O MacGuffin: dezembro 2011

quinta-feira, dezembro 22, 2011

Coisas simples explicadas de forma clara

Eduardo Nogueira Pinto, no Jornal i (22/12/2011):
Empty hand de punho cerrado
"Muitos elogiaram as declarações do deputado Pedro Nuno Santos, notando que, finalmente (!), alguém no PS diz algo de esquerda. Mas as já famosas declarações do deputado – num estilo, algo trauliteiro, com que até simpatizo –, mais que de esquerda, são de uma enorme inconsequência.
Diz Pedro Nuno Santos que se está marimbar para os credores, pois o que o preocupa são os portugueses. E depois avança para uma analogia com o póquer, lamentando que não joguemos alto, nem usemos o que chama “bomba atómica” e mais não é do que gritar “não pagamos” na cara de alemães e francesas, com o intuito, presume-se, de os forçar a renegociar.
No póquer, a bomba atómica não é o “não pagamos”, mas o “all in”, uma jogada em que se apostam todas as fichas. Um “all in” só faz sentido em duas circunstâncias e com dois propósitos: quando se tem a melhor mão para limpar o pote, ou como bluff, quando se criou a convicção na mesa de que o nosso jogo é o mais forte, obrigando os restantes a desistir da jogada. Portugal – toda a Europa sabe – está neste momento com uma fraquíssima mão. Precisa, inclusive, do crédito dos parceiros para prosseguir em jogo. Nestas circunstâncias, até um principiante dirá que o caminho é apostar com prudência e manter a voz, enquanto não vêm melhores cartas. Um “all in” seria de uma irresponsabilidade atroz. Significaria sair de imediato de jogo, perdendo o capital e o crédito que ainda restam mas ficando com a dívida, porque nem os credores nem Portugal vão desaparecer.
Para Pedro Nuno Santos, optar pelos portugueses é sacrificá-los num fugaz, irreflectido e suicida impulso de autodeterminação. Com jogadores de póquer assim, o melhor é o PS dedicar-se à bisca."

domingo, dezembro 18, 2011

Cousin Vini


sexta-feira, dezembro 16, 2011

You will be missed

Não se discutem insultos

Vasco Pulido Valente, Público 16/12/2011
Espectros


"O pensamento da esquerda (se a palavra se aplica) sobre a crise da dívida deixou de ser inteligível. O PS, o PC, o Bloco e companheiros de caminho vão vertendo a sua indignação numa "língua de pau", para que não há entendimento, nem resposta. Comecemos pela parte mais fácil: a sra. Merkel, encarnação da Alemanha, e o sr. Sarkozy. A esquerda injuria a sra. Merkel, suponho que a título de argumento. Ela é irresponsável, incompetente, autoritária e oportunista; não tem imaginação, sofre do preconceito luterano (é de Leste) de que os maus merecem vigilância e castigo e até, como já idioticamente se insinua, se parece com Hitler. Quanto ao sr. Sarkozy, que os franceses não tarda nada porão na rua, não passa de um tonto. Que fazer nestas circunstâncias? Chorar, como a esquerda chora, pelos bons tempos de Schmidt, de Kohl e Delors, que tanto amavam a "Europa" e o seu admirável "modelo social".


Não ocorre à esquerda que a sra. Merkel e o sr. Sarkozy fazem o que o eleitorado lhes permite fazer; e que nada mudará quando se forem embora. De qualquer maneira, com ou sem eles, ficará sempre intacta a teoria das forças do mal: o "neo-liberalismo" (coisa obscena), o capitalismo "selvagem" (ou "de casino") e sobretudo essa fugidia espécie geralmente conhecida por "especuladores". A grande vantagem desta visão do mundo está, como no estalinismo, na indefinição dos conceitos. "Neoliberalismo", capitalismo "selvagem" (ou "de casino") e "especuladores" são insultos, não são ideias. Por pura inutilidade, não se discutem insultos, que só servem para melhorar o senso de virtude de quem insulta.


