INTERROMPENDO OS “TRABALHOS INERENTES”…
Interrompo, novamente, os trabalhos “inerentes à mudança de poiso” para responder à excelsa blogger Inês.
Anteontem, a doce Inês alinhavou quatro alíneas para um comentário rápido sobre quatro blogues: três elogios e uma farpa. Um 3+1. Calhou-me, na rifa, a farpa. Presumi das palavras da Inês que me terei armado em presunçoso (vulgo «mete nojo») ao elevar à categoria de pecado, ou fraqueza intelectual, o ter-se gostado, um dia, das musiquinhas do George Michael.
Começo por dizer que a observação da Inês surgiu na pior altura: tinha saído, no Público, mais uma crónica do Fernando Iharco (FI). Para quem passou um dia inteirinho em trabalhos forçados "inerentes à mudança de poiso" (na figura de caixas e caixotes na sua grande maioria repletos de bugigangas que, vá Deus Nosso Senhor saber porquê, se guardaram), entremeados com a leitura horizontal, diagonal e vertical da crónica do Fernando Ilharco, convenhamos que é muito. Entendam-me: quem passa um dia inteiro a tentar perceber o que se esconde por detrás de verdades de La Palisse como ”Enquanto isso, na televisão o Iraque transformou-se numa escola de terrorismo e daqui até Novembro, até às eleições presidenciais norte-americanas, muito do que se espera e do que se não espera pode vir a acontecer.”; o que terá pretendido dizer FI com ”Numa tradição como a nossa, assente na diferença entre nós e os outros e entre isto e aquilo, o outro, o outro homem que não eu, é a um tempo o desafio do significado e a ameaça mais final. Numa tradição como a nossa que se construiu sobre os opostos, sobre os muitos dualismos - o pensamento-acção, a mente-corpo, a matéria-forma, os dados-informação, etc. -, todos eles catapultados pelo "penso, logo existo" de Descartes, não é de estranhar que meio mundo e outro tanto se sinta confuso ao experimentar um tempo, este Verão de 2004, que não é de guerra nem é de paz.”; por que razão FI ainda está na fase do ” Mais do que o despenhar dos aviões, a queda das torres gémeas no coração de Manhattan nunca vai poder ser explicada ou compreendida.”; por que razão insiste FI em fazer-se passar por Jack D. Ripper, ao ponto de escrever ”As coisas, em si mesmas, são o significado que tem no caudal imenso de tudo o que flui no presente, no passado e no futuro. Esse caudal é hoje a ordem global da informação, uma rede imensa de histórias e de eventos, assente numa dúzia de nós: a CNN, uma mão de impérios dos media globais, a finança e as Bolsas mundiais, as redes de telecomunicações, a Microsoft e os centros políticos do planeta, Washington, Londres, Nova Iorque, Pequim, de vez em quando, e pouco mais.” (repararam no “de vez um quando”?)” ou, já a caminho do jackpot, “Nos jornais, nas rádios e na televisão, onde as noticias se misturam com a análise, os comentadores queixam-se: como fazer face, como dar um sentido ao imenso e constante caudal de informação gerado pela máquina planetária dos media?”; por que razão FI atribui «estranheza» à guerra (”Esta guerra que corre, a do terrorismo global, não é a primeira guerra estranha. Estranhas são todas as guerras, e são-no de duas formas diversas. A mais estranha dessas formas, impossível de aceitar pelo projecto da dignidade humana e do amor, da eternidade e da nossa união atemporal com Deus, é aquilo que é comum a todas as guerras: a legitimação da violência, o ceifar das vidas, a destruição num instante do que demorou vidas ou séculos a erguer”) e emudece relativamente à estranheza da «banalização» do terror e da morte levada à cena, diariamente, pelos mais diversos ditadores, milícias e grupos armados; quem passa, dizia, o dia em tão frenética actividade mental e física, a mais singela e inócua pergunta (“algum problema nisto, MacGuffin?”) acaba necessariamente elevada à categoria de uppercut com direito a projecção de pivot.
Afirmou a Inês que ”em tempos, deliciei-me com o Georgios Kyriacos Panayiotou” (o. m. q. George Michael), para, logo de seguida (e aí vem o punch) me perguntar: ”algum problema nisto, MacGuffin?”. Nenhum, cara Inês. Nenhum. Desde logo porque o “em tempos” é uma fortíssima atenuante. Depois, porque eu próprio carrego inúmeros esqueletos no meu guarda-fato. Basta lembrar, naquela que é uma confissão inédita neste espaço, que também "em tempos" me deliciei com a Kim Wilde. Por último, é tão problemático ter gostado "em tempos" do George Michael como ter sido acometido, enquanto teenager, por um surto de acne.
Agora, se me dão licença, volto aos “trabalhos inerentes…”.
