BENDITA EXPLORAÇÃO
Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (IPEA), “as empresas estrangeiras no Brasil empregam mão-de-obra mais qualificada, pagam salários melhores e mantêm seu quadro de funcionários por um período mais longo do que as companhias brasileiras”. O estudo teve por base uma análise a mais de 20 mil empresas brasileiras.
”O indicador que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a distância salarial entre uma e outra, que atingiu 156%. O estudo, que servirá de subsídio para as políticas de governo, mostrou que a escolaridade média da mão-de-obra nos grupos estrangeiros foi de 9,29 anos, enquanto nas brasileiras a média ficou em 6,72 anos. O tempo de permanência do trabalhador nas companhias estrangeiras foi de 62,51 meses, no período analisado. Já nas brasileiras foi de 43,16 meses.”
O resultado mais imediato desse descompasso entre o capital nacional e estrangeiro é a constatação de que as multinacionais exportam e importam um volume bem superior do que as empresas de capital nacional. As companhias estrangeiras exportaram, no período de 1996 e 2002, 17,3 milhões de dólares, em média, por ano. Já as brasileiras, apenas 3,1 milhões. Segundo Luciana Acioly, também co-autora do estudo, essas evidências mostram que isso ocorre por conta do "diferencial competitivo" das multinacionais face às firmas nacionais.
Os economistas concluem que as empresas estrangeiras incorporam tecnologia ao sector industrial brasileiro e que tal incorporação amplia a "capacidade competitiva" do Brasil no mercado internacional. A questão também é alvo de análise de outro economista do IPEA, Rogério Dias, que está terminando um trabalho sobre a influência do capital externo na inovação tecnológica do Brasil.
Isto não é novidade para ninguém. Ninguém? Estou a ser simpático. Emendo: não é novidade para quem estuda o fenómeno da «globalização» (que é, aliás, bastante velho) de forma séria e com a cabeça limpa da tralha ideológica (de preferência da pseudo neo-marxista, que de «neo» só tem o jargão). Quem assim o estuda, sabe, por exemplo, que a ladainha segundo a qual as multinacionais vão para os países em vias de desenvolvimento, ou do terceiro mundo, com o intuito de «explorar cruelmente» as populações nativas, como se de um mercado de escravos se tratasse, não encaixa na realidade. É evidente que existem excessos. É evidente que existem maus exemplos. Mas voltamos sempre à velha questão da árvore e da floresta. A esmagadora maioria do intercâmbio comercial e económico entre países ricos e países pobres é benéfico nos dois sentidos e a vários níveis: económico, social e tecnológico. E o critério para a deslocação não passa necessária e exclusivamente pelo do custo da mão-de-obra. Trata-se de uma conjugação de factores: estabilidade política interna, nível médio de qualificação da população activa, boas vias de comunicação e infra-estruturas, abertura da sociedade civil à mudança e à inovação, vontade dos governos em lançar mão de políticas externas tendentes a uma maior abertura ao exterior, etc. etc.
Regra geral, as multinacionais pagam mais do que os empregadores locais, empurrando, para cima, o nível real de salários. Os empregos nas multinacionais são disputados ávida e quase que violentamente, especialmente pelas mulheres (cuja perspectiva de arranjar emprego na industria e no comercio locais é infelizmente baixa, por motivos, sobretudo, culturais.) É óbvio que as condições de trabalho e o nível médio das remunerações continuam a ficar aquém dos dos paises de origem das multinacionais, ou seja, do que a ocidente. Mas é importante frisar que não sendo o “ideal”, neste caso estamos a falar do "possível". De um "possível" que não espera por ninguém. De um "possível" que, para além de exequível a curto prazo, contribui de facto para a subida generalizada dos padrões de vida das populações e para a melhoria das próprias condições de trabalho - quando comparadas com as que se apresentavam no passado, antes da abertura ao exterior. E não tenhamos medo: esse «intercâmbio» não deixa de ser um intercâmbio de interesses, mas de interesses r-e-c-í-p-r-o-c-o-s.
Sob o limbo das intenções e das dialécticas político-ideológicas, acerca de «modelos de crescimento», regulamentações e «constituições» à escala planetária (animado pelas luminárias de serviço), permanece, activo, um mundo real que não pára de se mexer e de se organizar. Um mundo feito de pessoas de carne e osso, que, passo a passo, objectivamente, através de um imparável sistema empírico de conjugação de interesses – onde umas vezes se cede, outras vezes se ganha – vão alcançando resultados práticos positivos para as suas vidas, com base em realidades que surpreendem e contrariam a doutrina da litania e a profecia do doomsday aplicada ao capitalismo. Tão queridas do Sr. Marx e dos seus devotos. Sim, que eles andam nai.
