continuar a exigir um Estado melhor e mais justo, é não incorrer em práticas que o prejudicam e que são moralmente erradas. Tudo isto está certo. Mas a vida não é aquilo que desejamos ou idealizamos ou nos explicaram no papel. A realidade oferece resistências. São as prosaicas minudências – pagar a renda da casa, os medicamentos da avó, os cadernos e livros escolares, as visitas ao supermercado, o combustível, os transportes públicos, a electricidade, o gás, o serviço do canalizador que não estava previsto, etc. -, que não cabem na letra da lei e parecem passar ao lado dos grandes princípios que alguns «idiotas da objectividade» (na imortal expressão de Nelson Rodrigues) nos gostam de atirar à cara (como se fossem santos), são as minudências, dizia, que borram a pintura. Junte-se às insignificâncias do dia-a-dia, a constatação de que o Estado nem sempre se apresenta como «pessoa de bem»; a evidência de que os governantes resistem a dar o exemplo; o facto de estarmos assoberbados por uma carga fiscal morbidamente obesa (que uns maduros juram estar em linha com a «Europa»); e, finalmente, last but not least, polvilhe-se a mistela com, por exemplo, o condimento BPN.
Do que estavam mesmo à espera?
"...and dance and drink and screw, because there's nothing else to do."
Na prática, quanto mais impostos se pagam, mais o Estado gasta. Na prática, quanto mais o Estado gasta, mais impostos quer cobrar. Na prática, a base tributária alargou-se a níveis inéditos e a cobrança de impostos é cada vez mais eficiente, mas nem por isso assistimos, uma única vez em trinta e oito anos, à diminuição da carga fiscal. Na prática, o fisco pratica uma espécie de agiotagem com os contribuintes, sempre que estes se atrasam no pagamento dos impostos, e arroga-se no direito de devolver impostos incorrectamente cobrados no prazo que uma qualquer portariazinha (feita à medida) o permite.
Ninguém, no seu perfeito juízo, desconhece ou rejeita o que está escrito no primeiro parágrafo. E muitos sabem que a única forma de podermos continuar a exigir um Estado melhor e mais justo, é não incorrer em práticas que o prejudicam e que são moralmente erradas. Tudo isto está certo. Mas a vida não é aquilo que desejamos ou idealizamos ou nos explicaram no papel. A realidade oferece resistências. São as prosaicas minudências – pagar a renda da casa, os medicamentos da avó, os cadernos e livros escolares, as visitas ao supermercado, o combustível, os transportes públicos, a electricidade, o gás, o serviço do canalizador que não estava previsto, etc. -, que não cabem na letra da lei e parecem passar ao lado dos grandes princípios que alguns «idiotas da objectividade» (na imortal expressão de Nelson Rodrigues) nos gostam de atirar à cara (como se fossem santos), são as minudências, dizia, que borram a pintura. Junte-se às insignificâncias do dia-a-dia, a constatação de que o Estado nem sempre se apresenta como «pessoa de bem»; a evidência de que os governantes resistem a dar o exemplo; o facto de estarmos assoberbados por uma carga fiscal morbidamente obesa (que uns maduros juram estar em linha com a «Europa»); e, finalmente, last but not least, polvilhe-se a mistela com, por exemplo, o condimento BPN.
Do que estavam mesmo à espera?
"...and dance and drink and screw, because there's nothing else to do."
1 Comentários:
Bom, muito assertivo e inciso! Mais uma bom post, com leitura inteligente!
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