BÉÉÉ (COMO A OVELHA)
ou A Minha Vez De Bater No Bloco
Não há paciência para o moralismo e para a arrogância de Francisco Louçã. Dizem coisas de Paulo Portas, mas Louçã é, na sua altivez e proverbial presunção, muito pior. O estilo e a atitude de Louçã representam, aliás, o cânone do seu partido: a pregação de um moralismo hipócrita, aliado à demagogia mais primária.
Ao contrário do que se pretende vender, o Bloco de Esquerda é um partido extremamente intolerante, maniqueísta e reaccionário, que se auto-segrega deliberadamente por força da sua soberba. A sua metodologia é a do franco-atirador: disparos avulsos sobre alvos em movimento, mas sem estratégia ou visão global abrangente. Ideias formadas e consolidadas sobre o que fazer com a Economia, a Educação, a Saúde ou a Justiça? Não se lhes conhecesse uma. Todos nós sabemos quais são as posições do Bloco sobre a droga, o aborto, os imigrantes, o racismo, mas sobre os temas mais prementes e que mais directamente têm que ver com o dia-a-dia do comum dos mortais, parece repousar um manto que emudece todo e qualquer dirigente bloquista (o que confirma a suspeita: o Bloco é um partido de e para «franjas»). Por exemplo: o que é que os bloquistas pensam da iniciativa privada e das empresas? Como torná-las mais competitivas? O que pensam do problema da produtividade? Como «atacar» os mercados externos? Que mecanismos deve o Estado disponibilizar? Deve o Estado disponibilizar alguma coisa às empresas? Que experiência ou conhecimento tem Louçã, Portas, Rosas ou Fazenda do que significa gerir uma empresa ou um conjunto de pessoas? Que solução preconizam para acabar com as listas de espera nos hospitais? Que medidas se podem tomar para tornar os hospitais mais eficientes sem se hipotecar a qualidade dos serviços prestados? Como tornar a justiça mais célere? Qual é a sua política para o ensino básico? Nada. Absolutamente nada. São temas que não fazem parte da «agenda» - a bendita e já famosa «agenda» do Bloco de Esquerda.
Depois, qualquer aproximação a temas mais genéricos é levada a cabo pela já famosa cassete: contra o sistema capitalista, contra a globalização, contra o modelo liberal, contra o imperialismo, contra o «neo-colonialismo», marchar, marchar, marchar! Como o próprio nome deixa antever, o "Bloco" é sempre contra muita coisa. Não é de estranhar: por detrás dos slogans berrados, do olhar arrogante e maniqueísta dirigido aos «outros» e da irresponsabilidade das suas propostas (ainda há tempos propunham a nacionalização da Bombardier), esconde-se a certeza de que jamais chegarão ao poder – facto que os deixa livres para dizer o que é sempre fácil dizer, soterrando algumas ideias interessantes por um oceano de inconsciência pueril.
A constante insinuação da sua «pureza e altruísmo», de quem luta pelos «pobres e desfavorecidos» e pelas «minorias» - ao contrário, por exemplo, da direita dos «interesses» - chega a ser obscena. Mas o que é verdadeiramente obsceno é a forma como os bloquistas em geral, e os seus dirigentes em particular, se tentam apropriar dos bons costumes, das boas intenções e dos sentimentos mais nobres, fazendo-os seus. A patente da seriedade e da bondade parece ter sido adquirida, algures no tempo, pelo Bloco. O resto – a malícia, a má-fé, o egoísmo, o desamor ao próximo, o materialismo, a intolerância, o xenofobismo e por aí fora – pertence irremediavelmente aos «outros», ou, como lhes chamava o Dr. Rosas, aos “engomadinhos e pomposos nesse estilo de compromisso entre o vendedor de Alfa Romeos e o estagiário pretensioso de firma chique de advogados, com o seu convencionalismo postiço”. No fundo, é disto de que o Bloco se alimenta: do estereótipo e do preconceito, enrolados em clichés velhos e slogans baratos, que saem da sua palavrosa boca a uma velocidade estonteante. O respeito, o benefício da dúvida, a tolerância, o saber ouvir e, eventualmente, o saber pensar, fazem parte de um pais longínquo para quem se julga acima da ralé e de qualquer suspeita.