A esquerda gosta disto e julga, como de costume, que é a voz da razão. De resto, desde o princípio que viveu de espectros. Para quem não se lembra: o espectro do capitalismo (que depois da URSS não se atreve a recusar), o espectro dos monopólios, o espectro das 200 famílias (que nunca se encontraram), o espectro do proletariado (que nunca se percebeu onde começava e onde acabava e que, de resto, raramente votou em quem dizia que o representava), o espectro da "luta de classes", o espectro da revolução e por aí fora. Agora, a esquerda quer que o BCE pague a nossa dívida e a dívida da "Europa", emitindo moeda e bonds (com a respectiva inflação) e cada vez que a Alemanha e a França se recusam repete a sua nova ladainha. Continua na mesma."

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Pop, pop, pop


terça-feira, dezembro 13, 2011

Voltando ao tema

O que mais espanta nas declarações de José Sócrates, não são as declarações em si (patetas e básicas, logo verosímeis tendo em conta o sujeito e o predicado), mas o tom indulgente e casto de algumas reacções. A taça vai inteirinha para um (ir)reconhecível Pedro Marques Lopes (o Daniel Oliveira é, nesta matéria, um inimputável): no Eixo do Mal (SIC-N), bradou contra a corja dos «broncos e ignorantes» (vulgo «taxistas») que, obcecados com José Sócrates, teimaram em não perceber que o homem-engenheiro tinha, afinal, regurgitado umas banalidades muito acertadas (daquelas que se estudam no primeiro ano da faculdade).

Não perceber que: a) ninguém, em parte alguma, sugeriu, dissertou, aconselhou ou brincou com a ideia de pagar a dívida de uma só vez (esvaziando de sentido a referência de José Sócrates sobre o assunto); e b) José Sócrates deveria ser a última pessoa à face da Terra a poder preleccionar sobre o tema da dívida; reflecte limpidamente o desnorte que por aí vai, catalisado pelo despudor de uns e a intermitente candura dos «indignados» (incluindo os mais improváveis) que, quais baratas tontas, obliteram as causas e o estado do país, como se «troika», «bancarrota», «despesa» e «dívida» fossem termos de uma opera buffa, para não levar a sério.

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Holy shit

quarta-feira, dezembro 07, 2011

Da irresponsabilidade

ou (A Quem Nós Estivemos Entregues, Meu Deus!)

«Pagar a dívida é ideia de criança». A frase é de José Sócrates, proferida numa conferência com colegas universitários. A plateia, constituída por alunos da secção latino-americana - provavelmente um subgrupo a que pertence o aluno José Sócrates – aplaudiu estrondosamente o nosso ex-PM. No final, consta que terá dito «há muito tempo que não era assim aplaudido».

Fora o pitoresco da cena e o riquíssimo filão de anedotas que o episódio proporciona, aquela frase é todo um programa. Socialista e cainesiano, acrescente-se (e não Keynesiano). É a doutrina base da Sócrates & Galamba School of Economics: 1) a despesa é infinitamente virtuosa; 2) a dívida é uma abstracção; 3) os recursos só são escassos na teoria.

É esta a disposição lógica que serve de sustentação à estrutura mental dos que defendem os Eurobonds e/ou a impressão de moeda para solucionar a crise das dívidas soberanas. O saneamento das contas, a tentativa de corrigir os erros passados, a implementação de medidas de reajustamento, que acomode o nível de gastos à capacidade produtiva do país – tudo não passa de uma brincadeira de crianças.

«As dívidas gerem-se, foi assim que eu estudei», disse José Sócrates. Não, caro senhor, estudou mal: as dívidas pagam-se. Sempre. Mais tarde ou mais cedo. E, veja bem: são pagas pela ralé que o senhor sempre desprezou e desrespeitou, com o seu irresponsável cainesianismo de pacotilha.

(publicado originalmente aqui, 7.12.2011, 12:29h)

segunda-feira, dezembro 05, 2011

Um homem de serviço

sábado, dezembro 03, 2011

Waugh on Joyce (o que Maomé não disse do toucinho)

Épico


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