Canalhice ou desespero?
No programa Corredor do Poder – uma espécie de recreio político para os mais novos – a criancinha que representa o BE, exigia, ontem, esclarecimentos sobre a compra e venda de acções da SLN por parte de Cavaco Silva. O tom era “o candidato Cavaco Silva tem que esclarecer o país!”. É bom que se perceba que o BE não quer, em bom rigor, esclarecimentos nenhuns (aliás, a questão está mais que esclarecida e só por má-fé, ignorância ou debilidade mental, se pode criar um caso à volta disto). Sob a capa de um caso nado-morto, o BE vocifera, como sempre vociferou, contra o mesmo de sempre: o «lucro», as «mais-valias», os «ricos» e, en passant, a ímpia «direita». Para o BE, qualquer ser vivo que realize uma mais-valia ou obtenha um lucro «financeiro» (vocábulo que, para o BE, deve sempre fazer-se acompanhar de «especulativo»), não proveniente do trabalho (vulgo categoria A, em sede de IRS), é automaticamente um potencial salafrário. Perdoem-me, estou a condescender: é um vigarista encartado ou, cumulativamente, uma besta rectangular que explorou um menino no Benim, uma galinha no Ruanda e milhares de criaturas indefesas (incluindo linces da Malcata) um pouco por todo o lado. Juntemos a este picaresco preconceito o facto de a criatura em causa – automaticamente réu e culpado - estar conotada com o centro direita ou simplesmente com a direita, et voilà: o circo está montado, a marcação será cerrada, o venerável selo da verdade que se ponha a milhas porque, meus amigos (agora pareço o Henrique Raposo), valores mais altos se levantam. Os «pulhas» da alta finança e/ou do poder não passarão!
No mesmo programa, o jovem representante do Partido Comunista, João Oliveira, constatando que a cartada das acções da SLN e do «lucro de 140%» é propriedade do BE, aliviou-se de mais uma brilhante elucubração: Cavaco Silva teve pressa, e patrocinou ao mais alto nível, a nacionalização do BPN para, depreende-se, «tapar» qualquer coisa. Não interessa agora relembrar que Cavaco Silva não morreu de amores pela operação de nacionalização do banco e que só por insistência do Governo e do BdP, que garantiram tratar-se de operação «essencial» para evitar o armagedão, lá promulgou a lei.
Estas atitudes não são apenas tristes: representam a bota que empurra paulatinamente a política portuguesa para o atoleiro onde se encontra metida. Bem pode o ex-deputado Miguel Vale de Almeida espantar-se (mesmo que seja um espanto «retórico») com o facto de haver gente que, ainda que navegando nas mesmíssimas águas políticas, tenta não se misturar com a pirataria vigente. Estavam à espera do quê?
No mesmo programa, o jovem representante do Partido Comunista, João Oliveira, constatando que a cartada das acções da SLN e do «lucro de 140%» é propriedade do BE, aliviou-se de mais uma brilhante elucubração: Cavaco Silva teve pressa, e patrocinou ao mais alto nível, a nacionalização do BPN para, depreende-se, «tapar» qualquer coisa. Não interessa agora relembrar que Cavaco Silva não morreu de amores pela operação de nacionalização do banco e que só por insistência do Governo e do BdP, que garantiram tratar-se de operação «essencial» para evitar o armagedão, lá promulgou a lei.
Estas atitudes não são apenas tristes: representam a bota que empurra paulatinamente a política portuguesa para o atoleiro onde se encontra metida. Bem pode o ex-deputado Miguel Vale de Almeida espantar-se (mesmo que seja um espanto «retórico») com o facto de haver gente que, ainda que navegando nas mesmíssimas águas políticas, tenta não se misturar com a pirataria vigente. Estavam à espera do quê?
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