Coisas simples explicadas de forma clara
Eduardo Nogueira Pinto, no Jornal i (22/12/2011):
Empty hand de punho cerrado
"Muitos elogiaram as declarações do deputado Pedro Nuno Santos, notando que, finalmente (!), alguém no PS diz algo de esquerda. Mas as já famosas declarações do deputado – num estilo, algo trauliteiro, com que até simpatizo –, mais que de esquerda, são de uma enorme inconsequência.
Diz Pedro Nuno Santos que se está marimbar para os credores, pois o que o preocupa são os portugueses. E depois avança para uma analogia com o póquer, lamentando que não joguemos alto, nem usemos o que chama “bomba atómica” e mais não é do que gritar “não pagamos” na cara de alemães e francesas, com o intuito, presume-se, de os forçar a renegociar.
No póquer, a bomba atómica não é o “não pagamos”, mas o “all in”, uma jogada em que se apostam todas as fichas. Um “all in” só faz sentido em duas circunstâncias e com dois propósitos: quando se tem a melhor mão para limpar o pote, ou como bluff, quando se criou a convicção na mesa de que o nosso jogo é o mais forte, obrigando os restantes a desistir da jogada. Portugal – toda a Europa sabe – está neste momento com uma fraquíssima mão. Precisa, inclusive, do crédito dos parceiros para prosseguir em jogo. Nestas circunstâncias, até um principiante dirá que o caminho é apostar com prudência e manter a voz, enquanto não vêm melhores cartas. Um “all in” seria de uma irresponsabilidade atroz. Significaria sair de imediato de jogo, perdendo o capital e o crédito que ainda restam mas ficando com a dívida, porque nem os credores nem Portugal vão desaparecer.
Para Pedro Nuno Santos, optar pelos portugueses é sacrificá-los num fugaz, irreflectido e suicida impulso de autodeterminação. Com jogadores de póquer assim, o melhor é o PS dedicar-se à bisca."
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