Este post tem contraditório
Dizem que, em política, o que parece é. E que, como à mulher de César, não basta ser, é preciso parecer. Não vou perder muito tempo a explicar por que razão tudo isto é treta. E da grossa. Na maior parte das vezes, o que sustenta e dá corpo a estes clichés é tão só a má-fé, o preconceito mais reles e a mais gritante mesquinhez.
O caso do «grande armador grego» e do seu amigo Zé Manel é paradigmático do estado de cretinice a que o politicamente correcto nos conduziu. A desconfiança passou a ser apriorística, o cânone persecutório, o bom senso e a boa-fé atirados para a valeta.
O cidadão José Manuel Durão Barroso tem um amigo chamado Spiros Latsis. Latsis é «milionário» (mau...), «grande armador» (pior...) e tem negócios que valem «milhões de euros» (pronto, a marosca está montada). Spiros convidou José para passar uns dias a bordo do seu iate particular. São, repito, amigos.
Ora, ora, MacGuffin, está-se mesmo a ver: um «grande armador grego» (primeira nódoa), «milionário» (segunda nódoa), amigo de «poderosos» (jackpot) e receptor de um subsídio (terminação) só pode significar uma coisa: marosca. Portanto, meu caro direitista empedernido, abre os olhos.
Por coincidência…
Coincidência, MacGuffin?! Qual coincidência, pá! És mesmo parvo. Ou julgas que os outros são.
…o empresário grego estava na iminência de receber um subsidio da UE, já deferido pela Comissão de Prodi. Um mês depois deste encontro particular entre dois amigos (que custou zero euros aos cofres da Comissão ou da UE), e já com Durão Barroso como presidente da Comissão, é concedido, finalmente, o subsídio público (repito: p-ú-b-l-i-c-o) ao «grande armador grego», no valor de dez milhões de euros. [Miguel Portas, com aquele ar resoluto e aquela voz de semi-indignação, diz, agora, que “dez milhões de euros é muito dinheiro” (há gente para quem o dinheiro é logo sinal de vigarice). Como se isso fosse importante no contexto do que ele se propõe debater. Se fosse metade ou um décimo já não se importaria?]
Agora, um grupo de deputados (mais ou menos 74) decidiu avançar com uma moção de censura contra o presidente da Comissão Europeia. O que eles estão a dizer é mais ou menos isto: 1) José Manuel Durão Barroso, e qualquer futuro presidente da Comissão, não vai poder confraternizar, a título particular e pessoal, com amigos cujos negócios envolvam a concessão de subsídios da UE (a não ser que o faça às escondidas, à distância ou guardados por um corpo de elite a constituir); 2) A comissão de Durão Barroso – todos os comissários e o pessoal minimamente responsável - foi colectivamente conivente com a «marosca» ou, em alternativa, não passam de um bando de idiotas que se deixaram enganar pelo chefe.
Pois foi. Foi tudo isso. Resta saber com quanto é que cada um se abotoou.
Ao invés de se debruçarem sobre as razões e os critérios objectivos que sustentaram a atribuição do subsídio - no sentido de averiguarem da transparência, legalidade e legitimidade do processo - estes deputados estão mais preocupados com a imagem. Muito provavelmente, chegarão à conclusão de que tudo foi devidamente justificado e está em conformidade com a lei e a prática. Mas nada disto parece interessar. O problema é um problema de «parecer», i.e., do que se poderá «pensar» (da «suspeição» de «promiscuidade» entre os poderes político e económico). "Nós pensamos, logo ele culpado". Em política, o que parece é, não é?
É.
O caso do «grande armador grego» e do seu amigo Zé Manel é paradigmático do estado de cretinice a que o politicamente correcto nos conduziu. A desconfiança passou a ser apriorística, o cânone persecutório, o bom senso e a boa-fé atirados para a valeta.
O cidadão José Manuel Durão Barroso tem um amigo chamado Spiros Latsis. Latsis é «milionário» (mau...), «grande armador» (pior...) e tem negócios que valem «milhões de euros» (pronto, a marosca está montada). Spiros convidou José para passar uns dias a bordo do seu iate particular. São, repito, amigos.
Ora, ora, MacGuffin, está-se mesmo a ver: um «grande armador grego» (primeira nódoa), «milionário» (segunda nódoa), amigo de «poderosos» (jackpot) e receptor de um subsídio (terminação) só pode significar uma coisa: marosca. Portanto, meu caro direitista empedernido, abre os olhos.
Por coincidência…
Coincidência, MacGuffin?! Qual coincidência, pá! És mesmo parvo. Ou julgas que os outros são.
…o empresário grego estava na iminência de receber um subsidio da UE, já deferido pela Comissão de Prodi. Um mês depois deste encontro particular entre dois amigos (que custou zero euros aos cofres da Comissão ou da UE), e já com Durão Barroso como presidente da Comissão, é concedido, finalmente, o subsídio público (repito: p-ú-b-l-i-c-o) ao «grande armador grego», no valor de dez milhões de euros. [Miguel Portas, com aquele ar resoluto e aquela voz de semi-indignação, diz, agora, que “dez milhões de euros é muito dinheiro” (há gente para quem o dinheiro é logo sinal de vigarice). Como se isso fosse importante no contexto do que ele se propõe debater. Se fosse metade ou um décimo já não se importaria?]
Agora, um grupo de deputados (mais ou menos 74) decidiu avançar com uma moção de censura contra o presidente da Comissão Europeia. O que eles estão a dizer é mais ou menos isto: 1) José Manuel Durão Barroso, e qualquer futuro presidente da Comissão, não vai poder confraternizar, a título particular e pessoal, com amigos cujos negócios envolvam a concessão de subsídios da UE (a não ser que o faça às escondidas, à distância ou guardados por um corpo de elite a constituir); 2) A comissão de Durão Barroso – todos os comissários e o pessoal minimamente responsável - foi colectivamente conivente com a «marosca» ou, em alternativa, não passam de um bando de idiotas que se deixaram enganar pelo chefe.
Pois foi. Foi tudo isso. Resta saber com quanto é que cada um se abotoou.
Ao invés de se debruçarem sobre as razões e os critérios objectivos que sustentaram a atribuição do subsídio - no sentido de averiguarem da transparência, legalidade e legitimidade do processo - estes deputados estão mais preocupados com a imagem. Muito provavelmente, chegarão à conclusão de que tudo foi devidamente justificado e está em conformidade com a lei e a prática. Mas nada disto parece interessar. O problema é um problema de «parecer», i.e., do que se poderá «pensar» (da «suspeição» de «promiscuidade» entre os poderes político e económico). "Nós pensamos, logo ele culpado". Em política, o que parece é, não é?
É.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial