LARKIN, PHILIP
’Who called love conquering’
Who called love conquering,
When its sweet flower
So easily dries among the sour
Lanes of the living?
Flowerless demonstrative weeds
Selfishly spread,
The white bride drowns in her bed
And tiny curled greeds
Grapple the sun down
By three o’clock
When the dire cloak of dark
Stiffens the town.
17 July 1959 xx
A poesia de Philip Larkin – rigorosa, austera, diria mesmo «reaccionária» – contínua a representar uma espécie de ‘back to basics’ com direito a ‘punch’ de ressaca. Percorrida por um contínuo e melancólico lirismo encantatório, por vezes insuportavelmente amargo, a sua obra parece funcionar como câmara de descompressão relativamente ao nosso ordinário limbo existencial - saturado de embriaguez, volúpia e volubilidade. Câmara essa na qual, é bom que se diga, os seus indefectíveis leitores parecem sempre dispostos a entrar, como se nos fosse próxima e familiar essa descida - não ao inferno, mas à vida, tal qual ela é. Impressiona a forma como, do belo, Larkin descobre um irresistível lado ‘sad & bitter’, a fazer lembrar a canção de David Byrne: “Would you like to be said?/ Would you like me to teach you?/ Well, you can learn to be sad/ but you must practice like I do”. Certo é que a desolação e o desespero em Larkin, de tão pessoais e sentidos, tornaram-se universais. “Deprivation for me is what daffodils were for Wordsworth”, disse uma vez o poeta. Há, nas suas palavras tristes e poeticamente dolorosas, uma universalidade que nos convoca, embora não nos redima. Por exemplo, o medo da morte é o nosso medo – embora insistamos em soterrá-lo quotidianamente. Tal como em Beckett, a obra de Larkin (infelizmente escassa) transmite-nos a cristalina mas cruel sensação de quão frágil e absurda é a vida humana. E de como, sem nos darmos conta, por entre o progresso técnico, a modernidade e a urgência da perfeição, trilhámos, algures no tempo, o caminho da decadência.
”Life is first boredom, then fear.
Whether or not we use it, it goes,
And leaves what something hidden from us chose,
And age, and then the only end of age.”
Ou, como escreveu Beckett, “Enquanto há vida, há desespero”.
’Who called love conquering’
Who called love conquering,
When its sweet flower
So easily dries among the sour
Lanes of the living?
Flowerless demonstrative weeds
Selfishly spread,
The white bride drowns in her bed
And tiny curled greeds
Grapple the sun down
By three o’clock
When the dire cloak of dark
Stiffens the town.
17 July 1959 xx
A poesia de Philip Larkin – rigorosa, austera, diria mesmo «reaccionária» – contínua a representar uma espécie de ‘back to basics’ com direito a ‘punch’ de ressaca. Percorrida por um contínuo e melancólico lirismo encantatório, por vezes insuportavelmente amargo, a sua obra parece funcionar como câmara de descompressão relativamente ao nosso ordinário limbo existencial - saturado de embriaguez, volúpia e volubilidade. Câmara essa na qual, é bom que se diga, os seus indefectíveis leitores parecem sempre dispostos a entrar, como se nos fosse próxima e familiar essa descida - não ao inferno, mas à vida, tal qual ela é. Impressiona a forma como, do belo, Larkin descobre um irresistível lado ‘sad & bitter’, a fazer lembrar a canção de David Byrne: “Would you like to be said?/ Would you like me to teach you?/ Well, you can learn to be sad/ but you must practice like I do”. Certo é que a desolação e o desespero em Larkin, de tão pessoais e sentidos, tornaram-se universais. “Deprivation for me is what daffodils were for Wordsworth”, disse uma vez o poeta. Há, nas suas palavras tristes e poeticamente dolorosas, uma universalidade que nos convoca, embora não nos redima. Por exemplo, o medo da morte é o nosso medo – embora insistamos em soterrá-lo quotidianamente. Tal como em Beckett, a obra de Larkin (infelizmente escassa) transmite-nos a cristalina mas cruel sensação de quão frágil e absurda é a vida humana. E de como, sem nos darmos conta, por entre o progresso técnico, a modernidade e a urgência da perfeição, trilhámos, algures no tempo, o caminho da decadência.
”Life is first boredom, then fear.
Whether or not we use it, it goes,
And leaves what something hidden from us chose,
And age, and then the only end of age.”
Ou, como escreveu Beckett, “Enquanto há vida, há desespero”.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial