O modelo escandinavo
O modelo escandinavo… Ah, o modelo escandinavo! Havia tanta coisa para dizer sobre o modelo escandinavo… mas agora não tenho tempo. Apelo ao meu poder de síntese e arrisco comentário parco. Então é assim: a forma como, um pouco por todo o lado (blogosfera lusa incluída), se deitam olhares de basbaque à Europa do Norte, revela bem da ignorância que grassa por entre os «especialistas» da paróquia. Longe de mim perturbar um auditório esperançado. Não seria de bom tom fazê-lo. Limito-me a lançar na engrenagem um microscópico grãozinho de areia: o modelo escandinavo – o tal dos impostos altíssimos e do Estado Providência musculado - só resulta em sociedades em que: a) a capacidade de criação autónoma de riqueza (autónoma e independente em relação ao Estado) é a modos que brutal; b) os níveis de produtividade são mais do que suficientes; c) a mobilidade de pessoas em pleno mercado de trabalho é uma constante; d) a evasão fiscal é residual; e) a elevada carga fiscal não belisca nem coloca em causa elevados níveis de rendimento disponível; e) o modelo de desenvolvimento foi aprioristicamente liberal/capitalista e continua a sê-lo; f) a carga burocrática não sufoca o empreendorismo e a vida dos cidadãos; g) não existem tabus e receios em misturar sistemas públicos com sistemas privados. Em países ricos, portanto. Países que se permitiram criar e suportar um Estado Providência forte e prestador de serviços de qualidade, nos quais os níveis de eficiência e eficácia (coisas diferentes, como sabeis) nos fazem corar. O modelo escandinavo de Estado Providência não foi a causa, mas sim a consequência. Não foi pela adopção de um putativo «modelo» de solidariedade e protecção social que aqueles países se tornaram ricos. Por serem ricos ou potencialmente ricos é que puderam abraçar aqueles instrumentos de apoio social. Dito de outra forma: aplicar o modelo escandinavo a Portugal - instrumentalizando, nesse sentido, a política fiscal - seria tão desastroso como começar a construir uma casa pelo telhado.
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