Segundo um estudo do Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada (IPEA), “as empresas estrangeiras no Brasil empregam mão-de-obra mais qualificada, pagam salários melhores e mantêm seu quadro de funcionários por um período mais longo do que as companhias brasileiras”. O estudo teve por base uma análise a mais de 20 mil empresas brasileiras.
”O indicador que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi a distância salarial entre uma e outra, que atingiu 156%. O estudo, que servirá de subsídio para as políticas de governo, mostrou que a escolaridade média da mão-de-obra nos grupos estrangeiros foi de 9,29 anos, enquanto nas brasileiras a média ficou em 6,72 anos. O tempo de permanência do trabalhador nas companhias estrangeiras foi de 62,51 meses, no período analisado. Já nas brasileiras foi de 43,16 meses.”
O resultado mais imediato desse descompasso entre o capital nacional e estrangeiro é a constatação de que as multinacionais exportam e importam um volume bem superior do que as empresas de capital nacional. As companhias estrangeiras exportaram, no período de 1996 e 2002, 17,3 milhões de dólares, em média, por ano. Já as brasileiras, apenas 3,1 milhões. Segundo Luciana Acioly, também co-autora do estudo, essas evidências mostram que isso ocorre por conta do "diferencial competitivo" das multinacionais face às firmas nacionais.
Os economistas concluem que as empresas estrangeiras incorporam tecnologia ao sector industrial brasileiro e que tal incorporação amplia a "capacidade competitiva" do Brasil no mercado internacional. A questão também é alvo de análise de outro economista do IPEA, Rogério Dias, que está terminando um trabalho sobre a influência do capital externo na inovação tecnológica do Brasil.
Isto não é novidade para ninguém. Ninguém? Estou a ser simpático. Emendo: não é novidade para quem estuda o fenómeno da «globalização» (que é, aliás, bastante velho) de forma séria e com a cabeça limpa da tralha ideológica (de preferência da pseudo neo-marxista, que de «neo» só tem o jargão). Quem assim o estuda, sabe, por exemplo, que a ladainha segundo a qual as multinacionais vão para os países em vias de desenvolvimento, ou do terceiro mundo, com o intuito de «explorar cruelmente» as populações nativas, como se de um mercado de escravos se tratasse, não encaixa na realidade. É evidente que existem excessos. É evidente que existem maus exemplos. Mas voltamos sempre à velha questão da árvore e da floresta. A esmagadora maioria do intercâmbio comercial e económico entre países ricos e países pobres é benéfico nos dois sentidos e a vários níveis: económico, social e tecnológico. E o critério para a deslocação não passa necessária e exclusivamente pelo do custo da mão-de-obra. Trata-se de uma conjugação de factores: estabilidade política interna, nível médio de qualificação da população activa, boas vias de comunicação e infra-estruturas, abertura da sociedade civil à mudança e à inovação, vontade dos governos em lançar mão de políticas externas tendentes a uma maior abertura ao exterior, etc. etc.
Regra geral, as multinacionais pagam mais do que os empregadores locais, empurrando, para cima, o nível real de salários. Os empregos nas multinacionais são disputados ávida e quase que violentamente, especialmente pelas mulheres (cuja perspectiva de arranjar emprego na industria e no comercio locais é infelizmente baixa, por motivos, sobretudo, culturais.) É óbvio que as condições de trabalho e o nível médio das remunerações continuam a ficar aquém dos dos paises de origem das multinacionais, ou seja, do que a ocidente. Mas é importante frisar que não sendo o “ideal”, neste caso estamos a falar do "possível". De um "possível" que não espera por ninguém. De um "possível" que, para além de exequível a curto prazo, contribui de facto para a subida generalizada dos padrões de vida das populações e para a melhoria das próprias condições de trabalho - quando comparadas com as que se apresentavam no passado, antes da abertura ao exterior. E não tenhamos medo: esse «intercâmbio» não deixa de ser um intercâmbio de interesses, mas de interesses r-e-c-í-p-r-o-c-o-s.
Sob o limbo das intenções e das dialécticas político-ideológicas, acerca de «modelos de crescimento», regulamentações e «constituições» à escala planetária (animado pelas luminárias de serviço), permanece, activo, um mundo real que não pára de se mexer e de se organizar. Um mundo feito de pessoas de carne e osso, que, passo a passo, objectivamente, através de um imparável sistema empírico de conjugação de interesses – onde umas vezes se cede, outras vezes se ganha – vão alcançando resultados práticos positivos para as suas vidas, com base em realidades que surpreendem e contrariam a doutrina da litania e a profecia do doomsday aplicada ao capitalismo. Tão queridas do Sr. Marx e dos seus devotos. Sim, que eles andam nai.
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