Angry old man but nevertheless
Do grande VPV:
E a direita?
Por VASCO PULIDO VALENTE
O que vai acontecer agora à direita? Como vai ela sair do buraco onde Barroso, Portas, Santana e a coligação aplicadamente a meteram? O PP tem futuro? E o PSD? O PP tem um futuro deprimente. Com 12 deputados no parlamento, mesmo que Sócrates se aguente mal, não ganha nada com isso. Deixou de ser um partido anti-regime e não se tornou num partido de governo. Em 2009, não será com certeza o voto de protesto ou o voto "útil" e, sem sequer uma perspectiva de aliança com o PSD, está condenado a ficar indefinidamente à margem. De resto, Portas já gastou o capital ideológico que trouxe consigo. O nacionalismo (no fundo, uma reabilitação da guerra de África) sempre valeu pouco e é hoje uma curiosidade de almanaque. O referendo de Sócrates sobre o aborto tira a questão do campo partidário. E o apelo à pobreza e ao Portugal arcaico pesa pouco contra a realidade do dinheiro que o PS prometeu e tenciona dar. A demissão de Portas não foi o grande gesto que toda a gente por aí gabou. Nem ele, nem Nobre Guedes, nem Pires de Lima querem perder quatro anos em S. Bento, à frente de um PP moribundo e supérfluo.
No PSD, como se esperava, o formigueiro anda agitadíssimo. Há uma candidatura que parece, em princípio, razoável, a de Marques Mendes. Mas também há uma pequena multidão que se atropela para apanhar uma fatia do bolo; ou bolos, se contarmos com a Presidência e as câmaras. Não interessa muito seguir as tortuosidades da coisa. Depois da coligação e de Santana, o PSD precisa principalmente de uma política. Se ninguém a definir e a impuser, a barafunda continua, com o partido a cair de crise em crise e de chefe em chefe. Não chega dizer que o PSD rejeita agora o populismo e volta, como deve, à social-democracia. Esta banalidade e meia mentira não leva a parte alguma. Social-democrata é o PS, social-democrata é a "Europa"; social-democrata é hoje o Estado e o regime. O PSD não pode ser só essa etiqueta vácua. Infelizmente não se vê bem o que ele pode ser. Santana e a coligação desacreditaram a reforma "liberal", que o país pedia (e pede), com uma irresponsabilidade absoluta e uma derrota taxativa. Recuperar desse desastre exige tempo, paciência e paz doméstica, ainda por cima numa altura em que o partido vive obcecado com uma desforra rápida e a hierarquia (como Menezes prova) se dissolveu. O PSD balança entre uma "regeneração" difícil (sobretudo com aquele grupo parlamentar) e uma trapalhada endémica. E, por enquanto, não se percebe o fim da história.
E a direita?
Por VASCO PULIDO VALENTE
O que vai acontecer agora à direita? Como vai ela sair do buraco onde Barroso, Portas, Santana e a coligação aplicadamente a meteram? O PP tem futuro? E o PSD? O PP tem um futuro deprimente. Com 12 deputados no parlamento, mesmo que Sócrates se aguente mal, não ganha nada com isso. Deixou de ser um partido anti-regime e não se tornou num partido de governo. Em 2009, não será com certeza o voto de protesto ou o voto "útil" e, sem sequer uma perspectiva de aliança com o PSD, está condenado a ficar indefinidamente à margem. De resto, Portas já gastou o capital ideológico que trouxe consigo. O nacionalismo (no fundo, uma reabilitação da guerra de África) sempre valeu pouco e é hoje uma curiosidade de almanaque. O referendo de Sócrates sobre o aborto tira a questão do campo partidário. E o apelo à pobreza e ao Portugal arcaico pesa pouco contra a realidade do dinheiro que o PS prometeu e tenciona dar. A demissão de Portas não foi o grande gesto que toda a gente por aí gabou. Nem ele, nem Nobre Guedes, nem Pires de Lima querem perder quatro anos em S. Bento, à frente de um PP moribundo e supérfluo.
No PSD, como se esperava, o formigueiro anda agitadíssimo. Há uma candidatura que parece, em princípio, razoável, a de Marques Mendes. Mas também há uma pequena multidão que se atropela para apanhar uma fatia do bolo; ou bolos, se contarmos com a Presidência e as câmaras. Não interessa muito seguir as tortuosidades da coisa. Depois da coligação e de Santana, o PSD precisa principalmente de uma política. Se ninguém a definir e a impuser, a barafunda continua, com o partido a cair de crise em crise e de chefe em chefe. Não chega dizer que o PSD rejeita agora o populismo e volta, como deve, à social-democracia. Esta banalidade e meia mentira não leva a parte alguma. Social-democrata é o PS, social-democrata é a "Europa"; social-democrata é hoje o Estado e o regime. O PSD não pode ser só essa etiqueta vácua. Infelizmente não se vê bem o que ele pode ser. Santana e a coligação desacreditaram a reforma "liberal", que o país pedia (e pede), com uma irresponsabilidade absoluta e uma derrota taxativa. Recuperar desse desastre exige tempo, paciência e paz doméstica, ainda por cima numa altura em que o partido vive obcecado com uma desforra rápida e a hierarquia (como Menezes prova) se dissolveu. O PSD balança entre uma "regeneração" difícil (sobretudo com aquele grupo parlamentar) e uma trapalhada endémica. E, por enquanto, não se percebe o fim da história.
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