Freitas
Freitas do Amaral chega a ministro de um governo (neo)socialista. A pasta: Negócios Estrangeiros. Impõem-se dois breves comentários.
O primeiro, sobre o homem. Toda a gente tem direito a mudar de opinião, ideologia, religião, clube de futebol, sexo ou penteado. Cada um pode, e deve, abraçar na vida aquilo que lhe aprouver. Zita Seabra mudou. Pacheco Pereira também. José Magalhães idem. Mário Lino, o novo homem forte da Obras Públicas, aussi. José Castelo Branco vai a caminho de. Esta suposta «traição» de Freitas nem sequer é novidade. Há anos que Freitas do Amaral vem trilhando um caminho aparentemente às avessas daquele a que nos habituou durante largos anos, culminando numa candidatura presidencial que uniu toda a direita à sua volta. Uma candidatura na qual, é bom lembrar, Freitas fez questão de percorrer, sem hesitações e dúvidas doutrinárias, a totalidade da cartilha direitista. Dirão, agora, que Freitas do Amaral esqueceu que foi a esquerda – a «sua» actual esquerda – que o chutou da cadeira de presidente de todos os portugueses. Não esqueceu. Nem deixou de esquecer. Já o escrevi há um mês atrás: a velha máxima “se não os podes vencer junta-te a eles” não é estranha a um homem cujo percurso sempre me pareceu ambíguo, irrazoavelmente calculista e incessantemente sedento de protagonismo. Repito: cada qual é livre de escolher o seu caminho. Mas, em política, há flic-flacs e mortais invertidos que, apesar de exequíveis sem que daí venha mal ao mundo, revelam muito do carácter de quem os pratica. Mais ainda quando o momento da escolha foi precedido de sabujices opinativas em revistas de visão.
O segundo, diz respeito ao cargo. Toda a gente conhece o pendor anti-americano (evito o vocábulo «natureza») de Freitas do Amaral (mitigado, para inglês ver, com a retórica de se tratar da «administração Bush»). Toda a gente conhece as posições de Freitas do Amaral em relação ao conflito israelo-palestiniano (ainda me lembro de o ver numa manifestação contra Israel, falando à boca grande do «massacre» de Jenin). É elementar que Sócrates esclareça qual vai ser posição «geo-estratégica» de Portugal no mundo: que tipo de relações vai Portugal manter com os EUA, que papel defende Portugal para a NATO, qual o nível de adulação e servilismo em relação ao eixo franco-alemão, qual deverá ser o posicionamento da «Europa» face aos EUA (de afrontamento, de cooperação, alternativo, complementar ou um pouco de tudo?), o que preconiza o novo executivo para o médio-oriente (não que isso importe um tostão), qual a estratégia a adoptar no combate ao terrorismo, etc. etc. etc. Para já, com a escolha de Freitas do Amaral para a pasta dos Negócios Estrangeiros, adivinha-se uma viragem de 180º. O Eng. Sócrates que explique. Se fizer favor.
O primeiro, sobre o homem. Toda a gente tem direito a mudar de opinião, ideologia, religião, clube de futebol, sexo ou penteado. Cada um pode, e deve, abraçar na vida aquilo que lhe aprouver. Zita Seabra mudou. Pacheco Pereira também. José Magalhães idem. Mário Lino, o novo homem forte da Obras Públicas, aussi. José Castelo Branco vai a caminho de. Esta suposta «traição» de Freitas nem sequer é novidade. Há anos que Freitas do Amaral vem trilhando um caminho aparentemente às avessas daquele a que nos habituou durante largos anos, culminando numa candidatura presidencial que uniu toda a direita à sua volta. Uma candidatura na qual, é bom lembrar, Freitas fez questão de percorrer, sem hesitações e dúvidas doutrinárias, a totalidade da cartilha direitista. Dirão, agora, que Freitas do Amaral esqueceu que foi a esquerda – a «sua» actual esquerda – que o chutou da cadeira de presidente de todos os portugueses. Não esqueceu. Nem deixou de esquecer. Já o escrevi há um mês atrás: a velha máxima “se não os podes vencer junta-te a eles” não é estranha a um homem cujo percurso sempre me pareceu ambíguo, irrazoavelmente calculista e incessantemente sedento de protagonismo. Repito: cada qual é livre de escolher o seu caminho. Mas, em política, há flic-flacs e mortais invertidos que, apesar de exequíveis sem que daí venha mal ao mundo, revelam muito do carácter de quem os pratica. Mais ainda quando o momento da escolha foi precedido de sabujices opinativas em revistas de visão.
O segundo, diz respeito ao cargo. Toda a gente conhece o pendor anti-americano (evito o vocábulo «natureza») de Freitas do Amaral (mitigado, para inglês ver, com a retórica de se tratar da «administração Bush»). Toda a gente conhece as posições de Freitas do Amaral em relação ao conflito israelo-palestiniano (ainda me lembro de o ver numa manifestação contra Israel, falando à boca grande do «massacre» de Jenin). É elementar que Sócrates esclareça qual vai ser posição «geo-estratégica» de Portugal no mundo: que tipo de relações vai Portugal manter com os EUA, que papel defende Portugal para a NATO, qual o nível de adulação e servilismo em relação ao eixo franco-alemão, qual deverá ser o posicionamento da «Europa» face aos EUA (de afrontamento, de cooperação, alternativo, complementar ou um pouco de tudo?), o que preconiza o novo executivo para o médio-oriente (não que isso importe um tostão), qual a estratégia a adoptar no combate ao terrorismo, etc. etc. etc. Para já, com a escolha de Freitas do Amaral para a pasta dos Negócios Estrangeiros, adivinha-se uma viragem de 180º. O Eng. Sócrates que explique. Se fizer favor.
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