“Limpem-me as matas, f*****!”
Uma coisa que me suscita sempre um misto de emoção e gozo impudico é a história da «limpeza das matas». Vieram os incêndios? A culpa é (também) das «matas». Há dias, num café nas imediações de Évora (o pormenor das «imediações» é importante), enquanto passavam as notícias sobre «o estado dos incêndios», um frequentador daquela superfície comercial gritou, quase desprendendo o pulmão direito e perturbando seriamente o diafragma até à ingestão do bagaço (que repôs os níveis de testosterona e adrenalina para um patamar capaz de serenar as miudezas), “limpem-me as matas, f*****!” (o Maradona teria escrito «foda-se!», a mim falta-me a coragem).
Parte-se do tocante princípio de que há gente disponível para limpar as «matas» ou da pérfida suposição de que, a haver gente a viver junto às «matas», não está interessada em «limpá-las» (palavra imprópria já que, em linguagem corrente, e por força de usos e costumes, «limpar» passou a sinónimo de «roubar»). A sério?
Não, a sério. O traço mais profundo e indelével do Portugal democrático está relacionado com a alteração de forças dos sectores da economia: o primário foi praticamente pulverizado. O resultado prático desta mudança, está à vista: o abandono dos terrenos agrícolas e a desertificação dos campos, onde se localizam as benditas matas, bosques e florestas, que ardem, no Verão, que nem matas, bosques e florestas.
O problema – sempre um problema – é que não há gente disponível para limpar as matas (e bem pode o Dr. António Serrano exaltar as nacionalizações), porque não há gente interessada na limpeza das matas, porque, pura e simplesmente, há cada vez menos gente a viver do e no campo. Convenhamos que viver do e no campo, dá imenso trabalho. À excepção de uns bravos ou parvos, a quem o inebriante bafo das cidades ainda não tocou, a malta quer condições de trabalho decentes e um clima social que as mime e conforte. No campo, manter o blogue é difícil (a net não chega nas melhores condições), o calor é insuportável, há bichos que picam e plantas que irritam a pele, e desconhece-se o paradeiro dos que estariam interessados em ver o BMW, a malinha Louis Vuitton ou os Tod’s (a única vantagem assenta na total incapacidade da eventual vizinhança em destrinçar o original do contrafeito).
Parte-se do tocante princípio de que há gente disponível para limpar as «matas» ou da pérfida suposição de que, a haver gente a viver junto às «matas», não está interessada em «limpá-las» (palavra imprópria já que, em linguagem corrente, e por força de usos e costumes, «limpar» passou a sinónimo de «roubar»). A sério?
Não, a sério. O traço mais profundo e indelével do Portugal democrático está relacionado com a alteração de forças dos sectores da economia: o primário foi praticamente pulverizado. O resultado prático desta mudança, está à vista: o abandono dos terrenos agrícolas e a desertificação dos campos, onde se localizam as benditas matas, bosques e florestas, que ardem, no Verão, que nem matas, bosques e florestas.
O problema – sempre um problema – é que não há gente disponível para limpar as matas (e bem pode o Dr. António Serrano exaltar as nacionalizações), porque não há gente interessada na limpeza das matas, porque, pura e simplesmente, há cada vez menos gente a viver do e no campo. Convenhamos que viver do e no campo, dá imenso trabalho. À excepção de uns bravos ou parvos, a quem o inebriante bafo das cidades ainda não tocou, a malta quer condições de trabalho decentes e um clima social que as mime e conforte. No campo, manter o blogue é difícil (a net não chega nas melhores condições), o calor é insuportável, há bichos que picam e plantas que irritam a pele, e desconhece-se o paradeiro dos que estariam interessados em ver o BMW, a malinha Louis Vuitton ou os Tod’s (a única vantagem assenta na total incapacidade da eventual vizinhança em destrinçar o original do contrafeito).
4 Comentários:
Como é óbvio, haverá gente que limpe as matas a partir do momento em que se lhe pague. E é o que inevitavelmente vamos ter que fazer se não quisermos que esta merda arda toda até à última palha. E isto porque repovoar o interior é tarefa bem mais custosa. É assim simples.
Pode escrever calão à vontade.
Vindo de si, fica bem, é apropriado e recomenda-se.
Mas de mais ninguém.
O berço é o berço, é o berço, é o berço..
:)
Totalmente de acordo.
O que são Tod's?
...'jaa', mesmo sabendo que a sua ironia refinada está (sempre) presente, cá vai:
http://www.tods.com/
enjoy... :)
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