Mexia, Pedro
Nevermore
Nunca mais, disse o corvo.
Mas que sabia o corvo
sobre «nunca» e «sempre»?
Quem sabe se tudo, se era essa
a razão da sua negrura, tendo entrevisto
num voo nocturno o eixo
da roda que de um minuto
para o outro se quebra
e o terno retorno como um
velho relógio que pára entre as onze
e as doze por muitos anos.
Nunca mais, disse, e não precisou
de dizer de novo, porque em breve
o «nunca mais» tomou o sítio
do corvo e aparecia à janela
como uma frase maldita.
E de nenhuma outra sabemos
tão pouco que a confundamos
à noite com a sombra de um pássaro.
in Vida Oculta, Relógio d’Água 2004
Nunca mais, disse o corvo.
Mas que sabia o corvo
sobre «nunca» e «sempre»?
Quem sabe se tudo, se era essa
a razão da sua negrura, tendo entrevisto
num voo nocturno o eixo
da roda que de um minuto
para o outro se quebra
e o terno retorno como um
velho relógio que pára entre as onze
e as doze por muitos anos.
Nunca mais, disse, e não precisou
de dizer de novo, porque em breve
o «nunca mais» tomou o sítio
do corvo e aparecia à janela
como uma frase maldita.
E de nenhuma outra sabemos
tão pouco que a confundamos
à noite com a sombra de um pássaro.
in Vida Oculta, Relógio d’Água 2004
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