A MÚSICA PORTUGUESA
Li algures na imprensa indígena que tinha sido criada uma associação, clube ou grupo de pressão, com o nobre intuito de defender a musica portuguesa. Ao que parece, a música portuguesa é muito mal tratada nas rádios e nas têvês. Ninguém liga peva aos «artistas» portugueses e o espaço que supostamente lhes pertencia por direito é, hoje em dia, ocupada por toda uma corja de infiéis.
E, perguntam vocês, quem é que está à frente desta colectividade, que putativamente tentará restabelecer a ordem e a justiça na paróquia? O Sr. João Gil, por exemplo. Este rapaz, cuja único facto relevante da sua existência é ser namorada da Catarina Furtado (para além de ter sido a alma mater dos Trovante e de um grupo que tem como vocalista dois dentes ralos que insistem em cantar em falsete), acredita piamente que as «quotas» fazem sentido. A tese não é peregrina: obrigar as rádios a passar, numa percentagem que pode variar entre os 50% e os 70%, música portuguesa. Existe, até, legislação nesse sentido só que, como diz o Sr. Gil, com uma lágrima no canto do olho, ninguém a cumpre. Portanto há que, compulsiva e coercivamente, injectar música portuguesa nos meios de divulgação, obrigando os DJ nacionais a colocar no éter música cantada na língua de Camões.
Contudo, temo que a tarefa do Sr. João Gil e Co. seja complicada. O leque é imenso e a escolha penosa. As perguntas muitas e as respostas vagas. Que música portuguesa deve ser defendida? Toda? E a Pimba? E a que não é Pimba mas para lá caminha? Que grupos ou músicos serão alvo da asa protectora do Sr. Gil? O albergue será espanhol? A Ruth Marlene, o Jorge Palma, o Rui Veloso e o Camané, todos juntos no mesmo caldeirão? Para o Sr. Gil o Toy e o Rui Reininho pertencerão ao mesmo grupo de song-writers? Quem define os critérios? Serão critérios qualitativos, meramente quantitativos, ou uma mistura dos dois? E, neste caso, qual a ponderação aplicada a cada um? E os grupos portugueses que cantam em inglês: serão eles alvo da defesa intrépida do cavaleiro Gil?
Entendamo-nos. Se me disserem que a maioria das rádios passa lixo estrangeiro, eu aceito. Se me disserem, calma e serenamente, que em vez da Jennifer Lopez ou da Britney Spears se deveria passar GNR, Bullet ou Belle Chase Hotel, tudo bem. Concordo. (Ah! Mas os BCH cantam em inglês, não é?) Se me disserem que as playlists da Comercial ou da RFM estão impregnadas de um Rock FM enjoativo e de uma Pop acéfala, assino por baixo.
Mas...e os critérios? Será que vale a pena inundar as rádios e as têvês com música portuguesa de qualidade duvidosa, só para cumprir a função? Dito de outra forma: deverá o lixo mudar, só porque é português?
Finalmente, o problema da dimensão. Por cada grupo de «qualidade» português, existem vinte estrangeiros. E a proporção é a mesma quando a questão é a falta de.
Se o Sr. Gil não fosse um tonto e um ingénuo, ele estaria empenhada em discutir, abertamente, a «educação» musical dos nossos DJ, para que passassem música de qualidade. Fosse ela portuguesa ou estrangeira. Essa é que é a questão. Porque se a educação e o gosto dos nossos radialistas fossem mais sólidos e refinados, a coisa funcionaria bem melhor, mesmo com as pressões que as editoras exercem. Mas não será também o público a exercer essa pressão? Se a Sahra O’Connor vende muitíssimo, não haverá a tentação, ou a tendência, para passar a música da menina? Ou seja, o problema não passará, também, pela educação do público?
Eu, pela minha parte, afirmo desde já: entre a Britney Spears e os projectos do Sr. Gil, a minha alma não vacilará nem um segundo. Escolherei sempre o botão do «Off».
