O MacGuffin

domingo, maio 02, 2004

DICA DO ANO
ou Deixem O “Brik” E Passem Para O “Prisma Aseptic With Stream Cap"!
Observa-se o recipiente em forma de paralelepípedo rectângulo, normalmente pela manhã, quando as little grey cells, ainda atordoadas, procuram acomodar-se à sua função diária (para alguns), que é, como se sabe, a de permitir pensar. Pegamos no dito e constatamos a existência de duas enigmáticas orelhas, produto das pregas formadas pela dobra do acabamento superior desse invólucro de cartolina maleável que dá pelo nome de Tetra Brik, internamente revestido por uma película plastificada e asséptica, que está em contacto directo com o liquido - a que, no presente caso, se lhe atribuiu o nome de leite (embora de leite possa ter pouco). Numa das orelhas encontra-se a inscrição “Abertura Fácil”, revelação que fará sorrir os mais incautos e imberbes, perante a perspectiva de poder encetar o recipiente de forma simples, rápida e cómoda. Os mais batidos nestas andanças sabem que não é bem assim. Sabem que “Abertura Fácil” é sinónimo de “não querias mais nada, não?” Tanto uns (os caçulas), como outros (os experientes) notam que, junto a essa idílica mensagem, avista-se uma espécie de micropicotado por onde, suposta e logicamente, se iriam separar milhares de moléculas, dando lugar a uma abertura, vulgo buraco. A diferença é que os mais experientes sabem duas coisas que os outros não sabem: 1.ª) as moléculas, nessa particular tirinha micropicotada, amotinaram-se, encontrando-se agarradinhas que nem lapas; 2.ª) o esforço que advém do ponto em que a fibra nervosa portadora da mensagem “rasgar pelo picotado”, encontra a fibra muscular, dando origem às carga eléctricas que desencadearão a acção muscular dos deltóides, trícepes, grande palmar, extensores e interdigitais, é proporcional à quantidade de leite que irá bolsar da boca que se pretende abrir, com particular prejuízo para as fibras naturais e/ou sintéticas que formam a roupa que, àquelas horas da manhã, ousamos envergar. Daí que, os mais experientes, dêem a volta ao texto, utilizando, para o efeito, o serviço de uma tesoura, sabendo que com isso poderão, também, abrir um buraco dez vezes menor (mas mais do que suficiente) que o contorno do micropicotado fazia adivinhar. Ultrapassado esse primeiro embate, segue-se o passo seguinte: verter o liquido no copo. Já que, até esse momento, tudo correu de forma fácil, eficiente e segura, a Tetra Pak (casa do Tetra Brik) reserva-nos um pequeno teste aos nossos reflexos e à nossa capacidade de concentração: controlar o fluxo de saída do liquido, nos vários momentos do ciclo. Os que já passaram por isso, estão agora familiarizados com um movimento que veio a ficar conhecido, internacionalmente, como “o passo tetra”: um movimento brusco para trás, da anca e dos braços, despoletado pela percepção dos primeiros salpicos, provenientes da fase em que o descontrolo do fluxo passou a ser total - consubstanciado por uma série de regurgitamentos caóticos. Convém, por isso, avançar com aquela que, até ver, é a dica do ano: com a mesma tesoura, abram, na orelha oposta, um buraco de iguais dimensões. Ou seja, pela vossa saúde: furem as duas orelhas ao Pak.



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