Os bois pelos nomes
Agradecendo a atenção do Daniel, impõe-se o esclarecimento de alguns pontos.
Em primeiro lugar, quero deixar claro que não me constitui defensor oficioso de Rui A. ou da rapaziada do Acidental. Nem recebi procuração para esse efeito. Estávamos, estamos, a discutir no sentido mais nobre do termo. É normal que tal exercício nos leve a discutir, en passant, ”os nossos pequenos egos”. Daniel acusa A. Rui A. acusa B. JMF acusa C. Eu acuso D. So fu***** what? É assim que as coisas se passam, não é? É bom não esquecer que Daniel acusou Rui A., directa (ad hominem) ou indirectamente (referindo-se ao post), de «maniqueísmo», «cobardia» e «baixeza intelectual». Tudo bem. «Guerra» é «guerra». Somos maiores e vacinados. Mas convém assumir o que dizemos e como o dizemos, partindo do princípio de que a boa-fé preside à cerimónia. E deixemos de parte o papel de vitimas.
Dito isto, devo dizer que sei onde o Daniel quer chegar. Compreendo o seu ponto. Mas não consigo discordar de Rui A., precisamente por achar que o seu texto se encaixa legitima e pacificamente na prateleira das análises críticas da História - onde também se incluem os juízos de valor e os julgamentos sentenciados. Porque não? Quem tem medo da História e da sua análise crítica? Não vejo qualquer problema nisso. Trata-se de uma opinião, tão válida quanto a do Daniel. Não vejo onde possa estar o maniqueísmo. Não vislumbrei sentenças. Não podemos esquecer que nenhum de nós é especialista na matéria e que o assunto está a ser tratado em sede de opinião política – subjectiva, circunstancial, acessória. Na minha opinião, e na opinião de Rui A., houve gente que esteve do lado errado da história. Isso não faz, ou fez, dessas pessoas criminosos, nem sequer lhes retira, ou retirou, a possibilidade e a capacidade de conciliação com o tempo e o mundo.
Rui A. acha, muito legitimamente, que no processo que conduziu à instauração de um regime democrático, marcaram presença forças e elementos que procuraram, durante algum tempo, subverter o espírito de mudança que a esmagadora maioria dos portugueses exigia ou esperava: a transição de um regime ditatorial - autoritário e iliberal - para um regime democrático - politicamente liberal, moderno e modernizador, onde se respeitasse a liberdade de expressão, a liberdade de associação política, a liberdade de culto, a propriedade privada, etc. etc. Um regime sem policia política, sem perseguições, onde a iniciativa privada pudesse florescer minimamente, sem grandes sobressaltos ou perseguições. Ou seja, um modelo projectado à imagem do que se passava na maioria das democracias ocidentais à época. Quem conhece minimamente a história sabe que, retirando este ou aquele exagero, Rui A. está carregadinho de razão. Não nos podemos esquecer que, para o bem e para o mal, o «25 de Abril» trouxe, com ele, a tralha e os excessos «revolucionários». Uns poderiam ter sido evitados, outros seria, de todo, impossível evitar ou prever. Não há revoluções limpas, perfeitas, sem efeitos secundários mais ou menos graves. É esse o ponto de partida do texto de Rui A.
Mas talvez Rui A. tenha pecado por uma perspectiva excessivamente restrita na forma e redutora no conteúdo. O «25 de Abril» foi um «processo». E, como «processo», não se pode dele excluir o papel e o trabalho de homens como Mário Soares, Emídio Guerreiro, Magalhães Mota, Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Jaime Neves ou Ramalho Eanes. Eles também foram o «25 de Abril». Foram pelo «verdadeiro» ou «correcto» «25 de Abril». Fizeram parte de todo um «processo» evolutivo. Um «processo» que nos conduziu, em boa hora, ao «25 de Novembro» e a muitas outras datas. Mais uma vez, penso que a confusão passa por aí. Rui A. debruçou-se sobre a tentativa real de instauração de um outro «25 de Abril» (que, penso eu, o Daniel rejeitaria), por parte de certas facções armadas e de certos grupos e partidos políticos, que acabou por condicionar o próprio desenvolvimento do país, para além de colidir abruptamente com os valores que hoje em dia ninguém põe em causa e que o Rui A. tratou de agregar sob o título de «liberalismo» - levantando, desta forma, outro problema, já que, hoje em dia, o «liberalismo» tem várias faces e vários sentidos, para além de mau nome por via de um seu sucedâneo, ou híbrido, chamado «neo-liberalismo» (e não só). Para Rui A., o «25 de Abril» representou e representa isso, i.e., essa tentativa nefasta de conduzir o «25 de Abril» para outros caminhos - autoritários, nada liberais e muito pouco pluralistas. E só isso. Aí penso que há, de facto, alguma intransigência e uma visão um pouco redutora por parte de Rui A., a que não será alheio o facto das comemorações do «25 de Abril» continuarem a servir para «certa» gente se pavonear, acenando com as já conhecidas insatisfações «democráticas», aliadas, por vezes, a um moralismo de pacotilha e a um saudosimo do que «deveria» ter sido.
De resto, Daniel, não atirei nada à cara de ninguém. Cada um é livre de comemorar e comentar o «25 de Abril» da forma que lhe aprouver.
