Olha, olha, há tiros em Teerão...
O tom da generalidade das reacções às notícias sobre a repressão violenta das manifestações no Irão, parecem remeter-nos para o tipo de reacções que suscitariam as mesmas notícias caso tivessem lugar na Suécia ou na Dinamarca.
Há gente surpreendida e atónita com os «tiros» e os «mortos» nas ruas de Teerão. Meus caros: é bom lembrar que o Irão foi e continua a ser uma teocracia repressiva, onde os direitos e as liberdades, tal como as conhecemos a ocidente - e reconhecemos, uns mais que outros, é certo, como ideais -, são regularmente desrespeitadas, nuns casos, e pura e simplesmente inexistentes, noutros. Que haja alguém que se surpreenda com a repressão criminosa das manifestações ou com a violência das próprias manifestações (que não se pense que os manifestantes sejam anjinhos encartados) só redunda em ignorância ou num exercício de benevolência retroactiva relativamente ao regime dos ayatollas. Atrevo-me a repetir: Moussavi pode ser um «moderado», mas se todos conhecessem o seu pensamento político de facto (sobre o nuclear, Israel, os EUA, etc.) e a sua opinião sobre os usos e costumes na sua rica terrinha, estariam por esta altura bem mais cépticos relativamente ao suposto «ponto de viragem» ou, como já vi escrito, à hipotética «revolução de veludo» que o nosso «moderado» teria na manga caso tivesse ganho as eleições (ou melhor: agora que ganhou as eleições...).
Há gente surpreendida e atónita com os «tiros» e os «mortos» nas ruas de Teerão. Meus caros: é bom lembrar que o Irão foi e continua a ser uma teocracia repressiva, onde os direitos e as liberdades, tal como as conhecemos a ocidente - e reconhecemos, uns mais que outros, é certo, como ideais -, são regularmente desrespeitadas, nuns casos, e pura e simplesmente inexistentes, noutros. Que haja alguém que se surpreenda com a repressão criminosa das manifestações ou com a violência das próprias manifestações (que não se pense que os manifestantes sejam anjinhos encartados) só redunda em ignorância ou num exercício de benevolência retroactiva relativamente ao regime dos ayatollas. Atrevo-me a repetir: Moussavi pode ser um «moderado», mas se todos conhecessem o seu pensamento político de facto (sobre o nuclear, Israel, os EUA, etc.) e a sua opinião sobre os usos e costumes na sua rica terrinha, estariam por esta altura bem mais cépticos relativamente ao suposto «ponto de viragem» ou, como já vi escrito, à hipotética «revolução de veludo» que o nosso «moderado» teria na manga caso tivesse ganho as eleições (ou melhor: agora que ganhou as eleições...).
1 Comentários:
Mas consegues entender que o que se saúda é a coragem dos milhares que se manifestam contra aquele regime? Que o que se tenta nas constantes referências em blogues e jornais é dar voz a essa gente? Não é se Moussavi é um santo ou se o outro pobre diabo é uma besta. Isso é cinismo, pareces-me bem mais inteligente do que isso. Sei que pouco te importa se é Moussavi ou o Ahmadinejad que seja eleito, porque tu não podes é com aquele país. Por ti fazia-se como dizia o McCain e "bomb bom bomb Iran". Queres é saber do mundo ocidental e de Israel. E tudo bem, é legítimo. Convenhamos é que é um pensamento muito redutor. Ignorar o Irão no panorama político internacional (seja com Ahmadinejad ou o Moussavi) é de idiota (veja-se que avanços imensos foram feitos por Bush).
Mafalda Sousa
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial