R.I.P.
Sem querer perturbar as sérias e profundas elucubrações sobre o destino político do poeta Alegre, devo dizer que o desfecho não era previsível: era óbvio. Quem ainda pensou o contrário – novo partido, desvinculação do e oposição ao PS – ou estava distraído ou não percebe patavina do que é a política à portuguesa e do que são «necessidades». Entendamo-nos: Manuel Alegre, dentro do PS, vale o que vale (pouco). Sem o PS, não vale nada. As deambulações alegristas por entre fóruns e tertúlias da esquerda órfã, não passaram de fait divers para consumo de algumas consciências (incluindo a do próprio). E o próprio Alegre não terá nunca perdido de vista o facto do MIC ser pouco mais do que um movimento pífio de «simpatizantes» com direito a site, cujo único acto visível em 2009 foi o de patrocinar umas petições online. Quanto a Sócrates, fez o que tinha a fazer para quem não se pode dar ao luxo de perder alguns votos da ala «esquerdista» (militante ou não): calou-o, provavelmente prometendo-lhe apoio (pecuniário, material e político) numa hipotética corrida a Belém. O resultado foi, repito, o que mais convinha a Sócrates. O poeta rebelde sossegou, o político Manuel Alegre morreu. Há uma certa esquerda que jamais lhe perdoará.
0 Comentários:
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial