AINDA SARAMAGO
A propósito de duas missivas de dois leitores:
1. O meu post sobre Saramago (“O Retrato de um anti-democrata”) não tem que ver com o livro Ensaio Sobre a Lucidez. Não li o livro, nem o pretendo fazer. O estilo Saramago não é a minha cup of tea. E seria hipócrita da minha parte não o dizer com receio que entendessem esse «gosto» como uma manifestação de preconceito político. Repito: sobre o livro, nada tenho a dizer. Já sobre o aparato e o circo que rodearam o lançamento do livro, e as opiniões de Saramago sobre a sociedade portuguesa, o país e o mundo, julgo ter direito a dar a minha opinião;
2. O voto em branco e o abstencionismo não me fazem qualquer tipo de confusão. Eu próprio já votei em branco e tenho sido um abstencionista militante. Cada um é livre de votar onde quiser, ou simplesmente de não votar (e não votar é, também, “exercer a cidadania”). Não foi isto que esteve em causa. O que está e esteve em causa, é coisa bem diferente: por um lado, o exercício de instigação, por parte de Saramago, ao voto em branco - pretensão e tentativa que, em público, considero de uma arrogância a toda a prova. Por outro lado, o aproveitamento que Saramago faz do acto comercial de lançamento de um livro seu, aliando-lhe a questão do voto em branco para pôr em causa a democracia tout court, como se ela não funcionasse satisfatória e plenamente ou a ela se pudessem assacar todo o tipo de responsabilidades, inclusivamente aquelas que não são da sua lavra. Dado o seu passado e as suas opções políticas, Saramago não tem autoridade moral para falar sobre a democracia. Não só porque não a percebe como tem imensa dificuldade em aceitar que o povo, livremente, em consciência, pode votar em forças políticas que Saramago deplora. No fundo, o que ele queria era o regresso ao velho sonho: um grupo de iluminados, notáveis e sábios que decidisse o que seria bom para o povinho. Ou seja, o caminho para a subversão e radicalização do conceito de 'liberdade positiva' que Isaiah Berlin tão bem explicou.
A propósito de duas missivas de dois leitores:
1. O meu post sobre Saramago (“O Retrato de um anti-democrata”) não tem que ver com o livro Ensaio Sobre a Lucidez. Não li o livro, nem o pretendo fazer. O estilo Saramago não é a minha cup of tea. E seria hipócrita da minha parte não o dizer com receio que entendessem esse «gosto» como uma manifestação de preconceito político. Repito: sobre o livro, nada tenho a dizer. Já sobre o aparato e o circo que rodearam o lançamento do livro, e as opiniões de Saramago sobre a sociedade portuguesa, o país e o mundo, julgo ter direito a dar a minha opinião;
2. O voto em branco e o abstencionismo não me fazem qualquer tipo de confusão. Eu próprio já votei em branco e tenho sido um abstencionista militante. Cada um é livre de votar onde quiser, ou simplesmente de não votar (e não votar é, também, “exercer a cidadania”). Não foi isto que esteve em causa. O que está e esteve em causa, é coisa bem diferente: por um lado, o exercício de instigação, por parte de Saramago, ao voto em branco - pretensão e tentativa que, em público, considero de uma arrogância a toda a prova. Por outro lado, o aproveitamento que Saramago faz do acto comercial de lançamento de um livro seu, aliando-lhe a questão do voto em branco para pôr em causa a democracia tout court, como se ela não funcionasse satisfatória e plenamente ou a ela se pudessem assacar todo o tipo de responsabilidades, inclusivamente aquelas que não são da sua lavra. Dado o seu passado e as suas opções políticas, Saramago não tem autoridade moral para falar sobre a democracia. Não só porque não a percebe como tem imensa dificuldade em aceitar que o povo, livremente, em consciência, pode votar em forças políticas que Saramago deplora. No fundo, o que ele queria era o regresso ao velho sonho: um grupo de iluminados, notáveis e sábios que decidisse o que seria bom para o povinho. Ou seja, o caminho para a subversão e radicalização do conceito de 'liberdade positiva' que Isaiah Berlin tão bem explicou.
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