CARO JMF
Call me stupid, call me mad, mas o que eu queria mesmo era o jackpot:
a) Que um véu de serenidade, equilíbrio e moderação caísse sobre o caso Casa Pia, posição que entrevejo nos escritos de Pacheco Pereira e Alberto Gonçalves;
b) Que a liberdade de imprensa não fosse «refreada» (posição que entrevejo nos escritos do meu amigo João Pereira Coutinho).
É certo que foram já cometidos vários excessos por parte de orgãos de comunicação social. É certo que considero completamente ridícula a forma como certos jornalistas pernoitam à porta do TIC ou do DIAP, ou espetam os seus microfones na cara do Dr. Sá Fernandes ou do Dr. Serra Lopes. Acho perfeitamente dispensáveis, e muitas vezes lamentáveis, certas manchetes choque. Mas sou daqueles (provavelmente pertencerei a uma minoria, a que pertence também JPC) que pensa que estes «excessos» - cometidos por saloiice, amadorismo, incompetência ou, nas palavras do Dr. Ferro Rodrigues, "patifaria" - não são nada quando comparados com o contributo que os media têm dado para que a nossa tenrinha democracia desbrave caminho, nesta como noutras questões. Confuso? Não esteja. Bem sei que Portugal se transformou num país de «especialistas». Não há cão nem gato (o meu caso, por exemplo) que não opine sobre o processo Casa Pia, sobre a putativa crise do sistema judicial, sobre Finanças Públicas ou sobre as tácticas do engenheiro de Alvalade. A culpa, podem dizê-lo, é do circo mediático. Mas foi graças à liberdade que nos assiste e ao circo mediático que nela se desenrola que juízes, MP, advogados, legisladores e professores catedráticos sentiram a necessidade de discutir temas tão sensíveis como a prisão preventiva, as cartas anónimas, o segredo de justiça, etc. Foi graças à publicidade deste caso que, interna e exteriormente, se questionaram princípios, preceitos e metodologias - mesmo que, na maior parte das vezes, se tenham vindo a confirmar como as mais correctas. E isso é extremamente positivo. O que eu não quero, e considero extremamente perigoso, é que em nome de um melindre mais ou menos fundamentado (e os mecanismos legais estão aí, para que se possam pedir contas), se belisque um dos principais pilares no que respeita ao escrutínio a que todos devemos estar sujeitos em democracia. JMF fala da imaturidade e do amadorismo dos jornalistas portugueses. Sobre isso não posso ajuizar: não conheço a seita nem nunca trabalhei numa redacção. Sei, apenas, que em Inglaterra e nos EUA (países com uma longa tradição democrática) notícias sensacionalistas, excessos de conduta e atropelos ao bom nome das pessoas - servidas por tablóides que dão mau nome ao vocábulo - são mato. Que eu saiba, não se convocam Conselhos de Estado, não se vislumbram dirigentes políticos falando em “combates de uma vida inteira”, não se lançam teses de “cabalas”, nem se assistem a declarações públicas e dramáticas de altos representantes da nação por dá cá aquela palha. As mesmíssimas insinuações existem. Os mesmíssimos «excessos» são cometidos. É, se quiser, um mal menor tacitamente aceite, que a sociedade civil gere conforme lhe aprouver. Se necessário recorrendo aos tribunais.
De resto, o meu amigo não tem lido o que eu aqui tenho escrito com a devida atenção (provavelmente a atitude mais acertada). Lembro o que escrevi: “Esta ideia de legislar para balizar a liberdade de imprensa, face aos últimos acontecimentos do caso Casa Pia, é uma ideia completamente absurda. E não me agradou nada verificar que essa sugestão tivesse partido da bancada do PSD, agora que nomes desse partido vieram à baila. Se, até à data, o PSD se tinha pautado pela discrição que o caso exige, esta ideia denota uma reacção apressada de última hora.”
Quanto ao poeta Alegre (por quem não nutro o mais leve ódio, antes pelo contrário), limitei-me a atribuir-lhe a autoria da ideia de se convocar um Conselho de Estado (ler “Conselho de Estado” com a gravidade do tom de voz do Christopher Lee) para discutir o processo Casa Pia – ideia que considero impertinente. O meu amigo acha que essa ideia não surgiu “apenas por causa da cobertura mediática do processo.” Pois…
Call me stupid, call me mad, mas o que eu queria mesmo era o jackpot:
a) Que um véu de serenidade, equilíbrio e moderação caísse sobre o caso Casa Pia, posição que entrevejo nos escritos de Pacheco Pereira e Alberto Gonçalves;
b) Que a liberdade de imprensa não fosse «refreada» (posição que entrevejo nos escritos do meu amigo João Pereira Coutinho).
