VAI UMA APOSTA?
Todos os anos é a mesma coisa. Lamentam-se os incêndios, descompõem-se os incendiários, prometem-se mundos e fundos. Depois? Bom, depois vem o doce e refrescante Outono e a memória dos incêndios fica longínqua, difusa, como se de um pesadelo se tratasse e quisesse esquecer. “Para o ano logo se vê”, parece ser o mote.
Este ano já arderam 80.000 ha, dos quais 54.000 «apenas» na última semana. Leram bem: oitenta mil hectares. Ontem, combatiam-se 522 incêndios, espalhados um pouco por todo o país. Leram bem: quinhentos e vinte e dois. Paralelamente, regressaram os debates clássicos, as indignações da praxe, o eterno «diagnóstico da situação». E o diagnóstico é este: o Estado não dá o exemplo, no que respeita à manutenção das suas florestas e ao trabalho de prevenção de incêndios; os particulares não se sensibilizam para a limpeza das matas, e continuam a não respeitar, em volta das suas casas, uma zona de exclusão de arborização; as festanças de aldeia continuam a não dispensar os foguetes; a falta de civismo continua a permitir que a boa da beata voe janela fora, para aterrar em cheio num local bem quentinho, repleto de natureza inflamável; não se criam suficientes corredores nas serras e montanhas - para a circulação de meios e como barreira natural à propagação dos incêndios; os bombeiros estão pauperrimamente apetrechados e deficientemente organizados; os meios aéreos de combate aos incêndios são escassos; a Protecção Civil é uma anedota. Desta vez, o gritante amadorismo - não estando em causa a coragem, a dignidade e a força de vontade dos homens que lutaram contra as chamas - das organizações envolvidas no combate aos incêndios teve direito a prime-time. Só não viu quem não quis.
Em boa verdade, todos sabemos o que se passa, só que fingimos não saber. E todos os anos acabamos a chorar os mortos, a mimar os feridos, a lamentar os hectares de «riqueza» ardida. Claro está: até ao próximo ano, altura em que o pesadelo voltará. Entendamo-nos: isto só lá vai quando tudo tiver ardido. Vai uma aposta?
Todos os anos é a mesma coisa. Lamentam-se os incêndios, descompõem-se os incendiários, prometem-se mundos e fundos. Depois? Bom, depois vem o doce e refrescante Outono e a memória dos incêndios fica longínqua, difusa, como se de um pesadelo se tratasse e quisesse esquecer. “Para o ano logo se vê”, parece ser o mote.
Este ano já arderam 80.000 ha, dos quais 54.000 «apenas» na última semana. Leram bem: oitenta mil hectares. Ontem, combatiam-se 522 incêndios, espalhados um pouco por todo o país. Leram bem: quinhentos e vinte e dois. Paralelamente, regressaram os debates clássicos, as indignações da praxe, o eterno «diagnóstico da situação». E o diagnóstico é este: o Estado não dá o exemplo, no que respeita à manutenção das suas florestas e ao trabalho de prevenção de incêndios; os particulares não se sensibilizam para a limpeza das matas, e continuam a não respeitar, em volta das suas casas, uma zona de exclusão de arborização; as festanças de aldeia continuam a não dispensar os foguetes; a falta de civismo continua a permitir que a boa da beata voe janela fora, para aterrar em cheio num local bem quentinho, repleto de natureza inflamável; não se criam suficientes corredores nas serras e montanhas - para a circulação de meios e como barreira natural à propagação dos incêndios; os bombeiros estão pauperrimamente apetrechados e deficientemente organizados; os meios aéreos de combate aos incêndios são escassos; a Protecção Civil é uma anedota. Desta vez, o gritante amadorismo - não estando em causa a coragem, a dignidade e a força de vontade dos homens que lutaram contra as chamas - das organizações envolvidas no combate aos incêndios teve direito a prime-time. Só não viu quem não quis.
Em boa verdade, todos sabemos o que se passa, só que fingimos não saber. E todos os anos acabamos a chorar os mortos, a mimar os feridos, a lamentar os hectares de «riqueza» ardida. Claro está: até ao próximo ano, altura em que o pesadelo voltará. Entendamo-nos: isto só lá vai quando tudo tiver ardido. Vai uma aposta?
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