Strike or dead
Na fábrica da Opel da Azambuja (marca que me é particularmente querida), o sindicato, o «delegado» ou a «comissão», optaram pela greve. O Sr. Vicente, porta-voz dos justos (os sindicalistas, como se sabe, têm sempre razão e estão sempre do lado dos bons, dos dialogantes, dos explorados, dos pobrezinhos, dos desgraçados, etc.), diz que não aceita os aumentos salariais previstos pela administração. A administração propõe aumentos salariais indexados à inflação, estando na disposição de retroactivamente ressarcir os trabalhadores no final do ano caso a inflação se revele acima do estimado de inicio. O Sr. Vicente diz que não quer discutir «percentagens». Com ele discutem-se «números». O Sr. Vicente só quer ouvir falar em aumentos mínimos de 75 euros mensais, independentemente do valor remuneratório. Ele próprio afirma, e reconhece, que as remunerações dos operários se situam entre os 700 euros e os 1.000 euros mensais. Fazendo as contas, o Sr. Vicente não se importa que, no caso dos trabalhadores que auferem 700 euros mensais, esse acréscimo de 75 euros resulte num aumento percentual de… 10,7%. Enquanto decorre o braço de ferro entre o Sr. Vicente e a administração da Opel-Azambuja (que está fartinha de avisar que o contrato com a GM Europa termina em 2008 sem quaisquer garantias quanto ao futuro), o mundo teima em existir. A Peugeot, a Citröen e a Toyota estão esta semana a inaugurar fábricas na República Checa. O grupo PSA já assentou arraiais na Eslováquia, à imagem da Kia (agora do grupo Hyundai). A Suzuki está a investir na Hungria. O projecto Logan, da Renault (desenvolvido pela subsidiária Dacia) está de vento em popa na Roménia. Feitas as contas, cerca de 24 fábricas de montagem automóvel estão agora implantadas na Europa de Leste e na Europa Central - o que, segundo pesquisa levada a cabo pela J.D. Power-LMC, significa um aumento da produção automóvel no leste europeu de cerca de 24% em cinco anos. Provavelmente, o Sr. Vicente sabe tudo isto. Mas é também provável que, perante isto, o Sr. Vicente e os seus companheiros digam, com muita razão, aliás, que o leste europeu “não nos diz respeito”, que “não se podem misturar alhos com bugalhos” e que “não podemos baixar as calças por causa desses gajos do leste”. Claro que sim. Em 2008 a gente conversa.
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