Guterres e Sócrates: farinha do mesmo saco?
As semelhanças são notórias. O discurso de Sócrates – impregnado de «esperança», «confiança», «progresso» e «crescimento» - prestou tributo ao de Guterres. Não foi por acaso que Sócrates tratou de desculpar a praxis Guterrista. O facto de Sócrates nada ter dito e adiantado coisa nenhuma, remete-nos para a boa e (já) velha estratégia neosocialista: 1.º) a busca do contentamento colectivo imediato e assistido (lembrar Galbraith e a Cultura do Contentamento), a pagar, obviamente, por todos); 2.º) a tentativa de aglutinação. Há, contudo, uma diferença: ao contrário de Guterres, Sócrates teve direito ao seu João Baptista. É certo que desculpou, agora, o «pai», mas também pode, se tiver arte e engenho, corrigir os erros fatais do Guterrismo. Não os erros de essência – duvido que Sócrates tenha capacidade para governar straightforward, sem ambiguidades e ziguezagues - mas os erros de cosmética e de gestão de expectativas. Se o conseguir, Sócrates poderá conseguir esticar no tempo o simbolismo da sua anunciada praxis - a do liberalismo «progressista» e «reformista», limado e manietado q.b. para contentamento da plebe que vive da assistência e do emprego do Estadão – sem colocar em causa a cadeira do poder.
Tal como Guterres, Sócrates sabe que o socialismo, nos tempos que correm, não serve para levar ao poder um bom pai de família. Sócrates sabe que os governos morrem ou (sobre)vivem consoante saibam ou não responder aos acontecimentos que alimentam e animam a sociedade mediatizada. Aquilo que Sócrates pretende fazer não será muito diferente daquilo que Guterres tentou fazer: promover a actualização doutrinária da «cidadania» («abrindo» o partido) e do poder, através de exercícios de equilibrismo que permitam conciliar tudo e todos: os interesses corporativos, as bocas famintas dos funcionários públicos, a vulgata dos sindicatos, as contas públicas não escandalosamente descontroladas. Dificilmente deixará de cair na tentação guterrista de agradar a gregos e troianos, com a bendita da teia aglutinadora a servir de rede. Resta apenas saber se o discípulo suplantará o mestre. Desta vez, pelo menos, não terá desculpas. Durante quatro anos.
Tal como Guterres, Sócrates sabe que o socialismo, nos tempos que correm, não serve para levar ao poder um bom pai de família. Sócrates sabe que os governos morrem ou (sobre)vivem consoante saibam ou não responder aos acontecimentos que alimentam e animam a sociedade mediatizada. Aquilo que Sócrates pretende fazer não será muito diferente daquilo que Guterres tentou fazer: promover a actualização doutrinária da «cidadania» («abrindo» o partido) e do poder, através de exercícios de equilibrismo que permitam conciliar tudo e todos: os interesses corporativos, as bocas famintas dos funcionários públicos, a vulgata dos sindicatos, as contas públicas não escandalosamente descontroladas. Dificilmente deixará de cair na tentação guterrista de agradar a gregos e troianos, com a bendita da teia aglutinadora a servir de rede. Resta apenas saber se o discípulo suplantará o mestre. Desta vez, pelo menos, não terá desculpas. Durante quatro anos.
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