Interrompo, novamente, os trabalhos “inerentes à mudança de poiso” para responder à excelsa blogger Inês.
Anteontem, a doce Inês alinhavou quatro alíneas para um comentário rápido sobre quatro blogues: três elogios e uma farpa. Um 3+1. Calhou-me, na rifa, a farpa. Presumi das palavras da Inês que me terei armado em presunçoso (vulgo «mete nojo») ao elevar à categoria de pecado, ou fraqueza intelectual, o ter-se gostado, um dia, das musiquinhas do George Michael.
Começo por dizer que a observação da Inês surgiu na pior altura: tinha saído, no Público, mais uma crónica do Fernando Iharco (FI). Para quem passou um dia inteirinho em trabalhos forçados "inerentes à mudança de poiso" (na figura de caixas e caixotes na sua grande maioria repletos de bugigangas que, vá Deus Nosso Senhor saber porquê, se guardaram), entremeados com a leitura horizontal, diagonal e vertical da crónica do Fernando Ilharco, convenhamos que é muito. Entendam-me: quem passa um dia inteiro a tentar perceber o que se esconde por detrás de verdades de La Palisse como ”Enquanto isso, na televisão o Iraque transformou-se numa escola de terrorismo e daqui até Novembro, até às eleições presidenciais norte-americanas, muito do que se espera e do que se não espera pode vir a acontecer.”; o que terá pretendido dizer FI com ”Numa tradição como a nossa, assente na diferença entre nós e os outros e entre isto e aquilo, o outro, o outro homem que não eu, é a um tempo o desafio do significado e a ameaça mais final. Numa tradição como a nossa que se construiu sobre os opostos, sobre os muitos dualismos - o pensamento-acção, a mente-corpo, a matéria-forma, os dados-informação, etc. -, todos eles catapultados pelo "penso, logo existo" de Descartes, não é de estranhar que meio mundo e outro tanto se sinta confuso ao experimentar um tempo, este Verão de 2004, que não é de guerra nem é de paz.”; por que razão FI ainda está na fase do ” Mais do que o despenhar dos aviões, a queda das torres gémeas no coração de Manhattan nunca vai poder ser explicada ou compreendida.”; por que razão insiste FI em fazer-se passar por Jack D. Ripper, ao ponto de escrever ”As coisas, em si mesmas, são o significado que tem no caudal imenso de tudo o que flui no presente, no passado e no futuro. Esse caudal é hoje a ordem global da informação, uma rede imensa de histórias e de eventos, assente numa dúzia de nós: a CNN, uma mão de impérios dos media globais, a finança e as Bolsas mundiais, as redes de telecomunicações, a Microsoft e os centros políticos do planeta, Washington, Londres, Nova Iorque, Pequim, de vez em quando, e pouco mais.” (repararam no “de vez um quando”?)” ou, já a caminho do jackpot, “Nos jornais, nas rádios e na televisão, onde as noticias se misturam com a análise, os comentadores queixam-se: como fazer face, como dar um sentido ao imenso e constante caudal de informação gerado pela máquina planetária dos media?”; por que razão FI atribui «estranheza» à guerra (”Esta guerra que corre, a do terrorismo global, não é a primeira guerra estranha. Estranhas são todas as guerras, e são-no de duas formas diversas. A mais estranha dessas formas, impossível de aceitar pelo projecto da dignidade humana e do amor, da eternidade e da nossa união atemporal com Deus, é aquilo que é comum a todas as guerras: a legitimação da violência, o ceifar das vidas, a destruição num instante do que demorou vidas ou séculos a erguer”) e emudece relativamente à estranheza da «banalização» do terror e da morte levada à cena, diariamente, pelos mais diversos ditadores, milícias e grupos armados; quem passa, dizia, o dia em tão frenética actividade mental e física, a mais singela e inócua pergunta (“algum problema nisto, MacGuffin?”) acaba necessariamente elevada à categoria de uppercut com direito a projecção de pivot.
Afirmou a Inês que ”em tempos, deliciei-me com o Georgios Kyriacos Panayiotou” (o. m. q. George Michael), para, logo de seguida (e aí vem o punch) me perguntar: ”algum problema nisto, MacGuffin?”. Nenhum, cara Inês. Nenhum. Desde logo porque o “em tempos” é uma fortíssima atenuante. Depois, porque eu próprio carrego inúmeros esqueletos no meu guarda-fato. Basta lembrar, naquela que é uma confissão inédita neste espaço, que também "em tempos" me deliciei com a Kim Wilde. Por último, é tão problemático ter gostado "em tempos" do George Michael como ter sido acometido, enquanto teenager, por um surto de acne.
Agora, se me dão licença, volto aos “trabalhos inerentes…”.
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