Curioso é que, no seio de tanta clarividência e de tanto génio, ainda ninguém dentro do partido reparou que, com o passar do tempo, o discurso e os sound bytes do Bloco de Esquerda estão a tornar-se numa espécie de ladainha surda, inconsequente e extremamente previsível.
ou A Minha Vez De Bater No Bloco
Não há paciência para o moralismo e para a arrogância de Francisco Louçã. Dizem coisas de Paulo Portas, mas Louçã é, na sua altivez e proverbial presunção, muito pior. O estilo e a atitude de Louçã representam, aliás, o cânone do seu partido: a pregação de um moralismo hipócrita, aliado à demagogia mais primária.
Ao contrário do que se pretende vender, o Bloco de Esquerda é um partido extremamente intolerante, maniqueísta e reaccionário, que se auto-segrega deliberadamente por força da sua soberba. A sua metodologia é a do franco-atirador: disparos avulsos sobre alvos em movimento, mas sem estratégia ou visão global abrangente. Ideias formadas e consolidadas sobre o que fazer com a Economia, a Educação, a Saúde ou a Justiça? Não se lhes conhecesse uma. Todos nós sabemos quais são as posições do Bloco sobre a droga, o aborto, os imigrantes, o racismo, mas sobre os temas mais prementes e que mais directamente têm que ver com o dia-a-dia do comum dos mortais, parece repousar um manto que emudece todo e qualquer dirigente bloquista (o que confirma a suspeita: o Bloco é um partido de e para «franjas»). Por exemplo: o que é que os bloquistas pensam da iniciativa privada e das empresas? Como torná-las mais competitivas? O que pensam do problema da produtividade? Como «atacar» os mercados externos? Que mecanismos deve o Estado disponibilizar? Deve o Estado disponibilizar alguma coisa às empresas? Que experiência ou conhecimento tem Louçã, Portas, Rosas ou Fazenda do que significa gerir uma empresa ou um conjunto de pessoas? Que solução preconizam para acabar com as listas de espera nos hospitais? Que medidas se podem tomar para tornar os hospitais mais eficientes sem se hipotecar a qualidade dos serviços prestados? Como tornar a justiça mais célere? Qual é a sua política para o ensino básico? Nada. Absolutamente nada. São temas que não fazem parte da «agenda» - a bendita e já famosa «agenda» do Bloco de Esquerda.
Depois, qualquer aproximação a temas mais genéricos é levada a cabo pela já famosa cassete: contra o sistema capitalista, contra a globalização, contra o modelo liberal, contra o imperialismo, contra o «neo-colonialismo», marchar, marchar, marchar! Como o próprio nome deixa antever, o "Bloco" é sempre contra muita coisa. Não é de estranhar: por detrás dos slogans berrados, do olhar arrogante e maniqueísta dirigido aos «outros» e da irresponsabilidade das suas propostas (ainda há tempos propunham a nacionalização da Bombardier), esconde-se a certeza de que jamais chegarão ao poder – facto que os deixa livres para dizer o que é sempre fácil dizer, soterrando algumas ideias interessantes por um oceano de inconsciência pueril.
A constante insinuação da sua «pureza e altruísmo», de quem luta pelos «pobres e desfavorecidos» e pelas «minorias» - ao contrário, por exemplo, da direita dos «interesses» - chega a ser obscena. Mas o que é verdadeiramente obsceno é a forma como os bloquistas em geral, e os seus dirigentes em particular, se tentam apropriar dos bons costumes, das boas intenções e dos sentimentos mais nobres, fazendo-os seus. A patente da seriedade e da bondade parece ter sido adquirida, algures no tempo, pelo Bloco. O resto – a malícia, a má-fé, o egoísmo, o desamor ao próximo, o materialismo, a intolerância, o xenofobismo e por aí fora – pertence irremediavelmente aos «outros», ou, como lhes chamava o Dr. Rosas, aos “engomadinhos e pomposos nesse estilo de compromisso entre o vendedor de Alfa Romeos e o estagiário pretensioso de firma chique de advogados, com o seu convencionalismo postiço”. No fundo, é disto de que o Bloco se alimenta: do estereótipo e do preconceito, enrolados em clichés velhos e slogans baratos, que saem da sua palavrosa boca a uma velocidade estonteante. O respeito, o benefício da dúvida, a tolerância, o saber ouvir e, eventualmente, o saber pensar, fazem parte de um pais longínquo para quem se julga acima da ralé e de qualquer suspeita.
Curioso é que, no seio de tanta clarividência e de tanto génio, ainda ninguém dentro do partido reparou que, com o passar do tempo, o discurso e os sound bytes do Bloco de Esquerda estão a tornar-se numa espécie de ladainha surda, inconsequente e extremamente previsível.
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