O MacGuffin: É, desde que foi escrito, um post record no que respeita a links

domingo, novembro 16, 2008

É, desde que foi escrito, um post record no que respeita a links

Se há coisa que me lixa (ia escrever «fode», mas «fode» é um pouco inapropriado para mim, que não me chamo maradona) é a porcaria de argumentos (ia escrever «merda», mas «merda» é um pouco inapropriado para mim, que não me chamo maradona) com que somos bombardeados para descrever a suposta e endémica burrice, ignorância e propensão para o abismo dos americanos nos mais diversos domínios, mas acima de tudo no que respeita à geografia (paradigma de tudo o resto). Regra geral, são apontados problemas ao nível dos neurotransmissores que impedem o americano típico de saber onde fica o Liechtenstein, Portugal ou, nos casos mais graves e politicamente úteis, África (para além de não saber cozer um ovo, atar os atacadores e contar até dezanove). Mesmo entrando em linha de conta com o facto – cientifico, acrescente-se - de que o homo lusitanus é um poço de sabedoria em matéria geográfica, cuja sensibilidade ao campo magnético da Terra e a capacidade de absorver e acumular referências visuais na memória RAM do seu encéfalo à cadência que 5000 gigabytes por segundo (transformando-o num GPS de flesh and blood) o tornam um campeão (ia escrever «cagão», mas «cagão é um pouco inapropriado para mim, que não me chamo maradona), não acredito que o português não falhe, de quando em vez, o sítio x, a região y ou o continente z. Façam o teste. Um dia destes, saiam à rua e perguntem aleatoriamente aos anónimos que encontrarem onde fica o Minnesota, Oklahoma, Boston ou a Nova Zelândia. O problema, meus caros, é sempre o mesmo: a) tomar os nossos conhecimentos - eles próprios falíveis (ia escrever «merdosos», mas «merdosos» é um pouco inapropriado para mim, que não me chamo maradona) e manhosos - pelos do resto da malta; e/ou b) achar que o país real é uma coisa quando, afinal, é outra. Há dias, nos Contemporâneos, observava as entrevistas de rua conduzidas pelo Bruno Nogueira a espécimes genuínos do povo, nas quais se testam conhecimentos de vária ordem. Fiquei esclarecido. Os americanos somos nós.




1 Comentários:

Blogger LF disse...

O problema é que os presumíveis entrevistados nas ruas de Portugal que não sabem onde é o Minnesota, não serão provavelmente candidatos a presidentes da república.

11:36 da manhã  

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