Em primeiro lugar, quero deixar claro que não me constitui defensor oficioso de Rui A. ou da rapaziada do Acidental. Nem recebi procuração para esse efeito. Estávamos, estamos, a discutir no sentido mais nobre do termo. É normal que tal exercício nos leve a discutir, en passant, ”os nossos pequenos egos”. Daniel acusa A. Rui A. acusa B. JMF acusa C. Eu acuso D. So fu***** what? É assim que as coisas se passam, não é? É bom não esquecer que Daniel acusou Rui A., directa (ad hominem) ou indirectamente (referindo-se ao post), de «maniqueísmo», «cobardia» e «baixeza intelectual». Tudo bem. «Guerra» é «guerra». Somos maiores e vacinados. Mas convém assumir o que dizemos e como o dizemos, partindo do princípio de que a boa-fé preside à cerimónia. E deixemos de parte o papel de vitimas.
Dito isto, devo dizer que sei onde o Daniel quer chegar. Compreendo o seu ponto. Mas não consigo discordar de Rui A., precisamente por achar que o seu texto se encaixa legitima e pacificamente na prateleira das análises críticas da História - onde também se incluem os juízos de valor e os julgamentos sentenciados. Porque não? Quem tem medo da História e da sua análise crítica? Não vejo qualquer problema nisso. Trata-se de uma opinião, tão válida quanto a do Daniel. Não vejo onde possa estar o maniqueísmo. Não vislumbrei sentenças. Não podemos esquecer que nenhum de nós é especialista na matéria e que o assunto está a ser tratado em sede de opinião política – subjectiva, circunstancial, acessória. Na minha opinião, e na opinião de Rui A., houve gente que esteve do lado errado da história. Isso não faz, ou fez, dessas pessoas criminosos, nem sequer lhes retira, ou retirou, a possibilidade e a capacidade de conciliação com o tempo e o mundo.
Rui A. acha, muito legitimamente, que no processo que conduziu à instauração de um regime democrático, marcaram presença forças e elementos que procuraram, durante algum tempo, subverter o espírito de mudança que a esmagadora maioria dos portugueses exigia ou esperava: a transição de um regime ditatorial - autoritário e iliberal - para um regime democrático - politicamente liberal, moderno e modernizador, onde se respeitasse a liberdade de expressão, a liberdade de associação política, a liberdade de culto, a propriedade privada, etc. etc. Um regime sem policia política, sem perseguições, onde a iniciativa privada pudesse florescer minimamente, sem grandes sobressaltos ou perseguições. Ou seja, um modelo projectado à imagem do que se passava na maioria das democracias ocidentais à época. Quem conhece minimamente a história sabe que, retirando este ou aquele exagero, Rui A. está carregadinho de razão. Não nos podemos esquecer que, para o bem e para o mal, o «25 de Abril» trouxe, com ele, a tralha e os excessos «revolucionários». Uns poderiam ter sido evitados, outros seria, de todo, impossível evitar ou prever. Não há revoluções limpas, perfeitas, sem efeitos secundários mais ou menos graves. É esse o ponto de partida do texto de Rui A.
Mas talvez Rui A. tenha pecado por uma perspectiva excessivamente restrita na forma e redutora no conteúdo. O «25 de Abril» foi um «processo». E, como «processo», não se pode dele excluir o papel e o trabalho de homens como Mário Soares, Emídio Guerreiro, Magalhães Mota, Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Jaime Neves ou Ramalho Eanes. Eles também foram o «25 de Abril». Foram pelo «verdadeiro» ou «correcto» «25 de Abril». Fizeram parte de todo um «processo» evolutivo. Um «processo» que nos conduziu, em boa hora, ao «25 de Novembro» e a muitas outras datas. Mais uma vez, penso que a confusão passa por aí. Rui A. debruçou-se sobre a tentativa real de instauração de um outro «25 de Abril» (que, penso eu, o Daniel rejeitaria), por parte de certas facções armadas e de certos grupos e partidos políticos, que acabou por condicionar o próprio desenvolvimento do país, para além de colidir abruptamente com os valores que hoje em dia ninguém põe em causa e que o Rui A. tratou de agregar sob o título de «liberalismo» - levantando, desta forma, outro problema, já que, hoje em dia, o «liberalismo» tem várias faces e vários sentidos, para além de mau nome por via de um seu sucedâneo, ou híbrido, chamado «neo-liberalismo» (e não só). Para Rui A., o «25 de Abril» representou e representa isso, i.e., essa tentativa nefasta de conduzir o «25 de Abril» para outros caminhos - autoritários, nada liberais e muito pouco pluralistas. E só isso. Aí penso que há, de facto, alguma intransigência e uma visão um pouco redutora por parte de Rui A., a que não será alheio o facto das comemorações do «25 de Abril» continuarem a servir para «certa» gente se pavonear, acenando com as já conhecidas insatisfações «democráticas», aliadas, por vezes, a um moralismo de pacotilha e a um saudosimo do que «deveria» ter sido.
De resto, Daniel, não atirei nada à cara de ninguém. Cada um é livre de comemorar e comentar o «25 de Abril» da forma que lhe aprouver.
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