Freitas 2
O Luis saiu em defesa de Freitas. Fez muito bem. A sua tese é a de que não foi tanto Freitas que mudou, mas sim o mundo que se deslocou. Se, no passado, Freitas e a sua Democracia Cristã a muito custo se poderiam encaixar à direita (quanto muito ao centro), agora, seria, de todo, impensável. Logo, calminha no Brasil quando decidirem açoitar o velho e sábio senador.
Sou tentado a concordar com o Luis. Aquilo que sobre o Ministro dos Negócios Estrangeiros escrevi, vai nesse sentido. Noto, contudo, uma contradição no post do Luis. Se Freitas não mudou, para quê falar em «evolução política»? Para quê trazer à colação os exemplos de Durão e Pacheco Pereira? E seriam estes bons exemplos?
Quanto a exemplos, não creio que tenham sido felizes. Dou de barato que qualquer idade é uma boa idade para mudar. Para além, obviamente, de legitima. Mas há percursos e posturas que levantam sérias dúvidas no que toca à sua autenticidade e verticalidade quando analisados à luz de timings e antiguidades. Uma coisa é mudar, e assumir essa mudança, numa idade em que, por definição, as ideias ainda se arrumam, a personalidade e o carácter ainda se forma, numa altura em que a praxis política e a perspectiva do mundo concorrem ainda para desmontar mitos, dissipar dúvidas, confirmar teses, culminando desejavelmente numa estabilização de princípios e ideais políticos. Outra, bem diferente, é mudar, ou assumir a mudança, bastante mais tarde, após muitas sedimentações, causas e convicções ora rebatidas, ora contraditórias.
Apesar do que escrevi, não penso, tal como o Luis, que Freitas tenha mudado por aí além. Não gostaria de confundir um misto de tacticismo, calculismo, ambição e frustração política, com uma eventual, honesta e genuína mudança. Tem razão o Luis quando aponta a Democracia Cristã como uma doutrina híbrida e difusa, um receptáculo de muitas ambivalências. Mas quem revê, hoje, as gravações dos debates televisivos da campanha presidencial em que Freitas do Amaral participou (numa altura em que já não era propriamente um jovem...), não pode deixar de concluir que, pela forma como aquele homem reclamava nitidamente um lugar à direita, das duas uma: ou houve uma mudança radical de pensamento político, ou Freitas do Amaral foi sempre um incompreendido. A minha tese vai no sentido da incompreensão: Freitas nunca me pareceu um homem de grandes convicções e os achaques de ser ressabiado sempre revelaram um homem à beira de um ataque de oportunismo. Atribuir características de camaleão a uma enguia parece-me um erro darwiniano.
PS: Continuo é sem perceber porque razão insiste o Luis em colar à esquerda, como se de uma patente se tratasse, posições «internacionalistas» e posições sacrossantas de «justiça humana». Cf. História.
Sou tentado a concordar com o Luis. Aquilo que sobre o Ministro dos Negócios Estrangeiros escrevi, vai nesse sentido. Noto, contudo, uma contradição no post do Luis. Se Freitas não mudou, para quê falar em «evolução política»? Para quê trazer à colação os exemplos de Durão e Pacheco Pereira? E seriam estes bons exemplos?
Quanto a exemplos, não creio que tenham sido felizes. Dou de barato que qualquer idade é uma boa idade para mudar. Para além, obviamente, de legitima. Mas há percursos e posturas que levantam sérias dúvidas no que toca à sua autenticidade e verticalidade quando analisados à luz de timings e antiguidades. Uma coisa é mudar, e assumir essa mudança, numa idade em que, por definição, as ideias ainda se arrumam, a personalidade e o carácter ainda se forma, numa altura em que a praxis política e a perspectiva do mundo concorrem ainda para desmontar mitos, dissipar dúvidas, confirmar teses, culminando desejavelmente numa estabilização de princípios e ideais políticos. Outra, bem diferente, é mudar, ou assumir a mudança, bastante mais tarde, após muitas sedimentações, causas e convicções ora rebatidas, ora contraditórias.
Apesar do que escrevi, não penso, tal como o Luis, que Freitas tenha mudado por aí além. Não gostaria de confundir um misto de tacticismo, calculismo, ambição e frustração política, com uma eventual, honesta e genuína mudança. Tem razão o Luis quando aponta a Democracia Cristã como uma doutrina híbrida e difusa, um receptáculo de muitas ambivalências. Mas quem revê, hoje, as gravações dos debates televisivos da campanha presidencial em que Freitas do Amaral participou (numa altura em que já não era propriamente um jovem...), não pode deixar de concluir que, pela forma como aquele homem reclamava nitidamente um lugar à direita, das duas uma: ou houve uma mudança radical de pensamento político, ou Freitas do Amaral foi sempre um incompreendido. A minha tese vai no sentido da incompreensão: Freitas nunca me pareceu um homem de grandes convicções e os achaques de ser ressabiado sempre revelaram um homem à beira de um ataque de oportunismo. Atribuir características de camaleão a uma enguia parece-me um erro darwiniano.
PS: Continuo é sem perceber porque razão insiste o Luis em colar à esquerda, como se de uma patente se tratasse, posições «internacionalistas» e posições sacrossantas de «justiça humana». Cf. História.
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