É certo que foram já cometidos vários excessos por parte de orgãos de comunicação social. É certo que considero completamente ridícula a forma como certos jornalistas pernoitam à porta do TIC ou do DIAP, ou espetam os seus microfones na cara do Dr. Sá Fernandes ou do Dr. Serra Lopes. Acho perfeitamente dispensáveis, e muitas vezes lamentáveis, certas manchetes choque. Mas sou daqueles (provavelmente pertencerei a uma minoria, a que pertence também JPC) que pensa que estes «excessos» - cometidos por saloiice, amadorismo, incompetência ou, nas palavras do Dr. Ferro Rodrigues, "patifaria" - não são nada quando comparados com o contributo que os media têm dado para que a nossa tenrinha democracia desbrave caminho, nesta como noutras questões. Confuso? Não esteja. Bem sei que Portugal se transformou num país de «especialistas». Não há cão nem gato (o meu caso, por exemplo) que não opine sobre o processo Casa Pia, sobre a putativa crise do sistema judicial, sobre Finanças Públicas ou sobre as tácticas do engenheiro de Alvalade. A culpa, podem dizê-lo, é do circo mediático. Mas foi graças à liberdade que nos assiste e ao circo mediático que nela se desenrola que juízes, MP, advogados, legisladores e professores catedráticos sentiram a necessidade de discutir temas tão sensíveis como a prisão preventiva, as cartas anónimas, o segredo de justiça, etc. Foi graças à publicidade deste caso que, interna e exteriormente, se questionaram princípios, preceitos e metodologias - mesmo que, na maior parte das vezes, se tenham vindo a confirmar como as mais correctas. E isso é extremamente positivo. O que eu não quero, e considero extremamente perigoso, é que em nome de um melindre mais ou menos fundamentado (e os mecanismos legais estão aí, para que se possam pedir contas), se belisque um dos principais pilares no que respeita ao escrutínio a que todos devemos estar sujeitos em democracia. JMF fala da imaturidade e do amadorismo dos jornalistas portugueses. Sobre isso não posso ajuizar: não conheço a seita nem nunca trabalhei numa redacção. Sei, apenas, que em Inglaterra e nos EUA (países com uma longa tradição democrática) notícias sensacionalistas, excessos de conduta e atropelos ao bom nome das pessoas - servidas por tablóides que dão mau nome ao vocábulo - são mato. Que eu saiba, não se convocam Conselhos de Estado, não se vislumbram dirigentes políticos falando em “combates de uma vida inteira”, não se lançam teses de “cabalas”, nem se assistem a declarações públicas e dramáticas de altos representantes da nação por dá cá aquela palha. As mesmíssimas insinuações existem. Os mesmíssimos «excessos» são cometidos. É, se quiser, um mal menor tacitamente aceite, que a sociedade civil gere conforme lhe aprouver. Se necessário recorrendo aos tribunais.
De resto, o meu amigo não tem lido o que eu aqui tenho escrito com a devida atenção (provavelmente a atitude mais acertada). Lembro o que escrevi: “Esta ideia de legislar para balizar a liberdade de imprensa, face aos últimos acontecimentos do caso Casa Pia, é uma ideia completamente absurda. E não me agradou nada verificar que essa sugestão tivesse partido da bancada do PSD, agora que nomes desse partido vieram à baila. Se, até à data, o PSD se tinha pautado pela discrição que o caso exige, esta ideia denota uma reacção apressada de última hora.”
Quanto ao poeta Alegre (por quem não nutro o mais leve ódio, antes pelo contrário), limitei-me a atribuir-lhe a autoria da ideia de se convocar um Conselho de Estado (ler “Conselho de Estado” com a gravidade do tom de voz do Christopher Lee) para discutir o processo Casa Pia – ideia que considero impertinente. O meu amigo acha que essa ideia não surgiu “apenas por causa da cobertura mediática do processo.” Pois…
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