Dia 24, sff
A corrida para as presidências terminou e, com ela, uma campanha que não ficará para a história do Portugal democrático. A ficar na memória, será por motivos pouco edificantes: quatro pseudocandidatos (Coelho, Alegre, Nobre, Moura) e um candidato «programático» para consumo do eleitorado de um partido (Lopes), apresentaram-se ao país com o nobilíssimo intuito de derrubar o ogre de Belém. Ou seja, cinco das seis candidaturas nasceram não a favor de ideias ou «programas» (seja lá o que isso for), mas contra o único candidato com estatuto e dignidade «profissional» para exercer o cargo. Reconheça-se, ao menos, o respeito por Cavaco Silva.
A apoiar a estratégia de combate (ou, se quiserem, a «campanha negativa») dos quatro pseudos e do palavroso aparelhista, esteve a mui nobre e eficaz máquina propagandista do Partido Socialista (e do governo) – que, para além de ter lançado na corrida o Dr. Defensor Moura como veículo da táctica de ataque revanchista à la Freeport (o não-caso BPN), imprimiu a temática e o rumo dos acontecimentos. Em bom rigor, ninguém, nem mesmo Cavaco Silva, se destacou por ter dito algo de convincente ou acima do banal, com a importante excepção de Cavaco Silva ter sido o único a revelar conhecimento dos poderes e consciência das limitações do exercício do cargo.
A bravata de Alegre, para além de ter ido a reboque, durante alguns dias, do não-caso BPN, limitou-se à retórica laudatória do «Estado Social», que Alegre, por várias vezes instigado a explicar no concreto o que queria dizer, demonstrou não ter do mesmo a mais pálida ideia (a não ser umas frases meio poéticas sobre os «desfavorecidos» e as «injustiças»). Fernando Nobre, por esta altura arrependidíssimo caso o seu altruísta encéfalo tenha resistido a tanta picada de mosquito por terras africanas, revelou total inépcia para o discurso político, facto perfeitamente consentâneo com a sua postura «a política à portuguesa é uma choldra e eu não tenho nada a ver com essa canalha, ok?». De resto, nada mais disse. José Manuel Coelho, de que Pacheco Pereira achou piada, adoptou a figura do maluquinho que lá vai dizendo umas verdades de forma castiça, para gáudio do povo revisteiro, mas em boa verdade não dizendo coisa com coisa (ver a entrevista do Rui Castro ao candidato). Defensor Moura foi o candidato instrumental na campanha Cavaco-BPN (levando à histeria e ao delírio anticavaquista a Dra. Ferreira Alves), aproveitando o tempo de antena para defender a perspectiva regionalista do país. Finalmente, Francisco Lopes pôs a cassete do Partido Comunista: o Estado tem que tirar aos capitalistas para dar aos trabalhadores. Um marxista será sempre um marxista.
Amanhã, se as coisas correrem de feição a Portugal, Cavaco Silva será eleito à primeira volta. É, no mínimo, tenebrosa a ideia de ver qualquer outro dos cinco candidatos sentado em Belém. E penosa a perspectiva de uma segunda volta, com mais do mesmo.
Dia 24, regressemos à realidade.
(publicado originalmente aqui)
A apoiar a estratégia de combate (ou, se quiserem, a «campanha negativa») dos quatro pseudos e do palavroso aparelhista, esteve a mui nobre e eficaz máquina propagandista do Partido Socialista (e do governo) – que, para além de ter lançado na corrida o Dr. Defensor Moura como veículo da táctica de ataque revanchista à la Freeport (o não-caso BPN), imprimiu a temática e o rumo dos acontecimentos. Em bom rigor, ninguém, nem mesmo Cavaco Silva, se destacou por ter dito algo de convincente ou acima do banal, com a importante excepção de Cavaco Silva ter sido o único a revelar conhecimento dos poderes e consciência das limitações do exercício do cargo.
A bravata de Alegre, para além de ter ido a reboque, durante alguns dias, do não-caso BPN, limitou-se à retórica laudatória do «Estado Social», que Alegre, por várias vezes instigado a explicar no concreto o que queria dizer, demonstrou não ter do mesmo a mais pálida ideia (a não ser umas frases meio poéticas sobre os «desfavorecidos» e as «injustiças»). Fernando Nobre, por esta altura arrependidíssimo caso o seu altruísta encéfalo tenha resistido a tanta picada de mosquito por terras africanas, revelou total inépcia para o discurso político, facto perfeitamente consentâneo com a sua postura «a política à portuguesa é uma choldra e eu não tenho nada a ver com essa canalha, ok?». De resto, nada mais disse. José Manuel Coelho, de que Pacheco Pereira achou piada, adoptou a figura do maluquinho que lá vai dizendo umas verdades de forma castiça, para gáudio do povo revisteiro, mas em boa verdade não dizendo coisa com coisa (ver a entrevista do Rui Castro ao candidato). Defensor Moura foi o candidato instrumental na campanha Cavaco-BPN (levando à histeria e ao delírio anticavaquista a Dra. Ferreira Alves), aproveitando o tempo de antena para defender a perspectiva regionalista do país. Finalmente, Francisco Lopes pôs a cassete do Partido Comunista: o Estado tem que tirar aos capitalistas para dar aos trabalhadores. Um marxista será sempre um marxista.
Amanhã, se as coisas correrem de feição a Portugal, Cavaco Silva será eleito à primeira volta. É, no mínimo, tenebrosa a ideia de ver qualquer outro dos cinco candidatos sentado em Belém. E penosa a perspectiva de uma segunda volta, com mais do mesmo.
Dia 24, regressemos à realidade.
(publicado originalmente aqui)
2 Comentários:
" (...)com a importante excepção de Cavaco Silva ter sido o único a revelar conhecimento dos poderes e consciência das limitações do exercício do cargo.(...)"
Mas se ao fim deste tempo de experiência não tinha ao menos isso, 'caraças'...!
E não é lá muito elogioso ser considerado quase que apenas por exclusão de partes, pois não?
Nã..., já ganhou, mas falta... paixão.
E isso é o sal da vida.
Não sei como ainda conseguem defender cavaco, mas enfim!! O populismo e a demagogia estão bastante presentes aqui!!!É o país que temos....
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