Li algures na imprensa indígena que tinha sido criada uma associação, clube ou grupo de pressão, com o nobre intuito de defender a musica portuguesa. Ao que parece, a música portuguesa é muito mal tratada nas rádios e nas têvês. Ninguém liga peva aos «artistas» portugueses e o espaço que supostamente lhes pertencia por direito é, hoje em dia, ocupada por toda uma corja de infiéis.
E, perguntam vocês, quem é que está à frente desta colectividade, que putativamente tentará restabelecer a ordem e a justiça na paróquia? O Sr. João Gil, por exemplo. Este rapaz, cuja único facto relevante da sua existência é ser namorada da Catarina Furtado (para além de ter sido a alma mater dos Trovante e de um grupo que tem como vocalista dois dentes ralos que insistem em cantar em falsete), acredita piamente que as «quotas» fazem sentido. A tese não é peregrina: obrigar as rádios a passar, numa percentagem que pode variar entre os 50% e os 70%, música portuguesa. Existe, até, legislação nesse sentido só que, como diz o Sr. Gil, com uma lágrima no canto do olho, ninguém a cumpre. Portanto há que, compulsiva e coercivamente, injectar música portuguesa nos meios de divulgação, obrigando os DJ nacionais a colocar no éter música cantada na língua de Camões.
Contudo, temo que a tarefa do Sr. João Gil e Co. seja complicada. O leque é imenso e a escolha penosa. As perguntas muitas e as respostas vagas. Que música portuguesa deve ser defendida? Toda? E a Pimba? E a que não é Pimba mas para lá caminha? Que grupos ou músicos serão alvo da asa protectora do Sr. Gil? O albergue será espanhol? A Ruth Marlene, o Jorge Palma, o Rui Veloso e o Camané, todos juntos no mesmo caldeirão? Para o Sr. Gil o Toy e o Rui Reininho pertencerão ao mesmo grupo de song-writers? Quem define os critérios? Serão critérios qualitativos, meramente quantitativos, ou uma mistura dos dois? E, neste caso, qual a ponderação aplicada a cada um? E os grupos portugueses que cantam em inglês: serão eles alvo da defesa intrépida do cavaleiro Gil?
Entendamo-nos. Se me disserem que a maioria das rádios passa lixo estrangeiro, eu aceito. Se me disserem, calma e serenamente, que em vez da Jennifer Lopez ou da Britney Spears se deveria passar GNR, Bullet ou Belle Chase Hotel, tudo bem. Concordo. (Ah! Mas os BCH cantam em inglês, não é?) Se me disserem que as playlists da Comercial ou da RFM estão impregnadas de um Rock FM enjoativo e de uma Pop acéfala, assino por baixo.
Mas...e os critérios? Será que vale a pena inundar as rádios e as têvês com música portuguesa de qualidade duvidosa, só para cumprir a função? Dito de outra forma: deverá o lixo mudar, só porque é português?
Finalmente, o problema da dimensão. Por cada grupo de «qualidade» português, existem vinte estrangeiros. E a proporção é a mesma quando a questão é a falta de.
Se o Sr. Gil não fosse um tonto e um ingénuo, ele estaria empenhada em discutir, abertamente, a «educação» musical dos nossos DJ, para que passassem música de qualidade. Fosse ela portuguesa ou estrangeira. Essa é que é a questão. Porque se a educação e o gosto dos nossos radialistas fossem mais sólidos e refinados, a coisa funcionaria bem melhor, mesmo com as pressões que as editoras exercem. Mas não será também o público a exercer essa pressão? Se a Sahra O’Connor vende muitíssimo, não haverá a tentação, ou a tendência, para passar a música da menina? Ou seja, o problema não passará, também, pela educação do público?
Eu, pela minha parte, afirmo desde já: entre a Britney Spears e os projectos do Sr. Gil, a minha alma não vacilará nem um segundo. Escolherei sempre o botão do «Off».
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